6 de agosto de 2007

Convite ao brigadeiro da Infraero

O brigadeiro J.Carlos Pereira, ex-presidente da Infraero, está convidado a escrever neste blog. Autor de frases geniais, próximas das boutades de um Barão de Itararé, dono de um humor incomum em militares e companheiros do governo Lula, o brigadeiro J. Carlos, além do mais, é corajoso, rompeu uma tradição estabelecida nestes anos de lulismo: saiu atirando. Numa entrevista à Folha de São Paulo de hoje, o brigadeiro se refere a si mesmo como "milico". Com auto-ironia, desmitifica uma palavra pesada da história recente do país: milico. Depois do brigadeiro, ficou sem graça chamar militar de "milico". É claro que o brigadeiro não resolveu as principais questões da crise aérea, mas o país tem a obrigação de reconhecer nele um homem de astral, bem-humorado, de uma franqueza desconcertante no game simulacro da gestão governamental, e de pérolas que enriqueceram o nosso folclore nacional: "avião só não cai quando está em terra". E, pelo que se pode depreender da entrevista dele, um homem honesto. O brigadeiro não usa óculos escuros.

O pensamento do enlatado único do Projac

Bergman e Antonioni morreram, mas o teleenlatado Daniel Filho permanece vivíssimo. Falou mal do Cinema Novo e ironizou "Baixio das Bestas", do pernambucano Cláudio de Assis, numa entrevista de domingo para a Folha de São Paulo. Ele responsabiliza esse tipo de filme pela pouca bilheteria do cinema brasileiro. Para o teleenlatado Daniel Filho, cinema brasileiro deveria ser apenas a cópia dos besteiróis do Projac, atração irresistível para o público imbecilizado e sonambulizado pela estética campo/contracampo da TV Globo e similares.

Como é, Claudio de Assis, vai levar a porrada para casa? "Quem não reaje se rasteja" é uma das lições de "Baixio das Bestas". O blog está aberto para que você exponha suas opiniões e o que pensa dos "clássicos" de Daniel Filho que ficarão para sempre na História do cinema mundial. Você levaria a sua mulher para assistir, num sábado à noite, a um enlatado de Filho? Filho diz que o casal que sai sábado à noite para assistir a um filme como "Baixio das Bestas" retorna para casa brigado:"estragou meu sábado". Vai silenciar diante dos embalos caça-níqueis de sábado à noite de Filho? O espaço é todo seu.

Do novo manual da aviação

Tudo o que é mais pesado do que o ar se desmancha em Congonhas.

GÊNESE DA LICITAÇÃO FRAUDULENTA

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E Deus achou justo e disse:
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— Faça-se a licitação para criar a luz!
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E dez anjos se apresentaram. Então um deles deu a idéia de aumentar o preço da obra em cem vezes, ganhar a concorrência e dividir o dinheiro entre os demais. E os outros acharam bom.E o vencedor disse:
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— Pronto, Pai. Vou fazer o Sol, um negócio que será um espetáculo: totalmente livre de raios ultravioleta, sem explosões, imóvel e quadrado.
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E Deus achou passável e disse:
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— Vê se apronta tudo isso até o sexto dia, que no sétimo eu quero ir pra praia e vou sair cedo, porque a Marginal está impraticável.
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/03/o-mito-da-criao-sob-perspectiva-de-um.html)

DUAS QUESTÕES METAFÍSICAS

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Como bem dizia aquela personagem de Pirandello, a questão metafísica mais importante não é propriamente saber se a gente acredita em Deus e, sim, saber se Ele acredita na gente. Ao lado, claro, desta outra: por que cargas d’água o Tarso Genro fala juntando os dedinhos daquele jeito ridículo?
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/03/as-frias-de-deus.html)

O importante não é competir, é deportar

Os boxeadores cubanos nem tiveram tempo de se cansar. A operação deportação foi eficiente, rápida, coisa de profissional. Mas a pauta ainda está valendo. A Imprensa investigativa (existe?) poderia seguir a pista de algumas perguntas que permanecem em aberto. Quais?
1) Qual foi o nome da operação de prisão dos cubanos feita pela Polícia Federal? Operação Cohiba, Neocondor, Comandante, Cuba Libre, Cauê, Larry, Havana Club, Los Hermanos, qual?
2) Os agentes cubanos que permaneceram no Brasil participaram, com informações e negociações, da busca e prisão dos boxeadores?
3) O Governo brasileiro vai acompanhar a promessa feita por Fidel Castro de que os boxeadores não seriam presos quando chegassem à ilha?
4) Os empresários alemães não deveriam ser entrevistados? O que eles têm a dizer sobre o caso dos boxeadores?
5) Getúlio Vargas entregou Olga Benário e outros alemães comunistas ao regime de Hitler, o Governo Lula deportou os cubanos refugiados para o regime de Fidel. A história de ceder à pressão das ditaduras estrangeiras se repete?
6) Qual terá sido a manchete do Granma na volta dos boxeadores?
Basta seguir algumas e outra perguntas, e os leitores terão, como se dizia nas aulas de jornalismo, uma bela reportagem.

