13 de julho de 2007
DA SÉRIE ENTREVISTAS IMPROVÁVEIS : GABRIEL GARCÍA MARQUEZ DESCOBRE O DISCRETO MISTÉRIO DAS MATINÊS NO CINEMA
Confissão de um vencido
Epitáfios Republicanos
"Aqui jaz um malvado"
Nova Aquarela do Brasil
Só depende de Cauê
Até tu, Cauê?
Xiiii, falha nossa!
Cobertura política
Desfalque
É tetra! É tetra!
PERGUNTA FEITA AOS CÉUS
Quem desenhou as roupas dos ritmistas da "festa" de abertura do Pan continua solto?
Crítica-relâmpago - Abertura do Peter Pan
Os brasileiros que ora dançam no centro do Maracanã foram treinados para dançar diante das câmeras. Porque o impacto visual dos sacolejos, sem lentes, é zero.
O DIA EM QUE O BRASIL IA ANEXAR A GUIANA FRANCESA
Qual foi a idéia mais estapafúrdia que um presidente da República Federativa do Brasil já teve?
A lista daria para preencher um tomo de enciclopédia.
Um exemplo: Jânio Quadros quis anexar a Guiana Francesa.
O que teria acontecido se o plano tivesse sido levado adiante ? ( só não foi porque Jânio renunciou antes....).
O Brasil ia bater de frente com a França ( de que lado você, reservista, lutaria ?)
O governador que recebeu do presidente ordens expressas para preparar a invasão da Guiana Francesa dá os detalhes aqui:
(é só clicar no ícone: http://www.geneton.com.br/archives/000091.html)
TV Tamanco - O fim de uma era
Aqui eles nem estão jogando. Só brincando.
OBJETO VOADOR NÃO IDENTIFICADO
Uma testemunha jura que viu no céu, ontem à noite, uma entidade cabeçuda e amarelada voando em alta velocidade em direção à zona norte do Rio de Janeiro.
"O vulto riscava o céu numa rapidez incrível", disse a testemunha. "Parecia até um senador fugindo da polícia".
É pule de dez: só pode ser Cauê.
O importante é chorar
Só participarão atletas comprovadamente estimulados por estimulantes.
Os resultados serão comparados com os de recordistas caretas.
O objetivo dos Jogos Dopados não é promover a gandaia. Não. O SDT jamais se imiscuirá na vala comum da publicidade de álcool, tabaco e tv por assinatura.
Não.
O objetivo é ver se atletas dopados param de chorar a cada vitória ou derrota. Cientistas não choram a cada vitória ou derrota. Nem executivos. No Congresso, o máximo que vimos foi a dança da pizza, que não chega perto da esfuziante jorrada emocional dos lúdicos profissionais.
Queríamos ver Saramago pulando feito um Bernardinho ao vencer o Nobel. George W. Bush urrando, ajoelhado no Salão Oval, a cada insurgente morto. O ministro Gilberto Gil sendo consolado nos ombros de Flora Gil depois de acachapante corte no orçamento cultural. O senador Renan Calheiros xingando Ellen Gracie e, ato contínuo, sendo expulso do Senado.
CONSELHO PARA QUEM CRUZAR COM O MASCOTE DO PAN
Se você por acaso cruzar na rua com Cauê, o mascote do Pan, fixe bem os seus olhos nos olhos da criatura, encha os pulmões de ar e pronuncie, com voz clara,nítida e decidida:
"Klatu Barada Nikto!!!".
De novo:
"Klatu Barada Nikto!!!".
( É a senha que deve ser pronunciada diante do robô invasor do filme "O Dia em Que a Terra Parou", para evitar que o planeta seja destruído).
Cauê não vai entender nada.
Mas pelo menos tomará um belo susto.
Por que me ufano daquele país
'Flórida prende deputado que tentou fazer sexo oral com policial'
Tamancada instantânea: os parlamentares deles são mais divertidos que os nossos.
O cavalo de Porto Príncipe
"Com todo o respeito que tenho ao espiritismo, se trouxermos dez chefes de terreiro, sendo três da Bahia, ainda assim não se faz o descarrego desta Casa hoje, pelo peso da espiritualidade negativa que está tomando conta da Casa."
