Quando via ou ouvia qualquer coisa estranha na televisão, minha avó se limitava a pronunciar uma palavra, em tom de exclamação: "Vôtis!"
(o certo, parece, é "vôte!", mas ela pronunciava assim).
Depois, recolhia-se a um silêncio espantado.
Vi outro dia um cantor de bandinha de rock que apareceu numa entrevista com unhas pintadas de preto, piercings espetados no rosto, e, se não me engano, bandana. Depois, começou a falar obviedades e platitudes sobre a situação da humanidade e o estado geral das coisas no Brasil, com ar de quem estava articulando uma nova Teoria da Relatividade.
Uma voz que só eu ouço sussurrou ao meu ouvido:
"Vôtis!"
Recolhi-me ao silêncio.
10 de junho de 2007
A PERGUNTA QUE FAÇO AOS CÉUS - 2
Aquela locutora de aeroporto que anuncia os horários de vôo com voz de quem lê recadinho de namorados em sistema de alto-falante de festa de cidade do interior continua solta?
A PERGUNTA QUE FAÇO AOS CÉUS - 1
Uma dúvida devastadora agita minhas florestas interiores desde hoje cedo.
O inventor do balé aquático ( aquele esporte ridículo, em que as atletas ficam de cabeça para baixo, no fundo da piscina, enquanto os pezinhos esticados fazem malabarismos que assustam as crianças da platéia ) continua solto?
O inventor do balé aquático ( aquele esporte ridículo, em que as atletas ficam de cabeça para baixo, no fundo da piscina, enquanto os pezinhos esticados fazem malabarismos que assustam as crianças da platéia ) continua solto?
Da Campanha "Por um Brasil menos brasileiro"
A Costa Rica é um país democrático, próspero e pacífico. Aboliu o exército há muito tempo. O Brasil deveria seguir o exemplo da Costa Rica e abolir o exército e forças congêneres. O país seria bem melhor, basta folhear os livros de História, mesmo os oficiais.
Bergman, o cineasta, se autoexilou na Alemanha, depois que o fisco descobriu alguns "esquecimentos" na declaração do imposto de renda. A Receita Federal brasileira não pode fazer contra Bergman, mas Roberto Carlos poderia iniciar uma campanha nacional para proibir os filmes do cineasta sueco em todo o território nacional.
Afinal, os militares e os filmes de Bergman acabaram com a juventude de muita gente nos anos 60 e 70. Sem falar em algumas canções de protesto de Chico Buarque. Mas esse é, na opinião sempre lúcida de Gláuber Rocha, a Virgem Maria da cultura brasileira. Necessita, mais do que nunca, de um pijama de Luana Piovani.
CRIANÇAS, SAIAM DA SALA. VOU DIZER QUEM SÃO OS JORNALISTAS
Ninguém me contou ; eu vi, com estes olhos que um dia o crematório de Golders Green há de comer : gente incapaz de pronunciar corretamente a palavra “gratuito”, gente que escreve exceção com dois “s”, gente que constrói frases como “para mim ver”, gente que acha que “sobrancelha” é “sombrancelha”, gente que jura que o substantivo óculos exige o artigo no singular, gente que comete pérolas como “fazem dez anos” – chorai, leitor, é esta a gente que, além de se julgar superior e competente, acha-se perfeitamente qualificada para descrever o que é que aconteceu ontem, o que acontece hoje, o que acontecerá amanhã, esta semana, este mês, este ano , no mundo . Quá, quá, quá.
Pior : é gente que, a sério, exige remuneração superior à de médicos, engenheiros, nutricionistas, agrônomos, veterinários, biólogos e garis. Pausa para risos incontroláveis da platéia do grande espetáculo ridículo. Quá, quá, quá. De novo : quá, quá, quá.
É como se um cirurgião perfeitamente incapaz de manusear o instrumento de trabalho – um bisturi – saísse da sala de operações arrotando grandeza depois de cometer barbeiragens inomináveis no corpo do paciente.
Não existe cena tão risível quanto o desfile de vaidades desprovidas de fundamento. Em nenhuma outra profissão há um abismo tão gigantesco entre pretensão e realidade.