Momento Querido Diário

Hoje lidei com gente incompetente e malandra. Depois de duas semanas sem responder a um pedido que fiz por email, decido copiar o responsável pelo projeto, que cobra providências. A pessoa incompetente e malandra, então, responde com aquele sorriso sacana no rosto, perguntando, toda João-Sem-Branço, quais são minhas necessidades.

Aos mais experientes eu gostaria de perguntar o que faço numa hora destas.

Cansa, Querido diário, cansa muito.

War o quê?

O apelido de Andy Warhol era Warhola. Warhola, ouviram bem? Diante disso, nada tenho mais a dizer.

A Pop Art como torneiras e seringas

Os críticos de arte na década de 1970 centraram fogo nos artistas Pop acusando-os de terem se rendido ao modo de produção capitalista. Escreviam que os Pop Artists colocavam o mercado no pedestal e reduziam a arte a simples mercadoria. Como se vê hoje, opiniões corretas, embora permeadas de marxismo e, portanto, compreensíveis para a época. Tomando por base o ensaio A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica, escritor por Walter Benjamin em 1936, encontramos dois caminhos de análise para a Pop: a reprodução de uma obra em várias, permitindo o acesso de mais pessoas; a reprodução em série de elementos numa mesma obra ou em várias delas. Estes são os modos acadêmicos para explicar como a produção em série de "arte" se equivale à produção de torneiras. Quem produz torneiras ou seringas, sabemos, só quer vendê-las. Não vejo outra identificação mais exata do que foi a Pop Art.

DAS CONTINGÊNCIAS ANATÔMICAS

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Tenho certeza de que a totalidade dos leitores masculinos que não sofreram emasculação na infância e, num momento de insanidade pouco justificada, resolveram dar uma volta de bicicleta, sabem do que estou falando..
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O selim definitivamente não é o local mais indicado para aconchegar os testículos. Instrumento de tortura proibido pela Convenção de Genebra, quem quer que o tenha inventado, ou bem era um sádico incurável ou atuava como castrato em algum coro de igreja.
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(Texto completo aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/03/o-falecido-marconi-leal.html)

BATE-PAPO COM O CURUPIRA

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— Que é que cê tá fazendo aqui, no meio da cidade, uma hora dessas, hein? Você não devia tá na mata?
— Ha! ha! ha! Mata? Onde é que tu tá vivendo, moça? No mundo do faz-de-conta? Tá que nem criança, acreditando em político? Tem mais mata, não, companheira. As que não queimaram, grilaram. Pra você ter uma idéia, a última vez que eu vi a mula-sem-cabeça, ela tava puxando carroça pra um fazendeiro do Acre.
— Como, se ela não vê?
— Por isso, não. Ray Charles era cego, Stevie Wonder é cego e o albino Hermeto não enxerga mesmo muito beeeem! Adoro o Caetano.
— Mas ela não tem cabeça!
— E daí? Só porque é mula e não tem cabeça não pode trabalhar agora? Preconceito seu. Se fosse assim, os autores de livros de auto-ajuda estariam todos desempregados. Tem um fuminho aí?


(Texto completo aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/03/numa-encruzilhada.html)

Quem acredita em Tom Jobim? E em Nelson Jobim?

Tom Jobim dizia que Nova Iorque era bom, mas era uma merda, e que o Brasil era uma merda, mas era bom. Já atravessamos o Rubicão: éramos uma merda, ficamos pior.

PS: Quem acredita em Nelson Jobim?

T.S. Eliot estava certo: o mundo vai acabar, não com uma explosão, mas com um lamento

A cachola entra em parafuso ao lembrar Vinicius de Moraes. Foi um de nossos melhores poetas, mas abriu mão do seu talento na grande poesia para usá-lo na música popular. De fato, nos deu letras e músicas belíssimas, mas poderia o país prescindir de um grande poeta para ganhar mais um letrista e compositor, por melhor que fosse?

Mas o que de pior Vinicius nos legou foi criar uma confusão dos diabos entre entretenimento e alta cultura. Me parece que a partir de Vinicius o populacho intelectual passou a colocar na mesma sacola letra de música e poesia, e o mundo foi desfeito em menos de sete dias. Porque só depois do fim do mundo é que gente como Cazuza pode ser saudada impunemente como poeta.

T.S. Eliot, a quem chamo pelas costas de Mr. Bean, estava certo: o mundo vai acabar, não com uma explosão, mas com um lamento.

