27 de novembro de 2007

UM TRATO NA LÓGICA

Áustria, década de 40. Um grupo de universitários, Paul Feyerabend à frente, organiza seminários onde se discutem fundamentos de teorias científicas. Tema principal: o problema da existência do mundo exterior.

De passagem pela cidade, um filósofo muito influente nas rodas ilustradas da capital austríaca é convidado para ajudá-los na discussão. Ele é especial.

É chegada a hora. Feyerabend expõe para uma audiência de eminentes filósofos e cientistas um resumo das investigações em curso naquela sociedade estudantil , espécie de versão júnior do Círculo de Viena. Não satisfeito, dá algumas sugestões de como prosseguir com os trabalhos.

Ato contínuo, o convidado especial (que chegara com mais de uma hora de atraso) interrompe, da platéia, o palestrante. E exclama: "Pára! Assim não dá!" É Ludwig Wittgenstein, poucos minutos depois de chegar ao auditório.

DOSSIÊ HISTÓRIA, O LIVRO-REPORTAGEM: A PALAVRA DE TESTEMUNHAS E PERSONAGENS DE FATOS QUE ABALARAM O MUNDO!

O locutor-que-vos-fala interrompe a programação normal para dar uma notícia que parece movida por interesse próprio, mas não é. O leitor caridoso pode se interessar também!

Chega às livrarias esta semana o DOSSIÊ HISTÓRIA , um livro-reportagem que traz o que a TV, por absoluta falta de tempo, não mostra: depoimentos completos, na íntegra, sem qualquer corte. Cenas de bastidores. O que se esconde por trás das reportagens. Os personagens do livro-reportagem são testemunhas e personagens de acontecimentos que, literalmente, abalaram o mundo.

O DOSSIÊ HISTÓRIA - um lançamento da Editora Globo - traz depoimentos do professor de Mohammed Atta, o estudante de aparência pacata que viria a se transformar no chefe dos terroristas que perpetraram o maior ataque terrorista da história, o 11 de Setembro. Atta, um egípcio, chegou à Alemanha para estudar arquitetura. Terminou recrutado por um olheiro da Al-Qaeda. Virou um terrorista suicida. Além do professor, o livro publica entrevistas completas com gente que conviveu intimamente com Mohammed Atta: um retrato falado do super-terrorista.

Você vai encontrar também, no DOSSIÊ HISTÓRIA, um depoimento do palestino que ouviu os segredos de Bin Laden numa caverna no Afeganistão. O que Bin Laden terá dito a ele ? E mais: uma entrevista com o agente alemão que tentou mas não conseguiu salvar os atletas israelenses atacados por terroristas palestinos nas Olimpíadas de Munique; as confissões do ex-soldado nazista que, aos oitenta e cinco anos, fala sem meias palavras sobre as atrocidades que cometeu;
o desabafo do filho de um carrasco nazista que até hoje faz companha contra o pai; o drama da mulher que descobriu que tinha um criminoso de guerra na família. Também: a palavra do militante que causou escândalo na Europa ao declarar que estaria disposto a se sacrificar como homem-bomba. Por fim, o DOSSIÊ HISTÓRIA traz um capítulo extra com um personagem que dá um aula de jornalismo: o "jornalista que derrubou um presidente".

Sou suspeitíssimo para falar, mas, dou um palpite: vale a pena embarcar nesta expedição rumo aos bastidores da história.

DOSSIÊ HISTÓRIA não é tese nem análise. É cem por cento reportagem. O jornalismo vive de quê ? De memória. O papel do repórter, como se sabe, é tentar reconstituir da melhor maneira possível o que aconteceu de importante. Não existe fonte melhor do que a palavra de quem viu e ouviu.

E a palavra de quem viu e ouviu é justamente o que você encontrará em DOSSIÊ HISTÓRIA - que começa a chegar agora às melhores casas do ramo.

Fim do intervalo.

http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?nitem=3223440

Agora vai!

'Brasil muda de patamar e ingressa em grupo de alto IDH, aponta ONU'

'"Nós somos abençoados por Deus", afirma Lula sobre PNUD

'Morador de rua pode ter sido atacado por rival, afirma polícia'

'Para delegado, garota presa com homens no PA "tem debilidade mental"'

'PM morre baleado durante operação em favela do Rio'

'Morre bebê abandonado em lata de lixo na Grande São Paulo'

TV Tamanco - Autoridades baianas promovem jogo pela paz nos estádios

Gross phrasen afacalhäden

'O ESTÁDIO DE FUTEBOL É UMA CAIXINHA DE SURPRESAS.'

Jacques Richard Wagner, compositor de 'O baiano voador' ('Der fliegende Baiänen')

DEPOIMENTO

"Meus problemas começaram já na alfabetização, quando descobri que meu time se chamava Coritiba. O time ser ruim, tudo bem. O negócio é aquele 'o', pô."

Paulo Polzonoff Jr., atriz e modelo.

"OS INGLESES NÃO SÃO SÉRIOS"

Burgess apud Moraes Neto:

"A crítica é um negócio, uma ocupação, um metier, algo que os críticos fazem para viver. Sempre se esperou dos críticos da Inglaterra que divirtam os leitores e sejam "criativos" e destrutivos - não que eles façam o que deveriam fazer: estabelecer o que é um livro e examiná-lo seriamente. O que os críticos fazem não é sério.

Vou além: os ingleses não são sérios. Trocam qualquer coisa por uma boa risada, porque têm um grande senso de humor (Burgess fala dos ingleses na terceira pessoa do plural, sem se incluir). Acontece que este senso de humor é excessivo. Os franceses levam as coisas demasiadamente a sério. Já os ingleses não levam nada a sério o bastante."

(Mais, aqui)

NEGO E REPILO

A postagem anterior do sr. Polzonoff é uma mentira deslavada. Aqui em casa não tem telefone. Eu quero é ver sangue.

PITNAZIS

"Ninguém perguntou, mas declaro, diante deste egrégio tribunal, que tenho horror a cachorros. Os bichos só são toleráveis em cinema. Não existe nada pior que cachorro fungando a perna dos outros dentro de elevador. Se houvesse justiça neste planeta desperdiçado, quem botasse cachorro dentro de elevador pegaria cinco anos de cadeia automaticamente, sem direito a apelação."

(Mais, aqui)

A bipoladidade é uma merda

Há cinco minutos toca o telefone aqui em casa:

- Paulo?
- Eu, claro. Você ligou no meu celular, animal.
- Sou eu, Marconi.
- É o único animal com quem falo.
- Você tá chateado com o que eu escrevi? - pergunta ele. - Foi brincadeira!

Depois o cara me escreve isso daqui. Pode?

Caros leitores, tudo aqui é brincadeira. Nós nos amamos e vamos fundar uma comunidade hippie baseada nos preceitos da tamancada ética. Please. E sobre meu texto sobre o fim das amizades, caramba, não tem nada a ver com o Sr. Marconi Leal. O texto foi escrito há mais de uma semana.

Extra! Extra!

Fausto Wolff anuncia seu próximo lançamento. Vai se chamar O Subpensamento Vivo de Fausto Wolff. Imperdível!

"Realmente este livro é uma maravilha! Escrevê-lo foi muito fácil. Com este negócio de computador, basta usar três teclas, combinadas: ctrl, c e v.", declarou o monstro sagrado do jornalismo de esquerda brasileiro.

Melô do dia

(para Marconi Leal, claro)

Adocica,
meu amor,
adocica.
Adocica,
meu amor,
a minha vida
ô!

Reparem como, genialmente, adocica rima com adocica e, depois, com vida. E como amor rima com ô.

Doe agora ou cale-se para sempre

Queridos leitores,

Precisamos de sua contribuição financeira. Nosso querido colaborador, amigo e, infelizmente, humorista Marconi Leal precisa de tratamento médico. O pobre-diabo nasceu com uma doença incurável que só agora está se manifestando em sua forma mais agressiva. A doença, sem nome para os leigos, é causada por um vírus que se aloja na criança assim que ela vem ao mundo, o Burricis recifensis. O tratamento é feito à base de muito mandacaru e pau-do-índio. A chance de sucesso, infelizmente, é de 2%. Mas precisamos tentar.

Aceitamos cartões de crédito, claro.

COITADO

Só existe uma condição pior do que a do maníaco depressivo: a do sujeito que acha que tudo o que se escreve no mundo se relaciona com ele.

UIA! PAULO POLZONOFF DANDO UMA DE HUMORISTA!

Tendo escrito mais um de seus ““ensaios”” (as aspas a mais são necessárias, acredite, leitor), pérola do adocicamento digna de página da Veja, Polzonoff quer dar agora uma de humorista.

Na tentativa de ser engraçado, faz o que ele próprio condena: contextualiza. Respostas à altura da ignorância apontada? Pra quê, se a gente pode usar Chico Anysio como escora?

O homem-que-escreve-crônicas-que-chama-de-ensaios é superior a isso. Como não seria convincente se fazendo de inteligente, tenta o humor, com péssimas conseqüências para os leitores.

Te aquieta, Cotoco. Melhor voltar a publicar livros do Alexandre Silva.

Pesos & Medidas

Só tem uma coisa pior do que cara que escreve sombrancelha: cara que escreve estadunidense.

Brasil, um país livre como... a China

O MP está de olho no Programa do Jô. Não, não por causa da qualidade do programa, e sim porque Jô Soares, durante uma entrevista sobre alguma coisa que citava aquela delicada e linda operação a seco que se faz nas meninas negras da gráfica para remover o (inútil) clitóris, o apresentador aparentemente fez uma piada.

Sim, meus amigos, uma perigosa piada.

Pelo que li, o MP "investiga se houve preconceito". Caramba, eu não sabia que era proibido ter preconceito. Quero dizer, será que eu vou ter mesmo que ouvir o próximo disco da Maria Rita para dizer aos meus amigos que é uma porcaria? Sim, porque saber de antemão é um preconceito.

Ou melhor, pré-conceito, como preferiria Décio Pig-natari.

Está lançada a campanha: DEIXEM O JÔ EM PAZ.

(Por mais que eu, pessoalmente, não goste do Jô.)

Uia!

Marconi Leal dando uma de inteligente? Citando até o sábio filósofo Chico Anysio, quase tão grande em importante quanto Caetano Veloso. Tremei!

O contexto é a mais bela desculpa intelectual do século XX. Serve para tudo. O genocídio dos judeus na Segunda Grande Guerra? "Você tem que entender o contexto". A grande fome durante a Revolução Cultural na China? "Mas aquilo aconteceu em determinado contexto..."

Os modernistas de 22 eram uns ingênuos. Queriam a liberdade. Eu era assim também quando tinha 17 anos. Pré-hippies, eles achavam que tudo que fosse uma regra era um problema. Daí a frase de Mário de Andrade.

O problema, aliás, nem é a frase, e sim o uso que se faz dela para se justificar toda a liberalidade possível.

Mas é o que dá o cara ser alimentado com mandacaru quando é criança. Vira humorista. Coitado.

EUCLIDES INAUGURA CATEGORIA CORNOLÓGICA: CORNO-ESCRITOR

Do blog de Serbão:

"Não bastasse estudiosos revelarem que, na verdade, a imperatriz do Egito Cleópatra era uma baranga...que o Brasil iniciou sua Independência numa cagada imperial...e que, ao contrário da lenda urbana, não foi o presidente francês Charles de Gaulle que percebeu que o Brasil não é um país sério... ...agora o pessoal vem virar a história da morte do Euclides da Cunha. Recapitulando: o autor de "Os Sertões" era bom de pena, mas péssimo de pontaria. Quando passou a usar peruca de touro, pegou um revólver e foi vingar a honra."

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REPÚBLICA

Tudo bem que na República de Platão não havia poetas. Mas também não havia jornalistas.

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