14 de agosto de 2007

ABERTA A TEMPORADA NACIONAL DA IMPLICÂNCIA

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Diante do espanto provocado por pronúncias esquisitas ("dizoito", "murango", culégio"), o Sopa de Tamanco declara oficialmente aberta a temporada nacional da implicância. A partir de hoje, os tamanqueiros se dedicarão em tempo integral ao saudável exercício de listar as idiotices que merecem ser combatidas com doses maciças de implicância, três vezes ao dia.

Um exemplo ?

Por que diabos nove em cada dez frases pronunciadas em solo de São Paulo começam com a palavra "então" ?

DÚVIDA NORDESTINA

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Depois de anos & anos no Rio, confesso esta fraqueza: nunca entendi por que os cariocas dizem "murango". O certo não é morango ? E por que diabos dizem "culégio" ? O certo não é colégio ?

Pior do que "murango" e "culégio", só o "dizoito" que tanto atormenta os tímpanos do co-tamanqueiro Amin Stepple.

DAS DELÍCIAS DA ALIMENTAÇÃO ALTERNATIVA

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Só depois que passei a comer soja numa quantidade razoável foi que desvendei o grande mistério da levitação. Afinal de contas, a quantidade de gases que a fermentação do dito grão provoca seria capaz de fazer subir pelos ares até um elefante, quanto mais um faquir. Isso, se o animal conseguisse ficar na posição do lótus, claro.
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Sem dúvida esta é a maior razão por que o incenso é tão popular na Índia. De outra forma, seria impossível respirar no país.
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(Texto completo, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/04/vegetarianismo.html)

PEQUENO DICIONÁRIO PEDAGÓGICO. VERBETE DE HOJE: ADOLESCÊNCIA

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Adolescência é a fase da vida em que usamos tanto de racionalidade e bom senso quanto o Departamento de Defesa americano.

ESCOLHAS SALOMÔNICAS

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— Entre Emir Sader e Olavo de Carvalho, você fica com quem?

— Com o suicídio.

Grandes diálogos eletrizantes

Fernand:
- O que aconteceu com sua misericórdia?

Edmond Dantes:
- Eu sou um conde, não um santo.


Luiz Paulo Conde de Monte Cristo

Reconfigurando o espaço vital


O SDT orgulhosamente apresenta o protótipo masculino do novo assento ergonomicamente correto a ser adotado pelas nossas queridas companhias aéreas.
O protótipo foi denominado Vamos Nelson Jobim.


Grandes idéias desperdiçadas

Finalmente o Executivo apresenta uma idéia que, colocada em prática, trará muita prosperidade ao nosso querido Brasil.

O recall de políticos.

A idéia está escondida numa fala do ministro Hélio de Costas, acerca da condição de intocável dos sábios das agências reguladoras:

"Eu, como senador, acho que esse procedimento em que você fica impedido de trocar um colaborador de cinco anos é complicado. Evidentemente, tem que haver um dispositivo em que se você chegou à conclusão de que um dirigente não esta correspondendo, faz um 'recall' dele. Cabe ao congresso essa discussão", afirmou Costa.

A idéia só sairá do papel, porém, se os pardos IBGE tiverem o direito de escolher, pelo voto, os integrantes das massas que compõem a Esplanada dos Mistérios.

'O PMDB do Rio de Janeiro iniciou na manhã de hoje o recall de 35 integrantes de Furnas da cota do partido.
Como os brinquedos chineses da Mattel, os integrantes são pintados com alto teor de concentração de chumbo, e os kits que os acompanham contêm pequenos ímãs que podem ser engolidos ou aspirados pelos eleitores mais distraídos.'

A DOCE ILUSÃO : PUBLICAR LIVROS

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O Departamento de Blogs do planeta Terra funciona assim : um cita o outro - que cita o outro, numa corrente sem fim. O blog Todoprosa.com.br traz um link para uma radiografia do mercado editorial. O Sopa de Tamanco pede licença para repetir o link.

