5 de dezembro de 2008

1 X 1 = 1

Casa das Canoas / Oscar Niemeyer

COMBINADO: DIVIDA-SE A BELEZA


Walter Gropius


Oscar Niemeyer conta qual foi a reação do colega Walter Gropius depois de conhecer a Casa das Canoas, que aparece no post acima. Está no livro de Marcos Sá Corrêa citado posts abaixo. Fala, Oscar.

Ele veio, olhou bem e me disse que era bonita, mas pecava por não ser um projeto "multiplicável". Eu faço uma casa para mim, do tamanho da minha família, moldada ao terreno de São Conrado, aberta para a mata da Floresta da Tijuca, filtrando o sol do Rio de Janeiro, e Gropius queria que fosse multiplicável. Só para não sair sem ter falado uma besteira.

DOIS, UM PERNAMBUCO






A LUZ EM JOAQUIM CARDOZO
João Cabral de Melo Neto


Escrever de Joaquim Cardozo
Só pode quem conhece
Aquela luz Velásquez
De onde nasceu e de que escreve.

A luz das várzeas da Várzea
Onde nasceu, redonda,
Vem até o ex-Cais de Santa Rita
Que viveu: luz redoma,

Luz espaço, luz que se veste,
Leve como uma rede,
E clara, até quando preside
O cemitério e a sede.
(Retrato de Joaquim Cardozo por Di Cavalcanti)

... SUPERFÍCIES, TÊNIS, UM COPO DE ÁGUA.





É Oscar Niemeyer quem conta, em página de memórias citada por Marcos Sá Corrêa no perfil que fez do arquiteto:


O estado de saúde se agravava, os doentes do quarto vizinho e até os que eventualmente o procuravam começaram a irritá-lo. E a volta para a Casa de Saúde se tornou cada vez mais difícil. Lembro-me da noite em que se deitou no chão, recusando-se a entrar. Vieram os médicos e Cardozo dizia:
– Vou me afogar.

Delicado, um dos médicos ponderou:

– Doutor Cardozo, aqui não tem água.

E Cardozo, que não perdia ocasião de esclarecer um problema técnico, esqueceu a briga, comentando:

– Cava que encontra.


(in Marcos Sá Corrêa. Oscar Niemeyer. Rio de Janeiro: Ed. Relume Dumará / Prefeitura, 1996.)