16 de agosto de 2007

INTOLERANÇA ZÉRU

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— Isso é violência policial! Nós tem os nossos direitos!
— “Nós temos”!
— O senhor também, claro.
— Uff... Tá, tá, vocês têm direito ao uso de um intelectual e podem consultar a gramática normativa para falar com a família. Agora, venham! Chega!
— Então é isso? Voz de prisão?
— Não, voz passiva: VOCÊS ESTÃO SENDO PRESOS POR MIM! Vamos! Andando!
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'Brazilian beef' desonra as tropas irlandesas?

Grandes linhas investigativas: será que os bois dourados de Alagoas estão alimentando os bravos militares irlandeses?


Não é isso que afirma a nota postada no 'Belfast Telegraph'.

Ela apenas registra o protesto da Associação de Fazendeiros Irlandeses diante da possibilidade de os bravos militares estarem sendo alimentados por uma carne de um país sul-americano cujo controle de qualidade deixa a desejar.

Em todo caso, uma conexão Murici-Belfast seria assaz divertida, não?

MÁ FAMA

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— O avô dele era poeta. E parnasiano ainda por cima! Na família dele o pessoal gosta de...
— Como? Não ouvi.
(sussurando) Gosta de arte, doutor. Arte erudita, entende? Pintura figurativa, música clássica, poesia épica, essas coisas. É triste, doutor, como é triste! Ele tem até um tio que escreveu um... (suspira) um romance realista, de enredo linear, prosa tradicional, doutor.
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/08/no-consultrio-mdico.html)

TV Tamanco - Saídas honrosas para autoridades atualizadas

Diálogos improváveis - Saias das vaias

- Fui exposta à nação como uma mulher insensível - disse a agencióloga Denise Abreu.

- Relaxa e goza - atalhou a ministra Marta Suplicy.

Alagoas é o epicentro

É só a República de Alagoas entrar em crise (caso Renan/João Lira) que o mundo vira de ponta-cabeça. As bolsas caíram, o dólar subiu, a taxa de risco aumentou, os financistas americanos enlouqueceram e até um tsunami foi registrado no Pacífico Sul. Vamos manter a aparente tranqüilidade e aguardar a nova edição da Playboy. Os mercados irão se acalmar e os bois alagoanos retornarão aos currais eleitorais. Não se desesperem. O país já passou por isso em outros momentos tão coloridos como este.

O terceiro mandato de Lula

Na propaganda do movimento Cansei, aparece, entre um grupo de taxidermizadas do show bis e TV, a atriz Regina Duarte, aquela que tinha medo. Os petistas estão vibrando. Como a atriz é um tremendo pé-frio político, o pessoal do PT já interpreta como um sinal positivo de que Lula obterá, sabe-se lá como, um terceiro mandato. Com sentimento inverso, mas mantendo a mesma superstição em relação à fama da podóloga gelada, os que temem mais um mandato da continuação da continuação do governo FHC, já começam a sentir medo, medo de que o medo de Regina Duarte se consubstancie em mais quatro anos para Lula.

Ainda na propaganda do Cansei, os jesuítas recreadores do movimento esqueceram de citar, na lista de aberrações nacionais, os juros surfistinhas pagos pelo povo brasileiro. Um lapso que ainda dá tempo de corrigir. É só combinar com os banqueiros nacionais e estrangeiros.

O MAIOR REPÓRTER BRASILEIRO SE VAI, ÀS TRÊS E QUARENTA E UM DA TARDE

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A cortina caiu, literalmente, às três e quarenta e um da tarde desta quinta-feira, no crematório do Cemitério do Caju, no Rio de Janeiro. Três e quarenta e um. Neste momento, um funcionário invisível da Santa Casa de Misericórdia acionou o mecanismo. A esteira onde estava o caixão com o corpo do maior repórter brasileiro começou, então, a se mover, lentamente.

Não se vê o rosto de quem aciona a máquina. Nada, ninguém. É como se o espetáculo da morte dispensasse coadjuvantes. Os parentes e amigos ficam sentados como se estivessem num pequeno auditório. O palco é ocupado pelo caixão - que desliza sobre a esteira até desaparecer, literalmente, atrás de uma cortina parecida com essas usadas no setor de bagagem dos aeroportos.

A última cena protagonizada por Joel Silveira transcorreu assim.

O corpo se vai. Fica o que conta: uma obra jornalística de qualidade excepcional.

Joel me pediu há poucos dias uma fotocópia do belo texto que Sérgio Augusto escreveu sobre ele. O texto de Sérgio Augusto foi publicado no livro "As Penas do Ofício". Ficou feliz, claro, quando eu repeti, por telefone, as louvações que Sérgio Augusto escreveu sobre os despachos que ele, Joel, enviou da Itália na época da guerra. Fiz a fotocópia. Não houve tempo para entregar. Igualmente, ele me perguntou várias e várias vezes quando é que ele poderia ver uma entrevista que gravei na Alemanha com Niklas Frank, o filho de um carrasco nazista. A "víbora" Joel queria saber o que o filho do carrasco tinha dito. Não houve tempo para ele visse a entrevista.

É sempre assim: um dia, o tempo falta, tanto para as grandes tarefas quanto para as banalidades.

Mas resta uma boa notícia: já tínhamos acertado, há meses, com a Editora Globo, a publicação de um livro em que reuniríamos nossas conversas ao longo de vinte anos de convivência. O título já estava escolhido: "Diálogos com o Último Dinossauro".

Deve ter sido o último compromisso profissional de Joel.

Virou tarefa: o livro vai ser feito. Nestas duas décadas, gravei uma série de entrevistas e conversas com Joel sobre o assunto que nos apaixonava: o Jornalismo. Eu, discípulo e aprendiz, ouvia o que o maior repórter brasileiro tinha a dizer sobre os personagens que conheceu e as situações que viveu ao longo de tanto tempo. Não é pouca coisa.

Diante do grande repórter, agi como repórter: gravei e guardei tudo.

Os depoimentos de Joel nos "Diálogos com o Último Dinossauro" terão destinatários certos : estudantes de Jornalismo e jornalistas que, a exemplo de Joel, acreditam que a reportagem é, sempre foi e será a alma da profissão.

A cortina caiu. Mas a voz continuará a ser ouvida.



FLAGRANTE DELITO

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— