13 de outubro de 2007

A bagagem cultural do Mito GMN


Sobre Mito e Carl Bernstein

Decadência dos tempos inexistir um vate como Ibrahim Sued para imortalizar, nas folhas que hoje servem de tapete de canário, a noite em que Mito e Carl Bernstein elevaram a inteligência média da humanidade.

Elevaram simplesmente estando frente a frente, lado a lado e em todas as combinações permitidas quando piadas corporais são encenadas por seres superiores num salão digno de reunir a nata da sociedade civil do nosso querido país.

Estava lá o Capitão Nascimento, envergando a camiseta vermelha e a sunga de salva-vidas que fazem a delícia das viúvas do nobre bairro da Urca, onde ocorreu a longa noite dos cristais de metadona.

O jovem Pároco do Rosário, sucessor do Bispo do Rosário, tecia um manto invisível, no qual sua persistência artística insistia em tentar bordar caricaturas de Mito e Bernstein, para deleite dos convivas mais sensíveis.

Já o pré-candidato democrata Barack Obama, em visita clandestina a São Sebastião do Rio de Janeiro (sempre modesto, o Obama), jogava truco numa roda abrilhantada pelos intelectuais Luciano Huck, Bruna Surfistinha e Mangabeira Unger.

A sra. Mônica Veloso autografava cópias piratas da 'Playboy', numa tenda armada em plena varanda.

Os srs. Caetano Veloso e Gilberto Gil, vestidos de maneira mínimo-tropicalista, divertiam-se a valer, na mesma varanda, graças à pequena piscina de gel em que puderam matar saudades de seus tempos de jovens lutadores de wrestling.

Ainda na varanda, na qual acampavam diversos integrantes do MST, uma banca da Febraban distribuía empréstimos, prometendo juros camaradas.

A classe política nativa se fazia presente, por obra e graça do senador José Sarney. Sempre traquinas quando não diante das lentes, o senador atirava marimbondos de fogo num telão de LCD armado sob o patrocínio da Gamecorp.

A Gamecorp tinha todo o interesse na exposição da engenhoca naquela reunião.

A próspera empresa convencera o sr. Sarney a adaptar toda a sua obra literária para os consoles do Nintendo Wii, inovando os conceitos de literatura-força e de literatura-arte. E ali estava a projeção cabal do gênio humano.

Por sinal, o dispositivo instalado pela Gamecorp pôde permitir o desnudamento de uma até então desconhecida qualidade do eterno companheiro Bob Woodward. Ele entrou ao vivo, diretamente de um dos 269 lavabos da Casa Branca, para desfazer de vez os boatos de que ignoraria a umbigada e o lundu.

Enquanto, pelo microfone, o colunista Diogo Mainardi cantarolava sucessos de Zeca Pagodinho, o sr. Woodward requebrava, solerte, toda a história do samba. Sem dizer palavra.

Na cozinha, o imortal Zé Bonitinho penteava as sobrancelhas da sra. Malu Mader.

A sra. Luciana Gimenez, mais introspectiva, sorvia cada página de uma edição em esperanto de 'Ulysses'. Ela estava sentada na sala, numa poltrona dos Irmãos Campana, feita de urnas eletrônicas.

Num lance de ousadia do cerimonial da festa, o buffet instigava, posto que era servido pela Cia. de Dança Deborah Colker, mediante trapézios que dinamizavam as bandejas e borrifavam o champagne e salpicavam hours d'ouevres de modo magistral.

A Banda Calypso tentava animar os já animados presentes, reclamando da necessidade de o couvert artístico só poder ser pago com cartão de crédito.

O Coro dos Canarinhos de Petrópolis comportava-se à altura do evento, trancado no closet da anfitriã, sem maiores alardes.

A decoração, toda ela a cargo da Procuradoria, harmonizava elementos do Banestado, da Máfia dos Sanguessugas e da Operação Hurricane.

Havia, por exemplo, um bicheiro empalhado num canto da sala.

Seringas cravadas nas paredes, notas de dólares arranjadas à guisa de móbiles que fariam Alexander Calder se mudar para a Oficina Brennand, colarinhos brancos arrematando pescoços de alcaçuz - que magnífico ambiente para o tão esperado encontro de Mito e Carl Bernstein.

Moças modernas demonstravam a naturalidade intrínseca dos silvícolas praianos, enquanto representantes da Clínica Pitanguy verificavam a gravidade do atmosfera a um só tempo lúbrica e erudita, sob os protestos da também clandestina artista Yoko Ono.

A sra. Ono teimava em bailar nua para chamar a atenção da elite para a fome que grassa no submundo.

Os integrantes do MST tratavam de acompanhar o protesto, recolhendo os fios de Miojo que a artista atirava ao léu.

Comovida com a performance, a sra. Marlene Mattos chorava, sentada no sofá revestido de penas de ave-do-paraíso.

Uma projeção holográfica do poeta Bruno Tolentino fazia rimas de improviso, a partir de textos de Reinaldo Azevedo, acompanhada pelo maestro Isaac Karabtchevsky, que alegremente batucava uma caixa de fósforos vienenses.

Foi quando Mito e Carl Bersntein adentraram o salão.

A Banda Calypso, já resignada diante do problema do couvert artístico, atacou de fox-trot.

Carl Bernstein imediatamente tirou Mito para dançar.

A dupla foi saudada por uma salva de aplausos que os agentes do SDT puxaram em vão.

Sem perder a fleugma, os srs. Paulo Polzonoff Jr., Amin Stepple, Marconi Leal e este que subscreve o post desistiram das palmas e tornaram a dialogar com as moças modernas, que entretanto só tinham olhos para os saltos do sr. Chiquinho Scarpa.

Subitamente deprimido, o sr. Marconi Leal trocou-se: abandonou as vestimentas de Ronald McDonald - ele acreditava estar em pleno Tríduo Momesco - e tornou a travestir-se de Carmem Miranda, na esperança de assim galvanizar o interesse dos circunstantes. Infelizmente o estratagema revelou-se inútil.

Foi preciso o Capitão Nascimento aplicar todo o arsenal de psicologia que lhe deu fama para desgrudar o sr. Marconi Leal da garrafa de Teacher's.

Mito e Carl Bernstein evoluíram graciosamente, a despeito das sucessivas rasteiras que Mito aplicou no repórter derrubador.

Mito era capaz de rodopios inauditos, como se não estivesse trajando seu pesado aparato de cavaleiro medieval.

Bernstein, por seu turno, tinha nas ceroulas cáqui e nos pés descalços uma leveza de vestal entre cangaceiros.

A mútua patolagem energizou o ambiente.

Todos os convidados preencheram a pista de dança, no afã de seguir os passos da maior dupla de jornalistas a que a Urca jamais assistira. Um único senão: os estudantes de jornalismo pisoteados em função do referido afã.

Quando a contradança teve de ser encerrada, a pedidos de uma delegação da ONU que, de passagem marcada para Myanmar, por engano viera parar em São Sebastião do Rio de Janeiro, a poesia já estava escrita no ar.

O desfecho da noite, os leitores deverão dar asas à imaginação para compor. Por recomendação médica, e por aconselhamento de meu rábula, abstenho-me de enfrentar tamanha epopéia até o fim.

O fim dos mártires


- Não se preocupe, bobinho. Tudo está bem agora. A pauta vai ser destrancada.

Vítima da imagem - Imagem da vítima


- Rápido! Este homem está morrendo! Tragam um senador!


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Uma antiga tese e o filme

"Tropa de Elite" confirma uma antiga tese já exposta neste blog: a questão do Rio de Janeiro poderia ser resolvida facilmente pelo Sendero Luminoso fase Fujimori ou a Farc. O "senhor da guerra" Sergio Cabral deveria assinar um convênio BOPE/Sendero/Farc. Em poucas semanas, o Rio seria Genebra.

