20 de setembro de 2007
DEMOCRACIA JÁ !
O Brasil só será uma democracia plena no dia em que todo e qualquer cidadão maior de doze anos de idade puder dar voz de prisão a jornalistas que provam uma comida, encaram a câmera com olhar lânguido e dizem "hum....que delícia!" ....
AONDE VAMOS?
— Não minta, seu calhorda. O único dinheiro que o senhor recebeu foi fruto do seu trabalho como administrador, um trabalho repugnante, que respeitou os limites fiscais, executou integralmente o orçamento e ainda investiu os percentuais obrigatórios em saúde e educação.
— Construí um posto de saúde básico e uma escola bem pequena, deputado, nada de mais...
— Ah, então confessa? E ainda fez isso com recursos próprios, sem endividar o município junto aos órgãos internacionais! Que absurdo. O senhor me enoja. É por conta de gente assim que o país não vai pra frente. A verdade, prefeito, é esta: o senhor não passa de um honesto!
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(Texto completo, aqui)
GRANDES DEPOIMENTOS (4)
'EM RENAN EU ACREDITO. NÃO ACREDITO É QUE EXISTAM SERES DE QUATRO PATAS, DOIS CHIFRES E QUE FAÇAM "MU"'
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A Brasília de cada um
- O que está em jogo é o futuro das instituições democráticas. Dá licença.
DAS BELEZAS DA LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA
Pensava assim, intrigado, quando me chegou o seguinte e-mail: “Voltér. Chuva, sol, ventofogo. ar. air. bombas. Sob minha posse está. Vou ter. Vou-te, r. Vovô Tê. Bolaquadrado no triângulo, vírgulas. Sim, o filósofo comigo. Pedrafolha. Chã-chão tronco, jamais. Exijo: recompensa. As mordaças da primavera no inverno outonal são tristes”.
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Não veio assinado, mas pela beleza do estilo, pela pontuação eficaz, pelo sagaz uso de neologismos, pelos trocadilhos inteligentes, pela imensa capacidade de expressão, pela criatividade, pelo caráter inovador do texto, logo me dei conta de que o seqüestrador é algum escritor brasileiro da atualidade.
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(Texto completo, aqui)
CADA QUAL COM SEU INFERNO
Mais encarniçado que Laerte, voltei para a sala a perseguir o infeliz inseto que, covarde e sub-repticiamente, tentava se esgueirar por entre os móveis, para evitar o confronto final, que fatalmente o mandaria para o inferno dos bichos nojentos e asquerosos, para onde vão igualmente depois de mortos os políticos e os apresentadores de programas de auditório.
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(Texto completo, aqui)
A mentira agrada mais do que a verdade?
Anatole France, em A vida em flor, disse que, "sem a mentira, a humanidade pereceria de desespero e de tédio". Renan, bom moço que é, leva o aforismo às últimas conseqüências, com receio, talvez, de fazer o Senado perecer em desespero e tédio. Compreensível. Renan dá a mão, sem saber, a Rosseau, o pai do totalitarismo político, para quem "proferir afirmações falsas só é mentir quando existe intenção de enganar, e mesmo essa intenção, longe de se aliar sempre a de prejudicar, tem por vezes um objetivo oposto". Mas o mesmo Rosseau advertia a dificuldade e raridade de uma mentira ser perfeitamente inocente. É o caso, é o caso.
Camões é poeta, Chico Buarque não. Tolentino é poeta, Noel Rosa não
Aí em cima, o poeta Bruno Tolentino
Para demonstrar o que é e o que não é poesia é facílimo. Olha só:
Camões é poeta:
Os Lusíadas - Canto VIII
“Se César, se Alexandre Rei, tiveram
Tão pequeno poder, tão pouca gente,
Contra tantos inimigos quantos eram
Os que desbaratava este excelente,
Não creias que seus nomes se estenderam
Com glórias imortais tão largamente;
Mas deixa os feitos seus inexplicáveis,
Vê que os de seus vassalos são notáveis.13
“Este que vês olhar com gesto irado
Para o rompido aluno mal sofrido,
Dizendo-lhe que o exército espalhado
Recolha, e torne ao campo defendido;
Torna o moço do velho acompanhado,
Que vencedor o torna de vencido:
Egas Moniz se chama o forte velho,
Para leais vassalos claro espelho.
Noel Rosa não é poeta:
Filosofia
O mundo me condena, e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome
Mas a filosofia hoje me auxilia
A viver indiferente assim
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim
Bruno Tolentino é poeta:
O mundo como idéia
1
Canto, filho da luz da zona ardente,
coisas que vi a luz, sempre estrangeira,
tecer no ar e inevitavelmente
ir baixando com modos de redeira
ao tear deste mundo. A vida inteira
vi me escapar a luz do sol cadente,
e é essa rosa de sangue na fogueira
que agora arranco às dúvidas da mente.
Mente o intelecto que se esquece dela.