Aproveitemos, portanto, a presença da delegação do Haiti nos Jogos Peter Pan-americanos. Vamos terceirizar a macumba - de modo bolivariano.
DEVANEIO TROPICAL : ANOTAÇÕES DA MADRUGADA
O controle remoto me levou a um pouso inesperado num canal a cabo : desembarquei de madrugada numa cena de um filme de Glauber Rocha, "A Idade da Terra", o último que ele fez.
Glauber Rocha faz, em off, sobre imagens de Brasília, um discurso grandiloquente: fala de Terceiro Mundo, capitalismo, socialismo, revolução soviética confrontando a riqueza americana, a roda da História, invasões, Europa conquistando o Novo Mundo, catequeses, cristianismo, utopias, barbáries, caudilhos, a América Latina pagando o preço da progresso alheio, o sonho de que aquela paisagem do Planalto Central produzisse iluminações planetárias.
Eu me lembrei de uma entrevista que fiz uma vez com Antônio Callado, o escritor da obra-prima "Quarup": lá pelas tantas, ele dizia que foi para uma entrevista coletiva do recém-eleito presidente Juscelino. Incrédulo, Antônio Callado viu Juscelino apontar, num mapa, para o local onde um dia se construiria Brasília. Como um louco, o presidente prometeu "Daqui, sairão ondas de civilização. Ondas ! Ondas !".
O escritor-repórter disse que soltou um suspiro de descrença naquele delírio. Mas JK fez Brasília.
O discurso de Glauber Rocha acendeu um devaneio tropical na madrugada: quem sabe, o que falta ao Brasil, hoje, é um toque épico, uma fagulha daquele delírio que Glauber Rocha articulava sobre imagens de Brasília.
Como diria o co-tamanqueiro Amin Stepple, o Brasil não pode se contentar em ser ator de um papelão histórico.
Tive a chance de assistir a uma exibição especial de "A Idade da Terra", numa manhã de sábado, num cineminha em Paris, ao lado de Glauber Rocha. O ano: 1981, meses antes da morte do homem. A sessão fora organizada porque Glauber queria mostrar o filme a um punhado de críticos franceses. Terminada a sessão, Glauber se vira para mim e para o também estudante de cinema Marcos Mendes, hoje professor de cinema em Brasília. Junta os dedos indicadores das duas mãos para perguntar: "Como é ? Fizeram as ligações? Fizeram as ligações ? ".
Quer saber se a gente tinha embarcado naquela torrente desvairada de sons e imagens.
O Brasil - muitíssimo provavelmente - precisa de delírios de grandeza. Ambição de originalidade. Explosões glauberianas. Torrentes e vulcões contra a pequenez. "Ondas de civilização".
Termina aqui o devaneio.
Hora de mudar de canal.
Questões questionáveis (em coro)
O NOVO CONCEITO DE MACHICE
Um prefeito que viajou até Brasília para participar de um jantar de "desagravo" ao falecido presidente do Senado, Renan Calheiros, soltou esta pérola, merecidamente entronizada no título de uma notícia do Globo desta sexta-feira : "Alagoano é, sobretudo, macho".
Um tremor de terra foi sentido nos arredores do cemitério de Cachoeiro de Itapemirim: era Jece Valadão dando três voltas no túmulo.
Quer dizer, então, que ser macho é receber dinheiro de empreiteira ? Ser macho é inventar venda de boi para justificar maracutaias ? Ser macho é transformar o Senado numa piada nacional ?
O que é que Maguila tem a dizer sobre essas coisas ?
Grandes frases já avacalhadas - Morte e vida Severino
"Estou vendo daqui o Severino, que também já passou por isso. Eu sei o que é a vingança da elite brasileira. Eu sei o que é muitas vezes o ódio de classes, às vezes demonstrado desnecessariamente. Porque, aos 60 anos, eu sou um homem sem ódio. Ninguém vai me deixar nervoso. Pode ficar certo. Nem meus companheiros reivindicando. Nem meus adversários xingando."
O presidente do nosso querido Brasil disse isso ontem, em Pernambuco, provocando uma cefaléia mediúnica em João Cabral de Melo Neto.