Por trás de toda discussão, fica no ar uma pergunta: por que, afinal, um autor novo tenta a todo custo publicar um livro por uma grande editora, se um número equivalente de leitores pode, em tese, ser atingido via Internet ? Não é mais fácil,mais prático, mais rápido e menos dispensioso expor um texto num blog ou num site ?

Arrisco-me a dizer: autores preferem enfrentar a ciranda das editoras porque nada, nada, nada conseguiu, até hoje, substituir o "fetiche" do objeto-livro. Nada é tão prático, nada é tão portável, nada é tão "guardável". Um blog, neste caso, não serve como substituto. São duas "plataformas" distintas, para usar palavra tão de agrado dos comunicólogos.

Os textos que povoam a Internet podem até ficar estocados por décadas e décadas, ao alcance de qualquer busca do Google. Não são,portanto, tão perecíveis. O "problema" é que, independentemente desta eventual permanência, tudo o que circula na Internet carrega, tatuada na pele luminosa dos monitores, a marca da transitoriedade : tudo parece fugaz, rápido, fugidio. Já o livro sempre ostentou, por todos os séculos, uma nobreza que permanece intocada : a da permanência.

Quando desembarca numa biblioteca, um livro, por mais medíocre que seja, pode não sobreviver como obra literária, mas resistirá como objeto. Com cem por cento de probabilidade, terá uma vida incomparavelmente mais longa que a do autor. Um dia, quem sabe, um livronauta pousará na biblioteca para folhear aquelas páginas. Feitas as contas, a doce ilusão da permanência é que move um autor a enfrentar a empreitada de publicar um livro. É como se o eterno jogo de esconde-esconde com a morte pudesse ser, ilusoriamente, resolvido com uma arma de papel.

Eu me arrisco a dizer que todas as outras motivações são secundárias.

Quem entende como funciona a máquina de fazer livros pinta este retrato:

"Com o meu ponto de vista de quem trabalhou vários anos numa editora de grande porte, acho curioso que tanta gente boa tenha tanta vontade de ser editado por uma dessas ditas grandes casas editoriais. Porque, pela minha experiência, isso não ajuda em nada. Não sei se tem a ver com um desejo muito forte de reconhecimento, de ser notado pelo meio editorial, supostamente por especialistas (nhé!, duplo nhé!). Mas rola esse fetiche da distruibuição nacional, de ter os livros expostos em livrarias, essas coisas que não passam disso mesmo: fetiches. O resultado prático disso é o que vocês já podem imaginar: nenhum. Um autor brasileiro desconhecido que tem um livro lançado por uma grande editora não vende. As pessoas não compram, ora. Sei lá por quê, com certeza há vários motivos na psique do consumidor brasileiro de livros (essa figura misteriosa). Mas já vi investimentos razoáveis em marketing, anúncios, até resenhas boas, nada disso faz as vendas decolarem. Nada".

( aqui, o texto completo:http://terapiazero.blogspot.com/2007/08/divagaes-sobre-o-mercado-editorial.html)

Da sabedoria chinesa

"QUEM NÃO ECONOMIZA AGONIZA."

Mattel Kung

TV Tamanco - Zen e a arte de disputar prévias


"O VOLUNTARIADO OBRIGATÓRIO" DA PROFESSORA

Do blog de Antonio Fernando Borges:

"Foi com olhos de escândalo e ouvidos de incredulidade que testemunhei, dias atrás, a professora sugerir à entrevistadora num programa qualquer (o susto foi tão grande que nem guardei o canal): “Acho que os pais deveriam obrigar seus filhos, desde cedo, a prestarem algum tipo de trabalho voluntário à comunidade”.
Os grifos são meus; o espanto também. Pois, acima da própria idéia sinistra de colocar a família e a criança a serviço da coletividade, chocou-me na afirmação da entrevistada o paradoxo – um voluntariado obrigatório!! – que nem ela nem a repórter pareceram perceber".

