17 de setembro de 2008
A VOLTA DO BOÊMIO - III
"Um pára-raios numa torre de igreja é o mais veemente voto de desconfiança que se possa imaginar contra o bom Deus."
Karl Kraus
(Tradução deste escrevinhador)
O QUE O VETERINÁRIO ESTARIA FAZENDO COM UMA CARGA DE PROPOFOL NAS IMEDIAÇÕES DA CASA DO SR. NICOMAR LAEL ?
O propofol (ah, nome feio desgraçado) é um sedativo também usado para acalmar cães histéricos.
Um veterinário especializado em administrar propofol foi visto esta semana nas proximidades da residência do sr. Nicomar Lael.
Por uma extraordinária coincidência, desde então o sr. Nicomar desapareceu das páginas do Sopa de Tamanco.
Deveras curioso.
Um veterinário especializado em administrar propofol foi visto esta semana nas proximidades da residência do sr. Nicomar Lael.
Por uma extraordinária coincidência, desde então o sr. Nicomar desapareceu das páginas do Sopa de Tamanco.
Deveras curioso.
A FALTA QUE ELE FAZ: JOEL SILVEIRA ( OU: O QUE UM REPÓRTER PODE FAZER DE ÚTIL NA VIDA, ALÉM DE TENTAR JOGAR ÁGUA NA GRANDE FOGUEIRA DO ESQUECIMENTO ?)
Que falta faz o mestre Joel Silveira.
Faz um ano e um mês que ele morreu. Guardo como se fosse um tesouro a herança de nossa convivência: eu era o discípulo tentando aprender com o mestre.
Uma das falhas da personalidade de um repórter é agir como repórter até diante de amigos. Que coisa! Confesso: é o que fiz com Joel Silveira. Éramos amigos. Mas, ali, eu era, também, um repórter diante de um personagem. Não poderia voltar para casa de mãos vazias. Não voltei. Ao longo desses anos todos, gravei conversas que tive com ele, na sala do apartamento de um sexto andar da rua Francisco Sá, em Copacabana.
Modéstia à parte, a causa era nobre: eu não queria que as coisas que ouvia de Joel ficassem somente comigo. Era preciso repartir, espalhar,compartilhar aqueles ensinamentos, críticas, boutades, lembranças e confissões de um grande repórter que, com todo merecimento, ocupa uma vaga no esfarrapado Panteão do Jornalismo Brasileiro. Joel foi um dos grandes pioneiros no uso de técnicas literárias em textos jornalísticos.
Preservo, com todo cuidado, a pequena coleção de fitas. Pergunto: que outra coisa de útil pode fazer um repórter, além de sair coletando da maneira mais cuidadosa possível as lembranças alheias, para dividí-las com os leitores ? Nada. A essência do jornalismo é esta.
Sem pretensões descabidas, sem megalomanias risíveis, sem exibicionismo vulgar: o repórter pode, sim, ser útil ao funcionar como o pequeno guardião de histórias e memórias que - de outra maneira - estariam inevitavelmente condenadas a desaparecer na poeira da estrada, destino inescapável de tudo e de todos. Em seus melhores momentos, o repórter atua como se fosse um bombeiro ingênuo: tenta fazer com que a Grande Fogueira do Esquecimento não devore tudo. É uma batalha inglória, mas, como nas piores e mais piegas histórias edificantes, ele descobrirá que, feitas as contas, o esforço "vale a pena", sim. A alternativa é terrível: cruzar os braços e não fazer nada. Chamuscado, ele sairá do prédio em chamas com alguma coisa nas mãos: quem sabe, uma velha fita cassete, um bloco de anotações. A função do repórter é, portanto, a de oferecer ao distinto leitor uma coleção de "salvados do incêndio".
(Assim, não me arrependo nem um pouco de ter importunado Carlos Drummond de Andrade em agosto de 1987 sem imaginar que ele vivia uma dor indizível: a filha, Maria Julieta, estava à beira da morte, na cama de um hospital. Drummond cedeu à minha insistência. Deu-me uma longa entrevista. Dias depois, a filha morreu. Em duas semanas, o próprio Drummond estava morto. A entrevista terminou virando uma espécie de testamento do maior poeta brasileiro. Importunei o poeta, sim, mas cometi uma "boa ação": produzi um documento sobre ele. Ah, o belo desafio de transformar lembranças em matéria "palpável": as palavras impressas....As declarações que arranquei do poeta arredio ocupam setenta páginas do livro "Dossiê Drummond", republicado há pouco tempo pela Editora Globo, em edição "revista e atualizada". Bem ou mal, as declarações que o poeta quis fazer apenas duas semanas antes de morrer não se perderam no ar: ganharam vida, ficaram guardadas em bibliotecas, vão ajudar um ou outro leitor a compreender o personagem Drummond. Missão cumprida, portanto. Um dia, o "Dossiê Drummond" haverá de cumprir o destino final de tantos e tantos livros: escondido lá no fundo de uma prateleira de um sebo empoeirado, cairá nas mãos de um leitor anônimo. Como se fosse um escanfandrista em busca de ostras perdidas no fundo do oceano, o leitor curioso desembolsará um punhado de reais por aquele feixe de lembranças impressas. O destino do livro terá se cumprido, na íntegra).
