28 de agosto de 2007
NOTÍCIAS DO CABARÉ FEDERAL
Depois de tudo o que vem acontecendo no Cabaré, aliás, Senado Federal, nem valeria perder tempo com aquele tristíssimo espetáculo de desfaçatez.
Mas, nesta terça, um senador teve o descaramento de declarar que foram "consistentes" as explicações que o presidente do Senado deu para justificar as tais contas que não fecham nunca.
Em qualquer republiqueta que se preze, um senador que aceita ter despesas pessoais pagas por um lobista de empreiteira estaria moralmente impedido de exercer o cargo. É simples assim: moralmente impedido.
Mas o Brasil é exceção. O Senado, aqui, vira, por livre e espontânea vontade, o que se chamava antigamente de "lupanar".
Ao fazer declaração tão descarada sobre as tramóias do colega, o senador só consegue provar uma coisa : que considera os ouvintes de tais disparates, nós todos, idiotas irrecuperáveis.
Diante da tanta desfaçatez, só há um pensamento possível:
que grandessíssimo, que enorme, que indizível, que consumadíssimo, que irrecuperável canalha!
As paranóias e curiosas opiniões do escritor Bernardo Carvalho
• Elite grosseira
Se eu tivesse de responder em uma frase à pergunta “qual a importância da literatura no Brasil”, eu diria: “nenhuma”. É um país de analfabetos. Durante algum tempo, trabalhei na periferia de São Paulo com o grupo de teatro Vertigem. Ali, fiz alguns ateliês e oficinas de criação literária com jovens. Foi a pior experiência da minha vida. Eu me dei conta, não só que as pessoas são analfabetas, mas que o texto não faz parte da cultura brasileira; faz parte apenas de uma cultura de classe média irrisória no país. Mas o texto - e não precisa ser necessariamente literatura - não faz parte do cotidiano das pessoas. Além disso, o Brasil tem uma elite muito grosseira, muito iletrada. Em comparação com a elite de outros países, a brasileira é especialmente ignorante, e cultiva e reproduz a ignorância para os seus filhos. Isso é muito chocante e revoltante.
Você deve ter lido na Veja da semana passada a matéria sobre o livro do sociólogo Alberto Carlos Almeida, autor do livro A cabeça do brasileiro (editora Record). Para refrescar a memória:
A parcela mais educada da população é menos preconceituosa, menos estatizante e tem valores sociais mais sólidos. Se todas as pessoas em idade escolar estivessem em sala de aula hoje, a pleno vapor, o Brasil acordaria uma nação moderna no dia 1º de janeiro de 2025 – depois de um ciclo completo de educação. Os brasileiros passariam a ter baixíssima tolerância à corrupção e esperariam menos benesses de um estado protetor. Funcionários públicos ineficientes e aproveitadores seriam uma raça em extinção. Os cidadãos lutariam mais por seu futuro, em vez de se entregar distraidamente à loteria do destino. Nesse país, as pessoas de qualquer credo ou classe social se veriam como portadoras de direitos iguais. As diferenças sexuais seriam mais respeitadas. Provavelmente pouquíssimos endossariam a frase estampada no alto da página 87 – ‘Se alguém é eleito para um cargo público, deve usá-lo em benefício próprio’.
Vejo que Bernardo Carvalho não faz parte da parcela mais educada da população, o que o coloca junto com os analfabetos que ele critica de forma tão dura. Eu não sei até onde a burrice pode levar o indivíduo. Por isso me assusto ao ver tais coisas. Constatar que a literatura não tem importância alguma no Brasil não torna o país analfabeto. É uma relação de causa e efeito que não existe. Saber ler e escrever não torna o sujeito intelectualmente lustrado. E o sujeito intelectualmente lustrado nem sempre dá boa coisa, não é mesmo?
Agora, jovens da periferia rejeitarem ou não se adaptarem aos “ateliês e oficinas de criação literária” ministradas pelo Benardo Carvalho não quer dizer nada, pois não? Acho oficinas literárias chatíssimas, embora não lhes negue o valor. Mas é uma pretensão descarada achar que o não-envolvimento de jovens em oficinas literárias possa tornar o país analfabeto. O país pode ser analfabeto, mas por outras razões. Acho que até que o não-envolvimento desses jovens na oficina do escritor lhes confira certo valor…
• Sem conseqüência
(…) Eu vivo num mundo de fantasia. Crio um tipo de literatura que eu acho que tem alguma importância porque preciso continuar criando, mas que, na verdade, não tem nenhuma importância, não tem nenhuma conseqüência social. E no capitalismo tem um negócio que se estabeleceu: o mercado. A arte já não funciona mais para o estado, para a religião, mas se também não funciona no mercado, ela não faz sentido. Isso é terrível. Nessa situação, eu sou nada. A minha literatura pode ser de resistência, mas é muito pequena, não tem o menor significado. É nada. O que eu faço é totalmente insignificante.
Mais um escritor que se acha o gênio incompreendido. Bernardo Carvalho quer que sua literatura tenha uma conseqüência social. Está claro: seu sonho é ser o panfletista da causa, de um partido. Ele deseja curar o mal do analfabetismo, da malária, da catapora, das dores do espírito, com sua literatura. Agora, cá para nós, literatura de resistência? Sempre que vejo esse moço falar me dá a impressão de que ele não releu seus livros. Que resistência, meu filho? Reconheço na obra dele um talento para desenvolver trama e enredo, mas seu desleixo com a escolha de palavras e formulação de frases traz a maior das dúvidas: como alguém pode se tornar um bom escritor desse jeito? Odeio concordar com o moço, mas contra fatos não há argumentos: de fato, o que ele faz é totalmente insignificante.
• Idéia política
A idéia de que a literatura não serve para nada surgiu na modernidade; e a considero muito importante. É uma idéia política. É essa idéia que vai fazer a literatura de verdade sobreviver. A literatura que serve para alguma coisa é a que o mercado quer. Se vivêssemos na Idade Média, a literatura serviria para a Igreja. Se vivêssemos num país comunista, faríamos literatura oficial. Não servir para nada é um negócio radical e muito importante; permite que se faça uma literatura de ruptura, que não obedece a demandas preexistentes; cria uma nova demanda. Não é o novo pelo novo. Não é isso. É criar um mundo que ainda não existe. Criar uma vontade nas pessoas que elas ainda não têm. Isso é genial. É uma oferta para ver se germina. É lógico que eu acho que a literatura serve para alguma coisa. Mas preciso manter esta idéia, porque é uma idéia política, de resistência: literatura não serve para nada mesmo. Mas eu vou continuar fazendo. A ilusão de que não tem função é superimportante. Para mim, é fundamental; me dá um alento; me deixa respirar.
Primeiro o moço brada aos céus seu desejo ardente e delirante de que a literatura deveria ter importância e conseqüência social. Logo em seguida, diz considerar muito importante a idéia de que a literatura não serve para nada, razão pela qual a literatura irá, de verdade, sobreviver. Afirmações como a de que a “literatura que serve para alguma coisa é a que o mercado quer” pode fazer a platéia jovem universitária aplaudir, mas é um sofisma mal formulado. O mercado segue um curso natural: editoras colocam à venda livros que acham que podem vender. E uma parte do catálogo é formada por aqueles livros que o editor acha importante lançar, independente se vai gerar lucro ou não. O que não dá é para ter isso como norte da empresa: publicar livros sem qualquer perspectiva de venda. Não cobro de ninguém conhecimento rudimentares de economia, embora seja muito bom tê-los. O que espero é que, não tendo a mínima noção, fique de bico calado. Se fala sem saber é por má-fé, e merece uns petelecos.
Bernardo Carvalho ainda mistura questões de mercado com a subserviência da arte a propósitos políticos e religiosos. “Se vivêssemos na Idade Média, a literatura serviria para a Igreja. Se vivêssemos num país comunista, faríamos literatura oficial”. Isso nem é má-fé; é burrice descarada.
Depois de se embananar nam explicação cheia de cambalhotas que faria Caetano Veloso corar de inveja, ele tenta se explicar: “A ilusão de que (a literatura) não tem função é superimportante. Para mim, é fundamental; me dá um alento; me deixa respirar”. Ah, bom, o moço gosta de cultiva ilusões, mas mistura a realidade da ilusão com a ilusão da realidade. Alguém, por favor, manda chamar o síndico Tim Maia.
• A importância do mercado
Para o tipo de literatura que eu faço, há cada vez menos espaço. Isso é uma coisa que já discuti com o pessoal da Companhia das Letras. Se eu começasse a publicar hoje, acho que a editora não me publicaria. Eu estou meio decepcionado.
Qual tipo de literatura o moço acha que faz, minha Santa Rita do Passa Quatro? O sol se põe em São Paulo não tem nada de transgressor, novo et caterva. É um livro meia-bomba muito do desleixado no qual parágrafos que poderiam ser bons são ceifados por palavras mal escolhidas e mal encaixadas. Duvido que houvesse essa resistência que imagina o escritor. Isso é estratégia para levantar a própria bola e posar de injustiçado, renegado, blábláblá. E meio decepcionado, convenhamos, é igual meio grávida, pois não?
• Sempre o mercado
Mas acho que o mundo da literatura sempre foi guiado pelo mercado. (…) Se um cara como Beckett surgisse hoje, não teria a menor chance. Para esses escritores ingleses com quem eu estive na Itália, que são supercaretas, supertradicionais, se você fala em Beckett, eles respondem: “gênio”. Eu pensava, é hipocrisia; esse cara não acha Beckett um gênio. Ele acha Beckett um gênio porque está no cânone, está consagrado. Se eu desse um livro do Beckett sem o nome do autor, ele iria achar uma porcaria. Aí, eu perguntava: “por que Beckett é bom?” Ele respondia: “porque escreve muito bem”. Mentira, porque não é isso que o Beckett faz. O Beckett faz um outro negócio. Mas não escreve bem, não é isso que salta aos olhos.
O mundo da literatura não foi guiado pelo mercado. É bobagem, ignorância. O mercado lançou e vendeu muita porcaria, mas também lançou e vendeu muita coisa boa. Atribuir os males do mundo ao mercado é demonizar a nós mesmos. Quem é o mercado, Pedro Bó? Não somos nós que vendemos e compramos? Ou o moço acredita que o mercado é um monstro de sete cabeças com sete cornos?
Então quer dizer que Beckett entrou para o cânone porque não escreve bem? Uau! Só um bom escritor conseguia usar histórias e palavras como Beckett fazia. Se isso não é escrever bem, meu nome é Valdemar. O curioso é Bernardo Carvalho tomar como exemplo de opinião geral e sacramentada comentários de um grupo de escritores com quem esteve na Itália. Quem são esses moços? Escrevem bem? São confiáveis? Pensam bem?
• Imperialismo anglo-saxão
Tivemos um intervalo que valorizou as vanguardas, uma arte mais inovadora, dissonante, mas agora a coisa é cada vez mais careta. É um movimento respaldado pela imprensa. Hoje, entre os jovens críticos, por exemplo, qualidades inquestionáveis na literatura são personagens bem construídos psicologicamente e uma trama bem construída realisticamente. Qualquer crítico literário jovem vai tomar isso como um juízo de valor. Quando isso deveria ser um dos modelos. O crítico deveria entender que esse aí é um modelo de literatura e que existem outros que vão contra esse modelo. Mas isso é consensual. Isso é muito terrível porque não há literatura dissonante que sobreviva num clima de consenso. Eu acho que esse consenso se dá porque há um imperialismo do mercado anglo-saxão, onde impera esse juízo de valor, e uma subserviência do resto do mundo. A trama bem construída e personagens bem construídos realisticamente são tradições da literatura anglo-saxã e muito bem-feitos no século 19 por grandes autores. Isso não quer dizer que esse modelo deva ser hegemônico e se impor ao resto do mundo. Mas é lei na imprensa, e entre as editoras.
Bernardo Carvalho toma suas crenças como verdade universal. O que percebo nos críticos que leio, sejam jovens ou experientes, é a exigência pela qualidade da obra literária, não importa se segue ou não a tradição. Escritores sempre reclamam da crítica tomando como exemplo a não-repercussão de suas obras. É desonesto e não tem qualquer valor analítico.
• Imposição
Qual mercado importa hoje no mundo? O anglo-saxão. E o que ele faz em ficção? Faz um texto bem construído, com personagens críveis e psicologicamente bem construídos. É isso que vende, é isso que o público quer. (…) Ao mesmo tempo, acho muito chato o discurso do ressentido. Parece que estou aqui falando que tenho raiva do mercado, que os meus livros não vendem, eu sou uma porcaria. Mas não é isso. É uma constatação de um negócio que é fato, é claro. Ao mesmo tempo é engraçado.
Também acho muito chato o discurso do ressentido. É o que Bernardo Carvalho demonstra ser: um chato ressentido. Passemos adiante:
• Livros verdes
O tipo de livro que vai corresponder a essa venda é o livro que bate com a demanda do público. Não é um livro que contraria a demanda, que quer criar uma demanda que não existe. Coitadinho do autor que faz um livro que é uma ruptura literária, que deseja romper com o consenso, criar uma literatura totalmente nova. Esse cara não vai ser editado. E se for, não vai ser vendido pelo livreiro que é dono de uma rede de 50 livrarias. Mercado significa fazer a literatura vender igual à cultura pop. Qual literatura vai vender como cultura pop? O mercado não sabe. É o leitor quem vai dizer. É o leitor do Paulo Coelho que diz que se deve publicar Paulo Coelho. O problema é quando os escritores começam a funcionar nessa lógica de mercado. Se a literatura gira em torno do mercado, ela sai empobrecida. A pergunta é “como dentro desse mercado, desse mundo dos grandes conglomerados, pode ser criada alguma coisa interessante”? O padrão do mercado é o lugar-comum. De vez em quando acontece de as pessoas defenderem uma arte mais estranha, mas em princípio não é esse o padrão.
Sempre defendi, me alinhando a Faulkner, que o escritor não tem que se preocupar se vai ou não vender, se o mercado quer ou não o tipo de livro que ele escreve. O escritor sente uma necessidade de escrever e escreve. Se for preciso, rouba até a mãe para exercer o seu ofício, já disse Faulkner na famosa entrevista à Paris Review. O escritor Antonio Fernando Borges já tratou muito bem o tema no artigo Publicar é preciso. Escrever, não, no finado No Mínimo (reproduzido no post abaixo). Escritor que escreve para o mercado não deve ser lido pelo leitores de bem, ponto final. O que não dá é para assumir o papel bobo de salvador de almas pela literatura. Literatura terá sempre leitores contados. Se isso é bom ou mau, pouco importa. É fato e não vai mudar. É a mesma coisa do jogador de futebol querer que todo mundo jogue. E aí vai seu vizinho te perturbar enquanto você tenta ler em paz o livro de Cesare Pavese que chegou um dia antes.
• Paranóia
Eu sou um pouco paranóico. Mas se pode ver a paranóia como a criação do sentido. Se o mundo não faz sentido - e não faz -, o paranóico é que aquele que vê sentido onde não tem. O mundo não faz sentido, a vida não tem sentido, não faz sentido eu estar vivo. A paranóia me atraía como uma matriz de sentido, uma matriz desvairada. A idéia da paranóia me atraía como ficção, como produção de ficção.
Isso explica por que o moço é assim. Passemos adiante.
• O jogo
Eu escrevo os romances que eu gostaria de ler. É importante que o leitor participe de forma ativa da leitura, que seja empurrado para dentro do texto não de maneira meramente passiva, queria deixar isso claro. Então, o jogo em meus livros é importante. Tem a função de cooptar o leitor, de fazê-lo ter uma participação ativa no livro.• Sem pensar no leitor
Se eu pensasse no leitor, eu não escreveria. Eu escrevo o livro que eu gostaria de ler. Eu não tenho talento para saber o que o leitor quer ler. Mas há autores que sabem. O Paulo Coelho, por exemplo, tem uma sintonia entre a oferta e a demanda. Há uma sintonia absoluta.
Peraí, primeiro Bernardo Carvalho diz que está se lixando para o leitor, depois que tenta cooptá-lo, depois que se pensasse no leitor, não escreveria. Caetano, de novo, coraria de inveja. Gilberto Gil idem.
• Manipulação do leitor
Os meus livros explicitam a manipulação do leitor até quase o grotesco. É muito visível. Minha obra é quase só a manipulação do leitor. É o princípio do todo romance, de toda obra romanesca - o que o romance faz é manipular o leitor e fazer com que ele participe. Agora, quando se explicita isso, como é o caso dos meus livros, dá-se ao leitor uma participação mais ativa. Você mostra que está jogando com ele. É quase um convite explícito. No romance do século 19, este convite está lá, mas é mais implícito. Nos meus livros, eles quase se reduzem à explicitação desse jogo.
E lá vem Bernardo Carvalho, novamente, deixar claro que delira pelo leitor, que tenta manipular o leitor. O gozado é a citação do romance do século 19 como uma referência do que ele faz. Mas no tópico Imperialismo anglo-saxão ele não critica justamente a “trama bem construída e personagens bem construídos realisticamente” que “são tradições da literatura anglo-saxã e muito bem-feitos no século 19 por grandes autores”.
Do que deu para entender de seu pensamento é possível afirmar: Bernardo Carvalho pensa mal e isso se reflete, de certa forma, em seus livros.
LICITAÇÃO PARA CONSTRUÇÃO DO SOL
E dez anjos se apresentaram. Então um deles deu a idéia de aumentar o preço da obra em cem vezes, ganhar a concorrência e dividir o dinheiro entre os demais.
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E os outros acharam bom. E o vencedor disse ao Senhor:
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— Pronto, Pai. Vou fazer o Sol, um negócio que será um espetáculo: totalmente livre de raios ultravioleta, sem explosões, imóvel e quadrado.
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/03/o-mito-da-criao-sob-perspectiva-de-um.html)
SDT SAÚDE: PARA UM BOM DESEMPENHO NO COOPER
É importante que o praticante abstraia os pensamentos negativos e ocupe a mente em outra atividade. Se estiver em São Paulo, aconselho contar os cocôs de cachorro na calçada.
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/02/redao-de-volta-das-frias.html)
Minisséries monológicas - 'Doze passos e uma sentença'
2. Viemos a acreditar que o Supremo poderia devolver-nos à sanidade.
3. Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados do Supremo.
4. Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.
5. Admitimos perante o Supremo, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas.
6. Prontificamo-nos inteiramente a deixar que o Supremo removesse todos esses defeitos de caráter.
7. Humildemente rogamos ao Supremo que nos livrasse de nossas imperfeições.
8. Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.
9. Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-lo significasse prejudicá-las ou a outrem.
10. Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.
11. Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com o Supremo, na forma em que o concebíamos, rogando apenas o conhecimento de sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade.
12. Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a esses Passos, procuramos transmitir essa mensagem aos políticos e praticar esses princípios em todas as nossas atividades.
ROUBO INFORMAL
— Companheiro, eu sou um ladrão pé-de-chinelo. Meu negócio é pequeno. Assalto a banco, vez ou outra um seqüestro.
— Sei, sei. O senhor tá na informalidade, né? Também, com o preço que tão cobrando por um voto hoje em dia...
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/04/assalto.html)
O cartel do botox
GRANDES IDÉIAS QUE NÃO DARIAM CERTO
O grande entrave para a formação de um grupo de ajuda para recuperação de corruptos, o Corruptos Anônimos, é que eles certamente mentiriam em seus depoimentos ou então enviariam laranjas às reuniões.
GRUPOS DE APOIO QUE NINGUÉM FREQÜENTA
— Eu estou há um mês, dois dias, treze horas e vinte e cinco segundos sem receber propina.
— Parabéns. Vamos aplaudir o senador.
Sobre a missa dos lava-pés
ÉTICA PARA BRASILEIROS
O senhor é uma vergonha, um inútil. Aprenda enquanto é tempo. Caso contrário, não vai passar de um trabalhador assalariado e honesto na vida.
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/03/curso-intensivo-para-formao-de-polticos.html)
PRAGA DA AMANTE DO MARECHAL DEODORO
— E agora mais esta: uma mulher! Uma tal de Resplúmbea interpõe-se entre nós!
— Repú... Ah, queres saber? Arruma um tigre sobre tua cabeça e vai lançá-lo à praia, ou bem fica-te cá com tuas lamúrias! Preciso ir!
— Não! Volta, Dedé!
— Larga!
— Não! Dedé! Ded... Vai! Vai, sacripanta! Mas fica a saber que estou a fazer feitiçarias contra esta Respúria, ouviste?! Uma preta está a me ajudar! Esta história não tem futuro! Meu santo é forte! Verás como em pouco tempo a Relúbrica entregar-se-á à luxúria e à corrupção! Ficará arruinada e ninguém mais a respeitará! Será mulher de todos e cairá doente, ouviste? Meu santo é forte! Ah, e tem mais: esquece o colchão de penas! Hoje dormirás no canapé!
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/04/15-de-novembro-de-1889.html)
CHANCHADA LITERÁRIA - TRANSFER ABRAHAM LINCOLN
“Pode-se enganar todas as togas por algum tempo e algumas togas durante todo o tempo. Mas não se pode enganar toda a toga por todo o tempo.”
FALTA DE DESONESTIDADE
— Tenho aqui seu extrato bancário, senhor prefeito. O único dinheiro que entrou na sua conta nos últimos meses foi o do seu salário, o qual, diga-se de passagem, está muito abaixo da média e jamais foi reajustado nos últimos quatro anos.
— Não, não! Eu recebi propina, nobre deputado, eu juro!
— Não minta, seu calhorda. O único dinheiro que o senhor recebeu foi fruto do seu trabalho como administrador, um trabalho repugnante, que respeitou os limites fiscais, executou integralmente o orçamento e ainda investiu os percentuais obrigatórios em saúde e educação.
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/04/uma-cpi-num-futuro-no-muito-distante.html)
Olha pro céu, meu amor...
ANIVERSÁRIO DE DEPUTADO
— Olha, foi tudo o que o partido pôde disponibilizar...
— Que é isso, o importante é a presença de Vossa Excelência.
— Sério, é só um semanão, pra data não passar em branco.
— Deixe de besteira. Entre, venha cá comer uma propina. Foi minha mulher que preparou.
Confusão no arraial
Especialistas que ninguém entrevista
- É um disparate a formação de quadrilhas no Brasil. Elas chegam ao mercado absolutamente despreparadas para o exercício do quadrilhismo.
Pergunte a Danuza Leão
Grupos de apoio que ninguém freqüenta
- Oi, mensaleiro.
- Bem-vindo.
- Pode abrir seu coração.
- Bem, eu admito que era impotente perante o mensalão e que tinha perdido o domínio sobre a minha vida pública, e...
