6 de março de 2008

Vir para Lisboa pela Espanha? Chuta que é macumba!



Matéria do Jornal Nacional diz que dois estudantes brasileiros de mestrado que seguiam para Lisboa foram detidos na Espanha, onde fizeram escala. Não dá para saber pela matéria qual foi o caso. A opinião dos pais e do representante da universidade onde ambos estão matriculados falam em preconceito. Pode ser, claro. Certeza mesmo, ninguém vai saber. A não ser que os responsáveis pela detenção, acometidos de uma profunda dor moral, comecem a gritar como um personagem de Nelson Rodrigues: "Sou um preconceituoso! Um grande pecador! Um grande pecador, ouviram bem?" Mas isso, claro, não vai acontecer.

Funcionários de governo que trabalham em embaixadas, setores de imigração ou quaisquer departamentos correlatos são gente, digamos, especiais. Agem ao sabor do humor do dia. Ou da hora. Ou do café que esfriou. São previsíveis em suas imprevisibilidades.

Conheço vários estudantes brasileiros que fizeram escala na Espanha antes de chegar aqui em Lisboa. Tudo certo, tudo normal. O máximo que um deles sofreu de abuso foi aturar o vizinho de cadeira cantarolando uma música do Julio Iglesias, o que me lembra a resposta do Francis quando perguntado se havia sido torturado durante a ditadura militar: "sim, o carcereiro ouvia Wanderléa o dia inteiro".

EXTRA! EXTRA! Novo romance de Paulo Francis!

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Quando li pela primeira vez os romances de Paulo Francis fiquei angustiado. Angústia provocada pelo turbilhão de salitre e breu (copyright William Blake) que jorrava do Cabeça de papel e Cabeça de negro. Os dois volumes foram todos rabiscados. Muitas vezes tinha que voltar páginas para entender personagens que entravam e saíam sem qualquer explicação, aceno, bye, bye, so long, farewell.

Deixei os livros dormindo alguns anos na estante. Ainda ficava incomodado por não ter conseguido entrar nos romances. E só se insiste dessa forma, antes de considerar o escritor uma besta sem talento, se se pensar que há algo de valor escondido pela linguagem alucinada e inside joke de uma época que não a sua. O que fiz? Abria os livros em qualquer página e lia o parágrafo no qual a vista primeiro focalizava. O parágrafo levava a outro e lá ia Garschagen atravessando mais páginas do que deveria. “Do que deveria” porque a idéia era ler os romances de forma fragmentada, como extratos do Diário da Corte. Deu certo, comigo.

Leio hoje na Folha (assinante) sobre o lançamento do romance que Francis deixou escrito. Se for como os outros, lerei o livro inteiro para depois aproveitá-lo em doses homeopáticas. Ter Francis, o precursor dos blogues de qualidade, em evidência é sempre bom, sempre civiliza.

O livro-confusão de Francis

Chega às livrarias “Carne Viva”, romance inédito de Paulo Francis que teve sua publicação adiada por mais de dez anos e sofreu modificações

Paulo Francis na redação da Folha, em 1982; livro inédito “Carne Viva’ chega às livrarias no próximo dia 15, com mudanças feitas nos originais deixados pelo autor

MARCOS STRECKER
DA REPORTAGEM LOCAL

Waaal… Demorou dez anos, mas finalmente ficou pronto. Chega às livrarias no próximo dia 15 o aguardado romance inédito de Paulo Francis (1930-1997), prometido há mais de uma década e que fecharia o ciclo iniciado com “Cabeça de Papel” e “Cabeça de Negro”. Antes mesmo da sua publicação, “Carne Viva” já tem uma longa história. A começar pelo título, que originalmente seria “Jogando Cantos Felizes”.

"Quem quer democracia? Na minha é R$ 20, só R$ 20!"

É assim que governos democráticos resolvem questões diplomáticas:

06/03/2008 - 08h28
da Folha Online

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou que a crise diplomática com a Colômbia pode afetar o comércio bilateral e insinuou que poderia nacionalizar empresas colombianas no país.

“Vamos fazer o mapa das empresas colombianas na Venezuela. Poderíamos nacionalizá-las (…) e as que temos lá na Colômbia teremos de vendê-las”, disse.

“Tudo o que pudemos alcançar, chegamos a US$ 6 bilhões de intercâmbio comercial, veio abaixo”, afirmou em entrevista coletiva após uma reunião com o presidente equatoriano, Rafael Correa.

Chávez disse que a Venezuela prepara medidas para evitar que a crise diplomática, provocada pela operação de tropas colombianas no Equador para atacar as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), afete as economias de Caracas e Quito.

“Façamos um convênio comercial porque não podemos depender nem de um grão de arroz da Colômbia”, propôs Chávez a Correa, que chegou a Caracas na noite desta quarta-feira, na terceira etapa de uma viagem por vários países latino-americanos para buscar apoio.