Paro por aqui. Ouço o ruído inconfundível das patas de uma fera roçando na porta dos fundos: é o Cão da Subliteratura querendo entrar. Já o conheço de outros carnavais, é claro. Bato em retirada antes que ele se instale na sala.
Mas deixo uma promessa por escrito.
Prometidíssimo: cedo ou tarde, vou reunir em livro as gravações que fiz com Joel. Podem ser úteis à troupe minoritária dos que se interessam de verdade por jornalismo. Joel foi pioneiro no uso de técnicas literárias no texto jornalístico.
Já tínhamos até escolhido um título: "Diálogos com o Último Dinossauro".
Há um ano, a gente falava da visita indesejada que bateu à porta do apartamento de Joel Silveira:
A VIDA IMITA O POEMA NA MORTE DE JOEL SILVEIRA: O AGENTE FUNERÁRIO CHEGOU NA HORA. E A PLACA DO CARRO ERA LFR 1236
Faz pouco tempo, descobri um belo poema de Lawrence Ferlinghetti. O poeta diz, com outras palavras, que o mundo é um belo lugar, mas um dia, cedo ou tarde, ele virá : o agente funerário sorridente.
E o agente veio. Acabo de sair da casa de Joel Silveira. Não quis ver a saída do corpo. A Santa Casa de Misericórdia avisou que o agente chegaria às duas horas. Pensei comigo: "Com a pontualidade brasileira, ele vai chegar lá para as quatro da tarde". Engano. Nem uma hora e cinquenta e nove minutos nem duas horas e um : eram duas em ponto quando o agente apertou a campainha, no apartamento de Joel Silveira, no sexto andar de um prédio da rua Francisco Sá, em Copacabana. O agente encenava, sem suspeitar, o poema de Lawrence Ferlinghetti. Era como se dissesse: tudo pode atrasar no Brasil, mas a morte, quando vem, chega exatamente na hora, sem tolerância. Nem um segundo de atraso.
Desci do sexto andar. Lá embaixo, tive o gesto inútil de observar a placa da Kombi branca da Santa Casa de Misericórdia: LFR 1236. A Kombi trazia, nas laterais, o nome da Santa Casa e o telefone: 0800 257 007.
Joel tinha inveja de um personagem de Vitor Hugo que, minutos antes de ser guilhotinado, dizia, resignado, que estava pronto para a execução,mas "gostaria de ver o resto". Ou seja: o personagem gostaria de descrever a própria morte. Que palavras Joel usaria ?
Quanto a nós, discípulos e aprendizes, já não há o que fazer, além de anotar a placa da Kombi : LFR 1236, três letras e quatro números amargamente inúteis.
Faz um ano e um mês que ele morreu. Guardo como se fosse um tesouro a herança de nossa convivência: eu era o discípulo tentando aprender com o mestre.
Uma das falhas da personalidade de um repórter é agir como repórter até diante de amigos. Que coisa! Confesso: é o que fiz com Joel Silveira. Éramos amigos. Mas, ali, eu era, também, um repórter diante de um personagem. Não poderia voltar para casa de mãos vazias. Não voltei. Ao longo desses anos todos, gravei conversas que tive com ele, na sala do apartamento de um sexto andar da rua Francisco Sá, em Copacabana.
Modéstia à parte, a causa era nobre: eu não queria que as coisas que ouvia de Joel ficassem somente comigo. Era preciso repartir, espalhar,compartilhar aqueles ensinamentos, críticas, boutades, lembranças e confissões de um grande repórter que, com todo merecimento, ocupa uma vaga no esfarrapado Panteão do Jornalismo Brasileiro. Joel foi um dos grandes pioneiros no uso de técnicas literárias em textos jornalísticos.
Preservo, com todo cuidado, a pequena coleção de fitas. Pergunto: que outra coisa de útil pode fazer um repórter, além de sair coletando da maneira mais cuidadosa possível as lembranças alheias, para dividí-las com os leitores ? Nada. A essência do jornalismo é esta.