DIÁLOGOS GREGOS
— Isso são horas? Meia-noite e você na rua, pelos banquetes da vida! Pode me dizer ao menos onde é que o senhor estava?
— Zó zei... hic... que nada zei, Jantipa.
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/08/dilogos-gregos.html)
Posts poéticos de um Duda sem anunciantes
DIREITO DE RESPOSTA
A Associação de Traficantes, Assassinos e Seqüestradores do Rio de Janeiro (ATASE) vem por meio deste rechaçar qualquer tipo de associação com políticos, seja ao nível federal, estadual ou municipal.
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Em função do que, considera fruto de infundado preconceito a utilização do termo "quadrilha" ou "roubo" para se referir à atividade clandestina daqueles marginais não-sindicalizados. A ATASE é uma instituição séria, que não quer ver seu nome envolvido com o de organizações criminosas perversas como o Executivo, o Legislativo e o Judiciário.
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Atenciosamente,
Jorginho Chacina - Presidente
Chanchadas literárias - Transfer Amin, transfer Drummond
Codificações para conversas ao pé do celular - D.F.
- Shhhh! Olha o prendedor de cabelo!
- Prendedor...? Ah, ahn... Tá. Hoje vai ter... vai ter... formação de quadrilha?
- Sim!
Uma questão para o STF decidir
O bom direito
PINTO RENASCENTISTA
— Vai colocar uma cueca!
— Não. A Índia seria uma colônia britânica até hoje se Gandhi não tivesse dado o primeiro passo.
— O Gandhi usava um khadi, um pano tradicional indiano, Maurício, uma tanga. Aliás, o Gandhi era um homem santo, não devia nem ter pinto.
— Tô falando do princípio. O princípio é o mesmo. O da resistência.
— E tu tá resistindo contra quem? A Zorba?
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/02/noivado.html)
PINTO PÓS-RENASCENTISTA
— Pô, amor, você não disse que as coisas tavam meio paradas e tal, que era preciso variar? Então eu achei que...
— Que se colocasse uma peruca no pinto as coisas iriam melhorar?
— Pois fique a senhora sabendo que o dragão é um símbolo de fertilidade na China Antiga, tá entendendo? Uaah! Uaah!
— E eu lá tenho cara de semente pra ser fertilizada, Ariovaldo? Eu só queria fazer sexo com alguém que não tivesse suíças...
— Quanta ignorância! Você não tem cultura, mulher. Trata-se de um trabalho artístico.
— Sei. E, pelo visto, o artista era dadaísta, né? Só isso explica que o corpo do dragão seja tão menor que as asas.
— Epa! Insulto, não, hein?
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/02/o-drago.html)
PINTO PRÉ-RENASCENTISTA
— Ah, vou! Vou na gerência. Assim que conseguir enxergar onde é que fica. Coisa difícil, pois o pinto do indivíduo tá empatando um pouco a visão. Ricardinho! Amanda! Venham! Rápido! Cuidado com a Anaconda!
— Psssss! Fala baixo, Afonso. Você quer me matar de vergonha? O que é que o homem tá fazendo de mais contra você, me diga!
— Contra mim, particularmente, nada. O caso dele é mais contra o Leonardo.
— Que Leonardo, Afonso?
— O da Vinci. Ou tu não tá vendo que a deformidade dele representa um acintoso ataque à harmonia e à proporção?
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/02/no-clube.html)
O ELENCO DE NOSSA BELA CATÁSTROFE DIÁRIA
O "carnaval de Notting Hill Gate", em Londres, deve atrair dois milhões de desocupados.
Já fui ver, por mera falta do que fazer. Se aquilo é carnaval, meu nome é Paul Newman. Pleased to meet you.
