17 de agosto de 2007

FLANELINHA

.
— Pronto. Deixa solto. Quatro estrofes de Drummond, chefia.
— Como é que é?
— Pra parar o carro aqui, quatro estrofes.
— Tá louco, ô, moleque? Semana passada, eu parei nesse mesmo lugar e só tive que recitar cinco versos de Bandeira!
— O preço é tabelado, chefia. A gente temos sindicato e tudo. Se fizero esse preço pro senhor, esse sujeito deve de ser denunciado. Tá vilipendiando a arte.
— Três estrofes e não se fala mais nisso, ok?
— De João Cabral?
— Peraí, não era de Drummond?
— Quatro de Drummond, três de João Cabral. Sabe como é, o homem concorreu ao Nobel…
.
(Mais, aqui: http://culturando.com//?page_id=61)

EM NOME DA LEI E DA ORDEM GRAMATICAL

.
— Mas a gente é apenas namorados, seu guarda! Não fizemos nada!
— Namorados?
— É!
— Não, sua burra, “namorada”. “A gente é namorada”. “Gente” é substantivo feminino e concorda no singular! Passa já pro camburão!
.
(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/08/polcia-gramatical-numa-confeitaria.html)

O sangue de Jesus tem poder?

Abriram-se as apostas quanto ao dia-a-dia da dupla Renascer nos xilindrós daquela terra pantanosa chamada Flórida.

Será a bispa capaz de converter female inmates ou serão as female inmates capazes de converter a bispa?

Uma imagem vale mil imagens - I





@

Uma imagem vale mil imagens - II


Carnaval do terceiro mandato - 1975

Enredo 'Grande decênio' - Beija-Flor - Bira e Quininho

É de novo carnaval
Para o samba este é o maior prêmio
E o Beija-Flor vem exaltar
Com galhardia o grande decênio
Do nosso Brasil que segue avante
Pelo Céu, mar e terra

Nas asas do progresso constante
Onde tanta riqueza se encerra

Lembrando PIS e PASEP
E também o FUNRURAL
Que ampara o homem do campo
Com segurança total

O comércio e a indústria
Fortalecem nosso capital
Que no setor da economia
Alcançou projeção mundial

(E lembraremos)

Lembraremos também
O MOBRAL, sua função
Que para tantos brasileiros
Abriu as portas da educação

(É de novo...)

A ARTE DO COICE

.
— É que ontem o vizinho tava precisando de um umbigo sobressalente e, pra ser gentil, eu acabei emprestando o meu. Em troca, ele me deixou a cova de queixo dele. Foi isso. Tá explicado.
— Eu tô falando sério. Mesmo. Não me lembro dessa cova no teu queixo. Pelo menos, não assim.
— É, não sei. Talvez seja uma cova perdida. Ou órfã. Outro dia até vi uma campanha tocante na TV sobre a adoção de covas de queixo. Cê sabe que a maioria das pessoas só aceita adotar uma cova cônica ou cúbica, sem estrias, e deixam as covas irregulares e enrugadas para trás? Um absurdo!
.
(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/08/cova.html)

METÁFORAS POLICIAIS EM TEMPOS DE CORRUPÇÃO

.
— Acabou, Batata, lá se foi minha inspiração... Também, meu irmão, é muita corrupção, porra, todo o dia são bem dez operações, quem é que vai dar conta disso? Tô sobrecarregado, tô estressado... Eu...
— Não chora, Bigode. Quem sabe a gente adia a operação por uns dois ou três dias, hein? Isso mesmo. A gente fica esperando, pra que a pressa? Tudo em nome da arte.
— Não! Isso, não! Espera... Espera lá... Que... tal... Que tal Ma...
— Sim?
— Ma... ma...
— Ma... ma?
— Mama África! “Operação Mama África”, que tal? Hein? Hein?
—A gente por acaso vai prender o Chico César, Bigode?
— Não, pô! Olha a licença poética, Batata! Se liga na metáfora, mermão.
.
(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/06/crise-criativa-na-sede-da-pf.html)

Nada como ter fé


Aos documentófilos que ora acessam o SDT:


A graça do paraíso alcançado pelos Hernandes está aqui.


Um dia sem Senado

A maior reviravolta que o senador Renão Calheiros pode sofrer, caso tenha culpa no cartório, não é apenar deixar de presidir o Senado. Tampouco deixar o Legislativo.

A maior reviravolta é:

*viajar pela operosa TAM, overbooking e tudo, agora que perdeu o jatinho amigo do usineiro João Lyra do Delírio;

*acordar na fazenda com os galos cantando;

*passar no glamuroso frigorífico Mafrial pra tomar um café de desjejum e ver como estão os negócios;

*tentar falar com a operadora telefônica porque as linhas da aprazível Murici emperraram; consertadas as linhas, ver o tempo passar no alpendre, ainda assim sem receber telefonemas e tampouco telefonar.