Pior : é gente que, a sério, exige remuneração superior à de médicos, engenheiros, nutricionistas, agrônomos, veterinários, biólogos e garis. Pausa para risos incontroláveis da platéia do grande espetáculo ridículo. Quá, quá, quá. De novo : quá, quá, quá.
É como se um cirurgião perfeitamente incapaz de manusear o instrumento de trabalho – um bisturi – saísse da sala de operações arrotando grandeza depois de cometer barbeiragens inomináveis no corpo do paciente.
Não existe cena tão risível quanto o desfile de vaidades desprovidas de fundamento. Em nenhuma outra profissão há um abismo tão gigantesco entre pretensão e realidade.
Falo com conhecimento de causa sobre imposturas ocorridas em redações . Conheço a raça. Orgulhosamente, faço parte do canil. Sou aquele terceiro vira-lata à esquerda, na penúltima fila.
OS MUROS DE PARIS DE MAIO DE 68 MANDAM LEMBRANÇAS - 3
A humanidade só será feliz no dia em que o último canalha choroso for enforcado nas tripas do penúltimo
O canalha indignado
Na carona do post abaixo, registre-se a praga do canalha indignado.
Neste país, o canalha público é sempre indignado.
As pessoas públicas de bem, quando injustiçadas, se defendem serenas.
O canalha, não. O canalha brasileiro tem um histrionismo de samba-enredo.
Neste país, o canalha público é sempre indignado.
As pessoas públicas de bem, quando injustiçadas, se defendem serenas.
O canalha, não. O canalha brasileiro tem um histrionismo de samba-enredo.
O HOMEM LACRIMOSO
A frase de Godard --- "toda vez que passo diante de uma televisão tem alguém chorando" --- está cada vez mais atualizada pela televisão brasileira. Ligou a TV, segundos depois surge um explorado excluído ou explorador incluído chorando, copiosamente. Nunca se chorou tanto "neste país". É o aggiornamento do homem cordial livresco pelo homem lacrimoso midiático. Um país que chora sem parar na televisão é um país de cafajestes sentimentais, crápulas bolerescos, canalhas românticos, boçais comovidos, congregados marianos pervertidos.
Os militares e os filmes de Bergman acabaram com o país. Contra a nação-chacina. Fora sindicalicalistas. Queremos a volta da nação-chanchada. Queremos Juscelino dançando com Oswald de Andrade no Humaitá, uma terra de mulheres bonitas e sensuais.
O mundo depois de Zelig
Enfim um uso esperto do Photoshop. São pessoas beijando os respectivos clones, numa série intitulada "Autobeijo".
Línqui.
Línqui.
OS MUROS DE PARIS DE MAIO DE 68 MANDAM LEMBRANÇAS - 2
A HUMANIDADE SÓ SERÁ FELIZ NO DIA EM QUE O ÚLTIMO ATENDENTE DE LIVRARIA QUE CHEGA PERTO DE VOCÊ E PERGUNTA "ALGUMA AJUDA?" FOR ENFORCADO NAS TRIPAS DO PENÚLTIMO.
OS MUROS DE PARIS DE MAIO DE 68 MANDAM LEMBRANÇAS - 1
A humanidade só será feliz no dia em que o último operador de telemarketing for enforcado nas tripas do penúltimo
FALTA ALGUÉM NA MULTIDÃO
Toda vez que vejo a Passeata Gay de São Paulo, com seus três milhões de militantes nas ruas, sempre acho que está faltando alguém.
A NOVA MODA DE ROMÁRIO
Logo depois de emplacar o milésimo gol, Romário deu uma longa entrevista a um programa esportivo. Falou as sandices de sempre, típicas dos malas que infernizam as mais de 700 favelas cariocas, mas lançou uma moda: as axilas totalmente raspadas.
Além de ser um exemplo para os jovens artilheiros de como fraudar a contagem dos gols, Romário deveria ser um modelo estético para os diretores de novela. Eles obrigariam os canastrões Tony Ramos, Thiago Lacerda, Marcos Pasquim e outros que exibem suas obscenas suvaqueiras nos horários nobres a adotar o modelito Romário. A depilação a laser do atacante do Vasco também deveria ser adotada por celebridades como Marco Maciel, Silvio Santos, Fernando Collor, Draúzio Varela, Edir Macedo e a cantora Ana Carolina.
Façam como Romário. Embelezem o Brasil: raspem a suvaqueira.
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