21 de janeiro de 2009

DE ACCÔRDO


Está registrado, não é invenção: " (...) o Brasil é a unica nação civilisada que não sabe escrever o proprio nome (...)".
Acompanhe aqui no Sopa os próximos capítulos da saga. Temos até 2012 para tratar do assunto.

SOBRE CETÁCEOS (E ALGUMAS CADEIRAS)




Dizem que baleias se comunicam. Não com a gente (ainda bem), mas entre si, o que seria, de acordo com os especialistas, sinal, quando não prova cabal, de inteligência. Tolice, claro. Nem se sabe ao certo o que conversam. Vai que passem horas abissais comentando o que passa na tevê...

Abro parêntese. Além disso, conversar entre si não pode ser sinal de inteligência. Do contrário, as cadeiras seriam até mais inteligentes que as baleias. Afinal, todos sabemos que também as cadeiras conversam umas com as outras. E em segredo, em registro sonoro inaudível para nós. Ou se valendo, quem sabe, de sinais que nossos instrumentos não captam. São tão argutas por isso?! Ora, é sabido que as cadeira passam a vida levando na cabeça, que todo o mundo se enconta nelas. Reagem? Continuam de quatro. Insurgem-se? Alguém já ouviu falar de que alguma revolução das cadeiras? Quando muito, rola (róla) a dança delas – mas não motu proprio. Mobilizam-se contra isso? Nada. O único movimento de cadeiras pra valer é aquele que faz o marmanjo olhar para trás, destroncando o próprio pescoço, se for preciso. Fecho parêntese.

As baleias são o que são. Pauta para ambientalistas. E baleeiros. Inteligentes, as baleias? Não. Agora, falar mal dos golfinhos... Aí não. Ninguém pode duvidar da inteligência de quem cria, em prol da humanidade, uma estrovenga como a que se vê na imagem que ilustra este post.

E, ainda por cima, assina a obra-prima.

ANIMAR PASPALHOS NA DISNEY É SINAL DE INTELIGÊNCIA SUPERIOR OU DE ESTUPIDEZ INCURÁVEL ?

A sala de espera de um laboratório exibe, ad infinitum, um documentário sobre animais marinhos.

O locutor informa que os golfinhos são "muito inteligentes".

Imediatamente, uma dúvida devastadora sacode meus mares interiores:

quais são, afinal, os tão falados sinais de inteligência dos golfinhos ? Passar a vida se movimentando pra lá e pra cá no fundo do mar, sem destino certo, é sintoma de inteligência refinada ?

Pior: que tal ficar divertindo platéias de paspalhos na Disney ?

É o que os golfinhos fazem, há décadas, sem reclamar.

Cabe a pergunta: tais atitudes não seriam indícios claríssimos de estupidez ?

Eu cravaria, sem dúvida nenhuma: são, sim.

ATENDIMENTO TELEFÔNICO DO BANCO DO BRASIL BATE RECORDE MUNDIAL DE JUMENTALIDADE : "CLIENTE NASCEU NO RECIFE, NÃO EM PERNAMBUCO!"

O Sopa de Tamanco corre o risco de se transformar num grande muro das lamentações sobre a estupidez alheia.

(aliás, por que não ?)

O abaixo assinado acaba de ser vítima do mais espetacular caso de ignorância já registrado num atendimento telefônico de um banco.

A atendente do Banco Brasil faz as perguntas de praxe, em nome da "segurança" do cliente.

Lá pelas tantas, interrompe o atendimento. Diz que tenho de ir à agência. "Há um dado que não coincide com o cadastro".

Uma dúvida assola este pobre cliente: que erro tão absurdo eu terei cometido ? Terei me esquecido do meu nome ? Terei dado o número de telefone errado ? Terei confundido o nome da minha mãe ?

Peço que a atendente me informe qual foi o meu erro. Mas ela insiste: terei de "comparecer pessoalmente" a uma agência.

Compareço. Perco uma hora do meu tempo.

O gerente acessa o registro do atendimento feito por telefone.

E eis que se materializa diante de nossos olhos incrédulos um dos mais formidáveis casos de jumentalidade(*) já cometidos por uma atendente:

lá, ela informa que o atendimento tinha sido interrompido porque eu informei que tinha nascido "do Recife". Mas, no cadastro, consta que eu tinha nascido "em Pernambuco".

Ou seja: a distinta anta acha que existe uma cidade chamada Recife e outra chamada Pernambuco.

Nem desconfia de que quem nasce no Recife nasce, "automaticamente", em Pernambuco!

Célere, ela interrompeu o atendimento.

Não pude fazer a operação bancária por telefone simplesmente porque a cavalgadura acha que Recife é uma coisa; Pernambuco é outra, completamente diferente.

A bem da verdade, devo dizer que notei uma sombra de constrangimento no olhar do gerente que me atendeu pessoalmente: ele também ficou espantado ao descobrir que um atendimento telefônico fora interrompido porque uma funcionária achou que "Pernambuco" era o nome de uma cidade e "Recife" de outra.

Agora, quando precisar do atendimento telefônico, passarei a relinchar assim que ouvir o "alô" do outro lado.

Somente assim serei perfeitamente compreendido.

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(*) Aos não familiarizados com o reino animal: "jumentalidade" é uma gradação da "cavalice". A diferença é que a cavalice em geral vem acompanhada de maus modos.
Já a jumentalidade é uma demonstração escandalosa de ignorância: pode ser exercida da maneira mais suave possível, como é o caso da atendente que tomou providências urgentes porque achava que Recife não fica em Pernambuco.