(aqui: http://www.antoniofernandoborges.com/)

Por um novo jornalismo

O jornalismo perdeu muito com a tirania das perguntas excessivamente objetivas. Para se compreender a realidade brasileira é preciso usar uma taxa extra de nonsense, em especial quando se entrevista personalidades públicas e administrativas. Essa busca cartesiana pelos fatos tem confundido os leitores. Não faz mais sentido se perguntar às autoridades:"quando acaba a crise aérea?". Isso é uma bobagem. A pergunta deveria ser de outra natureza, mais inspirada, que sugerisse devaneios, coerentes com os desvios dos trópicos. Por exemplo: algum repórter, de preferência descendente de Silvio Caldas ou Orestes Barbosa, deveria, na próxima coletiva com o ministro Nelson Jobim, fazer-lhe apenas uma pergunta: "ministro, quando voltaremos a pisar nos astros distraídos?" O ministro, esqueceria a arrogância que lhe é característica, e responderia, solenemente: "minha vida era um palco iluminado, eu vivia vestido de doirado, palhaço das perdidas ilusões . . . Cheio dos guizos falsos da alegria, andei cantando a minha fantasia entre as palmas febris dos corações".

E quando se questionasse o presidente Lula sobre o avanço dos produtos têxteis chineses, que estão acabando com a indústria brasileira de confecções, o repórter formularia a pergunta, desta forma: "presidente, festa dos nossos trapos coloridos, a mostrar que nos morros mal vestidos, é sempre feriado nacional?" E o presidente, sempre muito perspicaz, "macunaímico" (leiam a reportagem com FHC na Piauí), responderia: "nossas roupas comuns dependuradas, na corda qual bandeiras agitadas, pareciam um estranho festival . . . "

Os jornais venderiam mais, os estudantes de jornalismo ganhariam novos temas para as dissertações e os aloprados do PT não cairiam em tentações totalitárias de amordaçamento da Imprensa. Isso é new journalism.

Estão apodrecendo a última florzinha

Existe no idioma português a palavra "dizoito"? Existe, sim. Dezoito entre dezoito repórteres e apresentadores da TV Globo falam "dizoito". Quanto significa "dizoito"? Seis vezes trezoitão, um "berro" fora de moda nas favelas dos meus amores? O "dizoito" Brumário? Sotaque de Madureira tem limite. Joga ovo podre neles, Boninho, e diz que é ludismo.

A Lei Afonso Arinos, aquela que pune atos de racismo, ainda está em vigor? Deveria ser aplicada com mais rigor, ampliando a pena do intelectual idiotizado ou o babaca de classe média que usasse, em entrevistas e textos, a expressão "neguinho". Além de exprimir um racismo latente, é de uma asneira vulgar e silvestre. Quando neguinho falar "neguinho", você saca a Lei Afonso Arinos e manda bala. Se você estiver de passagem pelo Rio de Janeiro, vai bem uma bala perdida, dessas em que "neguinho" fica bem branquinho no esgoto da Vila Dizoito.

SÍNDROME DE ALEXANDER POPE

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— Não quero enganar a senhora: é uma doença rara.
— E tem cura, doutor?
— Há uma chance. Segundo a literatura médica, a maioria dos pacientes, após algumas semanas de tratamento, ao entrar em contato com a poesia concretista ou alguma outra corrente poética do século vinte desaprende a fazer versos. Vou indicar a bibliografia completa dos irmãos Campos, Décio Pignatari, Arnaldo Antunes, letras de MPB, sobretudo poemas contemporâneos.
— Só isso?
— Não. Pop music também ajuda. Faça-o escutar alguma cantora americana de seios grandes e Jorge Vercilo, por exemplo.
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(Texto completo, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/08/no-consultrio-mdico.html)

SAUDADE DOS AVIÕES DA PANAIR

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Sou de um tempo em que ainda não era proibido respirar em vôos nacionais e que, para cruzar as pernas, não tínhamos que possuir nenhum tipo de experiência como iogue, o que me dá uma sensação esquisita de alheamento e inadaptação todas as vezes que me sento na poltrona de nossas atuais aeronaves.
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(Texto completo, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/04/voar-voar-subir-subir.html)

