9 de dezembro de 2007

Rauschenberg: o picareta!

Mês passado, no Porto, fui com um amigo na Fundação de Serralves. Lá estava sendo realizada aexposição de Robert Rauschenberg. Dizer que aquele senhor é um picareta é usar eufemismo. O sujeito distribui um monte de caixa de papelão suja pelas paredes e chão, ora com uma corda enrolada, ora com uma bicicleta recém-saída de um atropelamento sério, e diz que aquilo é arte. As outras pessoas, estranho, concordam. O pior: tem gente que compra aquela bobagem.

Numa das salas vi um objeto e pensei, uau!, pelo menos algo se salvou, está bem torneado e pintado. Chego perto. Era um extintor de incêndio. Perguntei à moça que lá trabalhava. Não, não fazia parte da exposição. Eu: ah, bem, está explicado.

Deve ter algo de muito errado numa exposição de arte cuja melhor obra é o extintor de incêndio do local.

Impressões de Lisboa

Estou em Lisboa desde 17 de outubro. Constato: há muitos brasileiros em Portugal. Não, mais: há brasileiros em excesso em Portugal. Vê-se o brasileiro imigrante há quilômetros de distância: é o que fala e ri mais alto; e o que cheira a Leite de Rosas. Conversei com alguns imigrantes que reclamaram de preconceito dos portugueses. O português médio e mais velho é tão preconceituoso e chato como o dos demais países. Ou você nunca teve um vizinho intolerável? De um sensanto imigrante brasileiro ouvi a seguinte sentença: “boa parte dos preconceitos contra os brasileiros foram provocados pelos próprios imigrantes brasileiros. Daí sofre todo mundo”.

Mas, divago. Voltando à vaca fria, o grande problema dos imigrantes brasileiros que vêm para cá ganhar a vida e mandar dinheiro para o Brasil é não estarem nem aí para a própria educação numa fase em que poderiam fazê-lo. Passam a ganhar melhor, trazem os filhos, compram carro novo e nada de se educarem. Nem digo educação formal. Falo de aprender sobre o país, provar novas comidas, bebidas, conhecer outros países, pessoas, culturas. Nadica de nada.

O que se faz, normalmente, é tentar criar um Brasil virtual em seus guetos, mesmo que os guetos sejam as próprias casas. Investem tempo e rendimentos nos famigerados churrascos de fim de semana em que o pagode é consumido em abundância com carne e cerveja. Falo dos imigrantes brasileiros em Portugal, mas lembro dos imigrantes brasileiros nos EUA, por exemplo, que sequer aprendem o inglês. E se você entra no perfil do Orkut estão todos lá exibindo seus carros novos e fotos de… churrascos com outros brasileiros. A Europa está muito preocupada com o avanço dos muçulmanos no Ocidente e se esquecem o grande perigo representado pelos imigrantes brasileiros que fazem churrasco com pagode no fim de semana. Imagine se esse negócio contamina toda a sociedade e, daqui a dois séculos, a Europa vire um grande pandeiro fedendo a carne queimada. Deus seja louvado.

Há imigrantes de outros países que se comportam de maneira bárbara? Sim, claro, já ouvi falar, mas não os conheço. E não os quero conhecer, ok?