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Carl Bernstein, como se sabe, é o super-repórter que ficou famoso no mundo inteiro ao publicar no jornal Washington Post, em parceria com Bob Woodward, as reportagens investigativas que, em última instância, provocaram a renúncia do presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon.
Não é exagero dizer que ele entrou para a História.
Quem acredita que o papel do Jornalismo é ficar a serviço de idéias preconcebidas deve ver a entrevista que o locutor-que-vos-fala fez com o super-repórter: lá, com todas as letras, Bernstein diz que os jornalistas devem reaprender a ouvir. Porque se tornaram maus ouvintes. Se tivesse da dar um conselho a um jovem jornalista, ele diria :"Seja um bom, ouvinte!".
Em outras palavras: jornalistas "engajados" querem que os entrevistados apenas confirmem o que eles, jornalistas, pensam. Lástima. Bernstein diz que, frequentemente, as coisas que ele descobre ao longo de uma apuração são diferentes do que ele esperava.
O repórter do Escândalo de Watergate dá um exemplo pessoal: é óbvio que ele não concordava com um milímetro do que o governo Nixon fazia. Mas os melhores informantes que ele obteve durante o Escândalo de Watergate eram republicanos diretamente ligados ao presidente. Era gente que, no fim das contas, ele poderia até ver com certo desprezo, mas a quem ele ouvia com todo interesse. É assim que se faz Jornalismo de verdade.
O papel do Jornalismo não é, jamais, o de querer dizer como o leitor deve se comportar. A única função do Jornalismo, diz o super-repórter, é o de apresentar a melhor versão que se possa obter da verdade. Ponto final.
A entrevista com Carl Bernstein vai ser reprisada na Globonews, dentro da série Dossiê História, nesta segunda-feira, às onze e meia da manhã e às cinco e meia da tarde. Passa de novo no próximo sábado, às quatro e meia da tarde - e no domingo,às nove e cinco da manhã.
O que ele diz sobre Jornalismo merecer ser ouvido.
21 de outubro de 2007
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