Se a pura luz de leste se desdiz,
a cada ocaso há no final feliz
dos números da mente a bagatela
de uma luz de mentira. Contra ela
fui tecendo este canto de aprendiz.
Chico Buarque não é poeta:
Carolina
Carolina
Nos seus olhos fundos
Guarda tanta dor
A dor de todo esse mundo
Eu já lhe expliquei que não vai dar
Seu pranto não vai nada mudar
Eu já convidei para dançar
É hora, já sei, de aproveitar
Lá fora, amor
Uma rosa nasceu
Todo mundo sambou
Uma estrela caiu
Eu bem que mostrei sorrindo
Pela janela, ói que lindo
Mas Carolina não viu
A pessoa pode detestar Camões e adorar Chico Buarque; não enxergar a beleza dos poemas de Tolentino e achar Noel Rosa genial. Mas a preferência não transforma Chico e Noel em poetas.
Letra de música não é poesia; letrista não é poeta. Poeta é Camões, ok?
No dia 14, o Estadão publicou a seguinte matéria:
Poesia une Noel Rosa e Chico Buarque no palco
Chico Rosa chega à cidade após 5 anos em Belo Horizonte
Beth Néspoli
Só mesmo uma licença poética para unir no mesmo palco Noel Rosa (1910-1937) e Chico Buarque. Mas bem que poderia ter acontecido. O autor de Feitiço da Vila, boêmio incorrigível, morreu de tuberculose muito jovem, aos 27 anos. Chico nasceu sete anos depois, mas garoto ainda já era admirador ardoroso da obra do sambista de Vila Isabel. Claro que alguns anos depois eles poderiam cantar juntos, como realmente aconteceria mais tarde, por exemplo, com Chico e Cartola.
Não encontrei na reportagem qualquer migalha de poesia que justificasse o título. Ou, para a repórter, Noel Rosa e Chico Buarque são poetas? Ah, bom, mas se até professores universitários reconhecem Caetano Veloso, Cazuza e Renato Russo como poetas, por que não seriam também Noel Rosa e Chico Buarque? Mas são poetas? Claro que não. E contra isso é preciso lutar. Poeta é Camões, Pessoa, Bruno Tolentino, Dummond, Bandeira, para ficar nos de língua portuguesa. Letra de música pode, num momento ou outro, ter elementos de um poema, mas nao é poesia e seus autores não são poetas. Se alguém disser o contrário, debata. A parada já está ganha, além de ser sempre prazeroso vencer o debate tendo razão.
RECORDE MUNDIAL DE CINISMO ACABA DE SER BATIDO EM BRASÍLIA!
Eis o recorde, estampado há pouco na capa da Folha de S. Paulo on line:
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Renan Calheiros diz que o país acredita na sua inocência
"Como é que se tira um presidente do Senado que é inocente? É a pergunta que o Brasil faz", afirmou Renan, que enfrenta a 4ª representação por quebra de decoro.
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E a reação do mini-tamanqueiro de plantão (de vez em quando ele se manifesta!) , ao ler tamanha desfaçatez:
Tradução das palavras do mini-tamanqueiro: Presidente de Senado que recebe dinheiro de lobista de empreiteira não tem condições morais de exercer o cargo! E ponto final.
BICHO
A certa altura, pressentindo que eu adotara a doutrina da Blietzkrieg, o pérfido bicho subiu aflito no dunquerque. Erro este só comparável à escolha de Alckmin para concorrer à presidência pelo PSDB em 2006, pois o blatídeo acabou encurralado entre as privatizações e o Bolsa Família, digo, entre o vaso de plantas e o som.
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(Texto completo, aqui)
ORAÇÃO DIÁRIA CONTRA OS CAFAJESTES DO SENADO FEDERAL
Já passa do meio-dia. O Sopa de Tamanco pergunta: o caro leitor já cumpriu o dever cívico ? Já chamou de canalhas e cafajestes inclassificáveis os senadores picaretas que armaram aquela palhaçada vergonhosa na semana passada ?
Se já chamou, tudo bem. Missão cumprida.
O dia pode começar.
O PAPA ALEMÃO
O jornal do dia informa : o governador do Rio disse que pediu ao Papa Bento XVI paz no Rio.
Eis o pedido certo para a pessoa certa!
O Papa pensou,pensou,pensou - e ficou de mandar a Guarda Suíça para o Complexo do Alemão.
Em breve.
Especulações mediúnicas e darwinistas - Os tucanos também mamam
- Nada.
EMPREGO
Meu Voltaire sumiu. Não, ao contrário do que se poderia pensar, não me refiro a um livro do satírico iluminista. Eis que não tenho tempo para gastar com inânias como a leitura, a arte, a instrução e outras maravalhas de tal monta, pois preciso antes é de conhecimentos que me propiciem uma boa posição no atual mercado de trabalho, como um curso de tiro ou de bajulação.
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