*levar para almoçar Adriana Braga Cavalcanti Montenegro Duarte, a qual, por pobre, apresentara à Receita Federal declaração de isenta, diz Josias de Souza, mesmo tendo sido listada pelo auspicioso senador como compradora de seu gado;

*cochilar no alpendre;

*levar para jantar Cristiano Alberto Santos Duarte, outro pobre, que, diz Josias, também se apresentara à Receita como isento de Imposto de Renda e também foi listado como comprador de seu gado;

*buscar, sem sucesso, saber qual a manchete prevista pelos jornais da agora fervilhante Alagoas;

*tarde da noite, esperar a sra. Calheiros dormir para, sorrateiramente, enviar email para a jornalista Mônica Veloso, de modo a obter informações sobre a filha mais importante desde os tempos de Lurian.

QUANDO COMEÇAM A FALTAR NOMES NA POLÍCIA FEDERAL

.
— Vamo lá, pô, é só pensar um pouquinho. Reage!
— Que tal...
— Olha aí, tá saindo...
— Onomatopéia!
— Ahn?
— Isso mesmo, “Operação Onomatopéia”! Bonito e...
— Porra, Bigode, a operação é pra prender bicheiro e não professor de português, cacete!
.
(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/06/crise-criativa-na-sede-da-pf.html)

EVOLUÇÃO ANATÔMICA

.
— Estranho... Ela era mesmo exatamente assim?
— Não, não. Como toda cova de queixo, ela iniciou a carreira como um simples poro. Com o tempo, ascendeu a cravo e, subindo na hierarquia dos orifícios, após árduo trabalho, chegou a cova de bochecha e, finalmente, a cova de queixo. Mas o sonho dela é mesmo chegar a ser um c...
— Epa, olha os modos!
.
(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/08/cova.html)

PRÊMIO PARA MELHOR FICÇÃO DO ANO

É boi, é amante, é empreiteira, é rádio, é TV, é laranja. Os críticos literários bem que poderiam fazer justiça ao presidente do Senado: ao explicar tanta maracutaia, ninguém este ano fez ficção melhor do que ele.

PAUSA PARA ANÚNCIO EM CAUSA PRÓPRIA : "DOSSIÊ DRUMMOND" ACABA DE CHEGAR ÀS LIVRARIAS

.
Quem é o ombudsman dessa joça ? Quem foi que jogou fora o manual de redação do Sopa de Tamanco ? É ou não é proibido fazer propaganda em causa própria ? Enquanto o Comitê Central discute esta dúvida devastadora, anuncio aos tamanqueiros habituais ou
acidentais : acaba de chegar às livrarias uma edição "revista e ampliada" do "Dossiê Drummond". Traz a íntegra da última grande entrevista de Carlos Drummond de Andrade, além de depoimentos de quarenta e cinco personalidades sobre ele. Há flores e pedras.
Drummond reclama de uma "herança nociva" do modernismo: todo mundo achou que poderia ser poeta. As musas lamentam informar, mas não pode. Revela por que não era fã de Nélson Rodrigues.

A acidentada (e traumática) participação de Drummond na política é um dos destaques nos depoimentos. Em resumo :confirma-se que a poesia e a política, como diz o personagem de Terra em Transe, são demais para um homem só.

Frases de Drummond na última entrevista:

.”Não tenho a menor pretensão de ser eterno.Pelo contrário : tenho a impressão de que daqui a vinte anos – e eu já estarei no cemitério São João Batista – ninguém vai falar de mim,graças a Deus.O que eu quero é paz”.

.”Não fiz nada organizado.Não tive um projeto de vida literária.As coisas foram acontecendo ao sabor da inspiração e do acaso.Não houve nenhuma programação.Por outro lado,não tendo tido nenhuma ambição literária,fui poeta pelo desejo e pela necessidade de exprimir sensações e emoções que me perturbavam o espírito e me causavam angústia.Fiz da minha poesia um sofá de analista.É esta a minha definição do meu fazer poético”.

.”A popularidade nada tem a ver com a poesia.A popularidade pode acontecer.Mas um grande poeta pode também passar despercebido”.

.”Tive apenas o desejo de exprimir minhas emoções.Eu sentia necessidade de que eles se soltassem ; era um problema mais de ordem psicológica do que de outra natureza”.

.”O jornalismo é uma forma de literatura.Eu,pelo menos,convivi – e mil escritores conviveram- com uma forma de jornalismo que me parece muito afeiçoada à criação literária : a crônica”.

.”O que lamento é que as novas gerações já não tenham os estímulos intelectuais que havia até trinta ou quarenta anos passados.As pessoas que sabiam escrever a língua se destacavam na literatura e nas artes em geral.Hoje em dia,há escritores premiados que não conhecem a língua natal”.

.”Sou uma pessoa terrivelmente corajosa,porque não espero nada de coisa nenhuma”.