Sem pretensões descabidas, sem megalomanias risíveis, sem exibicionismo vulgar: o repórter pode, sim, ser útil ao funcionar como o pequeno guardião de histórias e memórias que - de outra maneira - estariam inevitavelmente condenadas a desaparecer na poeira da estrada, destino inescapável de tudo e de todos. Em seus melhores momentos, o repórter atua como se fosse um bombeiro ingênuo: tenta fazer com que a Grande Fogueira do Esquecimento não devore tudo. É uma batalha inglória, mas, como nas piores e mais piegas histórias edificantes, ele descobrirá que, feitas as contas, o esforço "vale a pena", sim. A alternativa é terrível: cruzar os braços e não fazer nada. Chamuscado, ele sairá do prédio em chamas com alguma coisa nas mãos: quem sabe, uma velha fita cassete, um bloco de anotações. A função do repórter é, portanto, a de oferecer ao distinto leitor uma coleção de "salvados do incêndio".
(Assim, não me arrependo nem um pouco de ter importunado Carlos Drummond de Andrade em agosto de 1987 sem imaginar que ele vivia uma dor indizível: a filha, Maria Julieta, estava à beira da morte, na cama de um hospital. Drummond cedeu à minha insistência. Deu-me uma longa entrevista. Dias depois, a filha morreu. Em duas semanas, o próprio Drummond estava morto. A entrevista terminou virando uma espécie de testamento do maior poeta brasileiro. Importunei o poeta, sim, mas cometi uma "boa ação": produzi um documento sobre ele. Ah, o belo desafio de transformar lembranças em matéria "palpável": as palavras impressas....As declarações que arranquei do poeta arredio ocupam setenta páginas do livro "Dossiê Drummond", republicado há pouco tempo pela Editora Globo, em edição "revista e atualizada". Bem ou mal, as declarações que o poeta quis fazer apenas duas semanas antes de morrer não se perderam no ar: ganharam vida, ficaram guardadas em bibliotecas, vão ajudar um ou outro leitor a compreender o personagem Drummond. Missão cumprida, portanto. Um dia, o "Dossiê Drummond" haverá de cumprir o destino final de tantos e tantos livros: escondido lá no fundo de uma prateleira de um sebo empoeirado, cairá nas mãos de um leitor anônimo. Como se fosse um escanfandrista em busca de ostras perdidas no fundo do oceano, o leitor curioso desembolsará um punhado de reais por aquele feixe de lembranças impressas. O destino do livro terá se cumprido, na íntegra).
Paro por aqui. Ouço o ruído inconfundível das patas de uma fera roçando na porta dos fundos: é o Cão da Subliteratura querendo entrar. Já o conheço de outros carnavais, é claro. Bato em retirada antes que ele se instale na sala.
Mas deixo uma promessa por escrito.
Prometidíssimo: cedo ou tarde, vou reunir em livro as gravações que fiz com Joel. Podem ser úteis à troupe minoritária dos que se interessam de verdade por jornalismo. Joel foi pioneiro no uso de técnicas literárias no texto jornalístico.
Já tínhamos até escolhido um título: "Diálogos com o Último Dinossauro".
Há um ano, a gente falava da visita indesejada que bateu à porta do apartamento de Joel Silveira:
A VIDA IMITA O POEMA NA MORTE DE JOEL SILVEIRA: O AGENTE FUNERÁRIO CHEGOU NA HORA. E A PLACA DO CARRO ERA LFR 1236
Faz pouco tempo, descobri um belo poema de Lawrence Ferlinghetti. O poeta diz, com outras palavras, que o mundo é um belo lugar, mas um dia, cedo ou tarde, ele virá : o agente funerário sorridente.
E o agente veio. Acabo de sair da casa de Joel Silveira. Não quis ver a saída do corpo. A Santa Casa de Misericórdia avisou que o agente chegaria às duas horas. Pensei comigo: "Com a pontualidade brasileira, ele vai chegar lá para as quatro da tarde". Engano. Nem uma hora e cinquenta e nove minutos nem duas horas e um : eram duas em ponto quando o agente apertou a campainha, no apartamento de Joel Silveira, no sexto andar de um prédio da rua Francisco Sá, em Copacabana. O agente encenava, sem suspeitar, o poema de Lawrence Ferlinghetti. Era como se dissesse: tudo pode atrasar no Brasil, mas a morte, quando vem, chega exatamente na hora, sem tolerância. Nem um segundo de atraso.
Desci do sexto andar. Lá embaixo, tive o gesto inútil de observar a placa da Kombi branca da Santa Casa de Misericórdia: LFR 1236. A Kombi trazia, nas laterais, o nome da Santa Casa e o telefone: 0800 257 007.
Joel tinha inveja de um personagem de Vitor Hugo que, minutos antes de ser guilhotinado, dizia, resignado, que estava pronto para a execução,mas "gostaria de ver o resto". Ou seja: o personagem gostaria de descrever a própria morte. Que palavras Joel usaria ?
Quanto a nós, discípulos e aprendizes, já não há o que fazer, além de anotar a placa da Kombi : LFR 1236, três letras e quatro números amargamente inúteis.