O Setor de Exegese do SOPA DE TAMANCO, preocupado com as destrambelhadas frases presidenciais do nosso querido Brasil, convocou o celebrado lingüista Noam Chomsky para desconstruir mais essa fenomenal bobagem dita pelo iluminado presidente Lula.
Chomsky estava ocupado, dando uma palestra para os funcionários do bandejão da PUC-RJ, e se recusou a falar conosco.
Os estagiários do Setor de Exegese telefonaram então para vários especialistas. Nada conseguiram. Ligaram inclusive para um especialista em especialistas. Lhufas.
Então eles mesmos, os estagiários, produziram uma análise cuja minuta foi enviada à sede da Cruz Vermelha Internacional sem o nosso conhecimento.
Mas fontes do Setor de Exegese vazaram alguns trechos da análise.
'1) O Homem sem Ódio, um Robert Musil do sertão, acredita que levar um mensalinho não é crime e portanto ser ejetado da presîdência da Câmara é mais ou menos como ser assassinado na Noite dos Cristais. Rico tem raiva de pobre ladrão, quando não deveria. Então ladrão não deveria ter raiva nem de rico nem de pobre, assim como pobre não deveria ter raiva de rico ladrão e pobres e ricos não deveriam ter raiva de ladrão, do mesmo modo que ladrões, pobres e ricos não deveriam ter raiva aos 60 anos.
'2) Às vezes, porém, o ódio de classes é necessário. Por exemplo, a classe de alfabetização do pequeno Lula no Grupo Escolar Marcílio Dias era inimiga da classe alfabetizada. As porradas no recreio foram homéricas. A pancadaria deixou marcas indeléveis na psiquê do presidente do nosso querido Brasil. Corre o boato de que Lula, assomado pelo silêncio dos inocentes, freqüentemente acorda no meio da noite tentando morder a unha de seu mindinho desaparecido.
'3) O Homem sem Ódio não é um homem, mas um zumbi. Para humanizar o Homem sem Ódio, recomendamos atazanar a paciência presidencial quatro vezes por dia, de seis em seis horas, em conformidade com a administração de um estabilizador de humor, tipo Lítio. Os Canarinhos de Petrópolis podem ganhar uma bolsa que lhes faça repetir o refrão "Lula lá, cresce a esperança" durante 30 minutos, a cada seis horas, onde quer que o Homem sem Ódio esteja.
'4) Claramente, o presidente do nosso querido Brasil ignora os fundamentos da montagem de orações subordinadas e de orações coordenadas. Ele afirmou que, sendo um Homem sem Ódio, sabe o que é o ódio de classes, o qual por vezes é demonstrado desnecessariamente. Por que ele tem 60 anos?'
Grandes frases avacalhadas
Por que me contradizer é preciso
Como o jornalismo brasileiro se leva a sério e, contraditoriamente, não é sério.
Zileide Silva entra com aquela voz de quem está anunciando o Apocalipse e fala, fala, fala. Sobre o que tanto fala Zileide? Renan, quem quer que seja. Pra amanhã tudo ser devidamente esquecido.
Falasse de coisas mais importantes, quem sabe o Brasil fosse um país melhor. Deixo aqui a minha sugestão: esqueçam os algozes e concentrem-se nas vítimas.
Mania de jornalista brasileiro se interessar por ladrão, pô!
Lord of my field
Enquanto puder pagar meu aluguel e comer minhas coxinhas de frango com a mão, não quero saber da primeira página de jornal. Vou correndo é ler a inutilidade do horóscopo e rir bastante todas as vezes em que ele não disser o óbvio: você vai ficar em casa lendo Guerra e Paz.
Dou, pois, tamancadas a esmo em quem ousar limpar os pés no meu capacho.
Coetzee é rei
A classe média que abarrota a cidade e compra toneladas de livros que não lê ficou puta, é claro. Dane-se.
A quem interessar possa, declaro pois pois: Coetzee ensina e eu aprendo. Aos ególatras de plantão, um sonoro "Sinto muito". A vida é curta demais para ser desperdiçada na vitrine.