Meu tempo de reflexão é lento como tartaruga manca

Escrever uma resenha ou uma crítica impressionista, que é o que costumo fazer, me exige tempo de maturação pós-leitura. Nunca menos do que dois dias. É o prazo que preciso para o Tico e Teco dentro da minha cachola funcionarem a contento. Uma das razões pelas quais adoro ir ao cinema sozinho é não ter que fazer qualquer comentário à saída da sala de exibição. Honestamente, nunca sei o que dizer. É claro que posso soltar alguns muxoxos ou frases exaltadas, mas nunca será exatamente o meu pensamento dali a dois dias.

Meu tempo de reflexão passou a ser outro depois de exercitar o cérebro com a leitura focada para a crítica. É bom e é mau, pois passou a ser fruto de esforço o passatempo frívolo, não uma contingência da natureza. Para, digamos, relaxar, preciso fazer força.

Voltando à vaca fria, no caso dos livros, preciso mesmo de um período antes de escrever, de alguns dias só matutando. Já aconteceu de eu quase elogiar obras que me causaram uma primeira boa impressão, mas que não resistiram a algumas perguntas básicas que faço ao terminar a leitura para só depois escrever.

Já aconteceu também de eu não ter tido uma boa impressão numa primeira leitura e depois gostar. Madame Bovary, de Flaubert, é meu exemplo clássico. Me arrastei como um cão sem as patas traseiras na primeira leitura e fiquei achando aquilo tudo uma grande chatice, monotonia pura. Só que nos dias seguintes muitas imagens e frases não me saíam da cabeça. Eu ficava intrigado como isso podia acontecer se eu não havia gostado do livro. Como eu não havia lido com o propósito de escrever qualquer coisa sobre, esperei alguns meses, voltei à leitura e, ulalá, passei a adorar o livro.

Não tem aquela frase do Talleyrand, nunca sigas o teu primeiro impulso porque ele será sempre generoso? Pois é, levo essa máxima a sério porque meu tempo de reflexão e leitura é lento como tartaruga manca. (Bruno Garschagen)

DAS INJUSTIÇAS CELESTIAIS

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Convenhamos, se alguém tão ajuizado quanto Deus estivesse no comando do planeta ou houvesse algum sentido na existência, o mínimo que teríamos de esperar seria que o Dunga fosse proibido de treinar a seleção brasileira ou, pelo menos, que a vocalista da banda Calypso nascesse muda.
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(Texto completo, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/03/as-frias-de-deus.html)

MITO DA CRIAÇÃO SOB A PERSPECTIVA DE UM DEPUTADO FEDERAL

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No princípio era a Verba. E Deus disse:

— Faça-se a luz!

E não aconteceu absolutamente nada. Então Deus, que não é dos mais pacientes e, por muito menos, ainda iria exterminar os dinossauros, inventar a gripe asiática e dar a idéia da Fanta Uva, disse:

— Faça-se a luz, porra! Eu tô mandando!

E Deus criou o eco, mas a luz não apareceu.
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(Texto completo, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/03/o-mito-da-criao-sob-perspectiva-de-um.html)

O DIA EM QUE OS AVIÕES IAM LEVANTAR VÔO PARA BOMBARDEAR O PALÁCIO DO GOVERNO

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Já se disse que a realidade brasileira supera, com folga, a ficção. É verdade.

Um piloto - que um dia se tornaria escritor - recebe uma ordem: bombardear, pelo ar, o Palácio do Governo. O bombardeio tinha até hora marcada: seis da manhã. O governador estava lá dentro. Ia tudo virar pó.

Nome do piloto :Oswaldo França Júnior. Nome do governador : Leonel Brizola.

(Aqui, o depoimento completo de França Júnior sobre a aventura:
http://www.geneton.com.br/archives/000076.html)


CACHÊ DE 600 - 2

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Ivete Sangalo cobrou 600 mil para se apresentar numa festa de boiadeiro no interior de São Paulo.

Mozart, se estivesse vivo, iria feliz e satisfeito por 28.500 reais.

PERGUNTA FEITA AOS CÉUS

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Lady Francisco ( !!!!) continua solta ?

PÍLULAS DE VIDA DO DOUTOR SILVEIRA - 2

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Tentar de toda maneira fugir de um fim de semana com todos os seus apelos e tentações - eis aí um sério problema para quem quer sobreviver nesta cidade do Rio de Janeiro. Tremo da cabeça aos pés, sinto frio na medula quando sexta à tarde ou no começo da noite o telefone toca e alguém do outro lado pergunta:

-Você já tem programa para amanhã ?

O que me salva é que estou sempre saindo de uma hepatite - doença que nunca tive.

Joel Silveira, datilografado por GMN

PÍLULAS DE VIDA DO DOUTOR SILVEIRA

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-Você sabe por que baiano fala devagar, quase parando, como quem se espreguiça ?
-Não.
-Para esticar o máximo possível a falta de assunto.


Joel Silveira, datilografado por GMN