CRIACIONISMO À BRASILEIRA

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Quanto ao empreiteiro responsável pelo projeto [de criação do homem], era, sem dúvida, um parente do Senhor e deu 10% ao Pai por fora. De resto, deve ter sido o mesmo empreendedor o responsável pelo surgimento da girafa, da coruja, da lesma, do cantor de axé music e de outras criaturas estranhas.
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(Texto completo, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/04/criacionismo-brasileira.html)

O FIM DA LINHA

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O "relativismo cultural" tolera tudo. É tudo certo, tudo lindo, tudo explicável. Logo aparece um idiota para justificar qualquer coisa.

Mas ontem, em questão de minutos,diante de milhões de espectadores, em duas reportagens diferentes, duas entrevistadas, com aparência de classe média bem remediada, capricharam na pronúncia da palavra "esteje" . Uma das entrevistadas era, se não me engano, professora. Pode ?

Os vizinhos do cemitério de Santo Amaro, no Recife, sentiram um leve tremor sob os pés. Era meu professor de português, Manoel Torres, se revirando no túmulo.



PÍLULAS DE VIDA DO DOUTOR SILVEIRA - 2

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O Brasil está sempre "virando uma página da História". Só não dizem que a maioria é de páginas em branco.


Joel Silveira, datilografado por GMN

PÍLULAS DE VIDA DO DOUTOR SILVEIRA

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Eu nunca soube do caso de um maluco - e falo dos verdadeiros - que primasse pela modéstia. Mesmo nos doidos mais mansos, a loucura é fundamentalmente exibicionista.


Joel Silveira, datilografado por GMN

Dr. Júlio, os macacos estão brabos...!

Eu leio aqui e ali pessoas bradando em alta voz contra a propaganda do Estadão que estaria ridicularizando os blogueiros, chamando-os de macacos – chimpanzés, para ser mais exato. Que dizer?! Cada grito é uma prova de que o jornal está certo: os blogueiros têm o mesmo QI de um chimpanzé capaz de mexer mal e porcamente num computador. E o mau humor com que encaram a propaganda é apenas uma das provas disso.


O restante você lê aqui.

A NACIONALIDADE DE DEUS

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A meu ver, a maior prova de que Deus é brasileiro é a humanidade. Cheia de problemas e defeitos insanáveis, ela só pode ter sido fruto de um produto genuinamente nacional: a licitação pública fraudulenta.
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Isso, além daquele providencial descanso no sétimo dia, claro. Fosse Deus americano, o domingo não seria jamais dedicado ao ócio e, sim, a algo mais produtivo, como invadir e bombardear um país do Terceiro Mundo, por exemplo.
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(Texto completo, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/04/criacionismo-brasileira.html)

PÁSSARO? AVIÃO? NÃO, FOKKER 100

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Vocês, leitores aquinhoados pela sorte e que têm a satisfação de contribuir para a compra de ambulâncias para o nosso sistema público de saúde com o pagamento do IR, certamente fazem suas viagens Brasil afora — e quiçá até para a Europa ou outros lugares no estrangeiro, como o Amapá — a bordo de aviões. Quanto a mim, não tenho esse privilégio: quando preciso viajar, sou obrigado a me deslocar de Fokker 100 mesmo.
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Sendo assim, todas as vezes que quero visitar o Recife ou, mais precisamente, todas as vezes que a minha mãe me liga com voz de penitente dizendo que está com um sério problema no útero — o que sem dúvida é grave, posto que ela retirou o órgão em 1988 —, sou obrigado a pegar um dos vôos noturnos de nossas fantásticas companhias aéreas e passar pelo instrutivo treinamento para turista da Disney disponibilizado nas filas de embarque de nossos aeroportos. O qual, não tenho dúvidas, fariam Jó desacreditar do Senhor e abraçar com alegria o ateísmo.
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(Texto completo, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/04/voar-voar-subir-subir.html)