Daniel Filho, rebaixado de patente

Tropa de Elite, sucesso de pirataria e certamente sucesso de bilheteria, destrói todos os conceitos-baboseiras orais e teleenlatados dos cineastas do Projac, cujo capitão do time é Daniel Filho. Ivan Lessa tem razão: o povo gosta de sangue e tortura na tela, não do besteirol caça-níqueis. E o cara ainda leva a "patroa", no sábado à noite, ao cinema para assistir a Tropa de Elite. Ao chegar em casa, acende um baseado, imita a ficção e mete o cacete na mulher. Isso é metacinema.

Tropa de pirataria

Ao invés de se lamentar contra a pirataria do seu filme, o diretor José Padilha deveria encomendar um documentário sobre a pirataria da Tropa de Elite. Segundo a Veja, onze milhões de pessoas já assistiram à versão pirata. Isso é metacrime, por que não metacinema?

Mais de quarenta anos de solidão

Qual é o problema da turma de Ipanema comprar drogas nos morros e favelas? Como é que a FARC vai derrubar o governo colombiano se não existir usuário da mercadoria que os guerrilheiros vendem? Paciência, os caras envelheceram nas montanhas e selvas colombianas, as dunas de Ipanema devem contribuir, até por solidariedade, com a geriatria revolucionária.

Parabelo ou falobelo na mão?

Ainda não assisti ao filme Tropa de Elite, mas , pelo que já li, esse capitão Nascimento, do Bope, não passa de um Antonio das Mortes pitbicha. Vou assistir à versão pirata.

O DIA EM QUE BERNSTEIN TENTOU PASSAR A MÃO NA BUNDA DE MORAES NETO

Bernstein, a quem GMN, o popular Meridiano de Geneton, entrevistou e de quem arrancou confissões nunca dantes publicadas, fez coisa muito mais importante que derrubar presidente americano. Como César e Antônio, comeu Cleópatra, a atriz Elizabeth Taylor.

E outra. O que, por modéstia, o Mito não diz é que Bernstein lhe afirmou, impressionado, ao final da entrevista: "Você é muito bom no que faz. É uma das melhores entrevistas que já dei para TV". Isso e também tentou passar a mão na bunda de Geneton que, como bom pernambucano, se encostou na parede.

A primeira parte da entrevista vai ao ar amanhã, às onze da noite, na Globonews, dentro da série "Dossiê História", com reprise na segunda-feira às onze e meia da manhã e cinco e meia da tarde.

Mulher bonita não paga. Feia também não.

FUNCIONÁRIO DO MÊS


Paulo Polzonoff Jr.

GIGANTES DEFINIÇÕES GEOGRÁFICAS ADORMECIDAS: BRASIL

País sul-americano de solo fértil, em cujo subsolo se encontram inúmeras jazidas minerais, nele se consegue produzir ou dele se extrai quase tudo. Menos filósofos. Devido a tal carência e em caso de necessidade, os brasileiros costumam usar Paulo Francis e Caetano Veloso como pensadores.

DEUS E O PINTO

— Não tá gostando, abilolado?
— É muito sujo.
— Ha! Você precisa ver quando eu criar o Congresso brasileiro.
— Além disso, fede, é quente, mal-iluminado...
— Espere só até conhecer o Recife.
— ... e apertado demais.
— Apertado! O que não é a falta de parâmetros. Tente passar o mês com um salário mínimo no futuro Brasil.
— Além do mais, dói pra entrar.
— Que é que você queria? Qual seria a graça caso não houvesse dor pra, depois, se alcançar o prazer? Olha... isso dá até uma bela teologia, hein? Taí, você me deu uma idéia. Vou inspirar um livro nesse sentido. Mas peraí, dói? Onde é que você... Burronaldo! Você tá no lugar errado! Seu jumentildo! Sai já daí!

(Texto completo, aqui)