PEQUENA EXPEDIÇÃO RUMO AO MEU MURO DAS LAMENTAÇÕES : UMA DÚVIDA SOBRE MODELOS, ATRIZES E ESCRITORES E INTELECTUAIS
Intelectual francês com cachecol no pescoço e caspa no ombro adora escrever artigos intermináveis sobre o sexo dos anjos. Ao fim de duzentas e oitenta páginas, o leitor comtempla o teto e pergunta aos astros: "o que é esta anta quer dizer, afinal?" ( O Sopa de Tamanco publicou, há algum tempo, um artigo do nosso confrade GMN sobre imposturas intelectuais cometidas às margens do Sena).
Mas há um tema que bem que mereceria um desses estudos ridículos de semiólogos franceses:
as poses feitas diante das lentes de fotógrafos.
Há décadas acelento duas dúvidas.
Primeira: quando querem parecer sensuais, mulheres - em geral, atrizes, cantoras ou aspirantes - fazem a seguinte pose nas fotos: sentadas, escostam um joelho no outro e estendem os pés em direções opostas. Invariavelmente, inclinam o tronco para frente. Há centenas de fotos assim, em ensaios e reportagens. A dúvida: quem disse que esse desarranjo de joelhos e pés é remotamente sexy ?
Segunda: quando querem parecer sabidos, escritores - ou intelectuais de outras extrações - fazem a seguinte pose nas fotos: fecham uma das mãos, como se fossem esmurrar alguém. Em seguida, pousam o queixo sobre a mão fechada. Há centenas de fotos assim, em orelhas de livros, entrevistas, reportagens. A dúvida: quem disse que esse desarranjo de punhos e queixos é indicativo de brilho literário ?
São apenas dúvidas, perguntas que pronuncio em voz baixa, quase inaudível, diante do meu Muro das Lamentações particular, nas visitas que faço a ele, no final das tardes.
A resposta, como sempre, é um silêncio pétreo. Porque muros não falam. Mas ouvem.
Mas há um tema que bem que mereceria um desses estudos ridículos de semiólogos franceses:
as poses feitas diante das lentes de fotógrafos.
Há décadas acelento duas dúvidas.
Primeira: quando querem parecer sensuais, mulheres - em geral, atrizes, cantoras ou aspirantes - fazem a seguinte pose nas fotos: sentadas, escostam um joelho no outro e estendem os pés em direções opostas. Invariavelmente, inclinam o tronco para frente. Há centenas de fotos assim, em ensaios e reportagens. A dúvida: quem disse que esse desarranjo de joelhos e pés é remotamente sexy ?
Segunda: quando querem parecer sabidos, escritores - ou intelectuais de outras extrações - fazem a seguinte pose nas fotos: fecham uma das mãos, como se fossem esmurrar alguém. Em seguida, pousam o queixo sobre a mão fechada. Há centenas de fotos assim, em orelhas de livros, entrevistas, reportagens. A dúvida: quem disse que esse desarranjo de punhos e queixos é indicativo de brilho literário ?
São apenas dúvidas, perguntas que pronuncio em voz baixa, quase inaudível, diante do meu Muro das Lamentações particular, nas visitas que faço a ele, no final das tardes.
A resposta, como sempre, é um silêncio pétreo. Porque muros não falam. Mas ouvem.
A VOLTA DO BOÊMIO - II
SUBPENSAMENTOS
Sou um ouvinte cíclico e obsessivo de música. Certa vez, passei seis meses escutando unicamente Tchaikovsky. Parei um dia quando percebi que estava indo da cozinha à sala na ponta dos pés.
***
Não acredito na Onipresença divina, mas não sou radical. Creio, por exemplo, na Onipresença daqueles conjuntos de flautistas andinos de praça pública.
***
A questão da corrupção brasileira, além de econômica e social, é também psicanalítica. Primeiro, os corruptos fodem despudoradamente o país. Depois, mandam o dinheiro para as Ilhas Virgens.
(Mais, aqui)
O DICIONÁRIO DO POBRE-DIABO
Óculo s.m. Mesmo que olho mágico. Pequeno dispositivo circular, equipado com lente, que se embute nas portas para que não se consiga ver de dentro o quem está lá fora. Uso: “Quem é? Hein? É você Marilda? Aproxima mais... Não, pra esquerda... Agora volta um pouco... Foi muito...”
O DICIONÁRIO DO POBRE-DIABO
Óculos s.m. Artefato provido de lentes e usado, em geral, para auxiliar a leitura por parte de analfabetos com problemas de visão e carência de neurônios. Uso: “Coloquei meus óculos para ler um livro genial, brilhante e profundo de Marcelino Freire”.
Loc. Óculos de sol: óculos de lentes escuras que servem de proteção contra os raios solares e é comumente utilizado à noite para demonstrar o quanto o indivíduo é idiota. Uso: “Fui de óculos escuros ao show da Madonna”.
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