É chatíssimo. Pior do que musical em teatro (aqueles espetáculos em que atores se esgoelam ridiculamente para dizer berrando o que poderia ser falado), shows de jazz (aqueles em que bateristas fazem durante quarenta e cinco minutos malabarismos improvisados com as baquetas, com olhar catatônico e boca invariavelmente entreaberta), criança atuando em novela, subcelebridade pontificando sobre a rotina da vida de mãe , performances de mímicos, anúncios supostamente engraçadinhos, publicitários que se julgam gênios, jornalistas que se acham deuseus - enfim, todas estas cenas e personagens risíveis que, reunidos num palco imaginário, formam o elenco coadjuvante de nossa bela catástrofe diária.
Tudo para dizer que: quando estiver em Londres, não vá ao Carnaval de Notting Hill.
É programa de brasileiro vestido de índio.
PÍLULAS DE VIDA DO DOUTOR SILVEIRA - 2
Brasil : tão poucos notáveis e tantos notórios...
Joel Silveira
PÍLULAS DE VIDA DO DOUTOR SILVEIRA
respondeu:
- E por que não ? Unamuno fazia a mesma coisa !
Só que Unamuno é um bom assunto.
Joel Silveira
Entre o dente e a vaia
LABORATÓRIO DE SENSIBILIDADE (Jomard Muniz de Britto)
entre o fruto e o dente
qual o lugar do inconsciente?
mais vale uma banana no inciso
que duas maçãs no paraíso.
entre o prazer e o dever
como a libido satisfazer?
mais vale uma fruta na mão
que três desejos em não.
entre memória e esquecimento
qual o mais gozar do sofrimento?
entre razão e com-paixão
existe o devir-povo-da-nação.
Follow the money
A velha senhora
O PINTO É A MEDIDA DE TODAS AS COISAS
— Não, aquilo não é normal.
— Não aponta, Afonso. Olha o vexame.
— Mas aquilo não é normal, minha filha, tô lhe dizendo: não é!
— Afonso, o sujeito tem o órgão sexual, digamos, um pouco desenvolvido, só isso.
— Um pouco desenvolvido? Um pouco desenvolvido é o PIB de Cuba, Ana Sílvia. Aquilo ali é uma aberração. O cara podia ser protagonista de “O Homem Elefante”. Não, não. Não tá certo, vou falar com a gerência.
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/02/no-clube.html)
QUESTÃO DE CONSCIÊNCIA
— Tá, legal. Agora, por favor, veste a camisa direito e aproveita pra fechar o zíper da calça, que tá aberto. Inclusive a gente tá atrasado, o jantar tá marc... Peraí! Você tá sem cueca, Maurício?
— Maria Cristina, eu resolvi me libertar. A verdade é que o nosso comportamento sempre foi ditado pelas regras da sociedade careta e retrógrada, minha filha. E isso tá errado.
— Sei. Aí você decidiu que a melhor forma de se libertar seria mostrar os pentelhos em público no jantar de noivado de nossa filha?
— A Ana Carla vai entender. Ela é uma moça progressista.
— Ela, sem dúvida. O comendador, pai do noivo, é que talvez ache um pouco estranho. Será que você não podia deixar pra se libertar amanhã ou na próxima segunda-feira?
— Isso é uma coisa que não tem hora, Maria Cristina. É um despertar. Vem de dentro.
— Vem. Vem de dentro e tá saindo pela braguilha. Quer fazer o favor de fechar esse zíper, Maurício? E desvira a camisa, já!
— Não posso, querida. Questão de consciência.
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/02/noivado.html)
SAINDO DA ROTINA
— Vem, Ari, tira o cinto...
— Pronto, pronto.
— Chega mais perto, chega... Abre o zíper...
— Assim?
— Isso, Arizinho, baixa a calça... Agora, a cueca... Isso... iss... Ariovaldo? O que é isso, Ariovaldo?!!
— Meu pinto, ué!
— Não, Ariovaldo, em cima do pinto!
— Fimose?
— Ariovaldo, meu Deus do Céu, o que foi isso que você fez no... nos...
— Depilação artística. Gostou?
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/02/o-drago.html)