.”Considero-me agnóstico.Sou uma pessoa que não tem capacidade intelectual e competência para resolver o problema infinito que é se existe ou não existe uma divindade”.

.”Minha motivação foi esta : tentar resolver,através de versos,problemas existenciais internos.São problemas de angústia,incompreensão e inadaptação ao mundo”.

Clássicos que não o eram - O terceiro mandato

De Haroldo Barbosa e Luiz Reis, 'Palhaçada'

Cara de palhaço, pinta de palhaço, roupa de palhaço
Foi esse o meu amargo fim...
Cara de gaiato, pinta de gaiato, roupa de gaiato...
foi o que eu arranjei "pra" mim...

Estavas roxa por um "trouxa"
"pra" fazer cartaz.
Na tua lista de golpista,
tem um bobo a mais...

Quando a chanchada deu em nada,
eu até gostei.
A fantasia foi aquela que esperei.

Cara de palhaço, pinta de palhaço, roupa de palhaço
Pela mulher que não me quer...
Mas, se ela quiser voltar "pra" mim,
vai ser assim...
cara de palhaço, pinta de palhaço...
até o fim...

UMA TARDE COM A VÍBORA JOEL SILVEIRA : SOM & IMAGEM

.
Numa de minhas expedições à "escola de jornalismo da rua Francisco Sá" - que frequentei por vinte anos - tive uma companhia nobre: uma câmera, para gravar som & imagem. Era lá que morava Joel Silveira. O cinegrafista Lúcio Rodrigues, fera das imagens, gravou tudo. A conversa foi ao ar no Jornal da Globo. A víbora vai falar.

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM714709-7823-JOEL+SILVEIRA+A+VIBORA,00.html

PÍLULAS DE VIDA DO DOUTOR SILVEIRA - 2

.
A moda, agora, é fazer oitenta anos, uma idade no mínimo ridícula e perigosamente irresponsável. Jamais chegarei lá. Já aos noventa, quem sabe ?


Joel Silveira, datilografado por GMN

PÍLULAS DE VIDA DO DOUTOR SILVEIRA

.
A vida é uma porcaria, com um defeito ainda mais sórdido :acaba.

Joel Silveira, datilografado por GMN

ENQUANTO ISSO, NA POLÍCIA FEDERAL...

.
— Quem sabe algo que insinue mais que revele, um lance assim meio oculto, que nem... “Veneta”, por exemplo. Taí, “Operação Veneta”.
— Olha que “Veneta” tem rima, Bigode! Pô, Bigode, pensa numa coisa simples, rapaz, simples. Esses anos todos tu tem inventado uns nome maneiro, cara. Teve “Fênix”, “Cavalo de Tróia”, “Anaconda”, “Sanguessuga”...
— Acabou-se, Batata. Perdi a inspiração, tô em crise, bicho, tô em crise.
.
(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/06/crise-criativa-na-sede-da-pf.html)

A INVENÇÃO DO PAPEL HIGIÊNICO

.
No século XVI, Gutenberg inventou a prensa móvel. A partir de então, seria popularizado o jornal e, o que é melhor, o jornal velho, que logo substituiria a folha de bananeira na toalete básica. Surgia assim o Homo Bundassadus. Contudo, em sua incansável luta para superar obstáculos e, principalmente, combater oxiúros, o homem acabou eliminando a parte supérflua do jornal impresso. Produziu um papel que não continha nada escrito e, mais importante, sem a coluna da Eliane Cantanhêde.
.
(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/05/breve-histria-da-humanidade-uma.html)

SONOTERAPIA

.
Um local confortável. Talvez um grande galpão, escuro, ornamentado com motivos que propiciem o sono: tons azuis, anjos renascentistas, discursos do Marco Maciel.
.
(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/05/cem-metros-rasos-com-ressaca.html)

IDEAL GREGO

.
Dizer que as pessoas que freqüentam a academia de ginástica não têm cultura é uma tolice. Conheci um sujeito lá que é fazendeiro e possui logo duas: uma de feijão e outra de mandioca. Sem falar de uma moça que já havia lido todas as páginas amarelas de um exemplar de Veja de 1983 e de um garoto que, sabendo de cor a maioria das letras da Kelly Key, caminha a passos largos para, quando menos, fazer crônicas poéticas no Jornal Nacional.
.
(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/05/bravo-forte-filho-do-norte-4.html)

DE ONDE FALA, POR FAVOR ? É DA CASA DE JOEL SILVEIRA ?

Frequentador do Sopa de Tamanco & adjacências, o jornalista Felipe Cruz fez o que todo repórter curioso deve fazer: telefona para o 102, dá o nome de um entrevistado interessante, anota o número fornecido pela telefonista, prepara o gravador e liga para a presa. Dá certo. Consegue a entrevista. De vez em quando, as coisas acontecem assim. A "presa" de Felipe era Joel Silveira. Eis o resultado da busca:


http://dtdnews.blogspot.com/2007/07/entrevista-joel-silveira.html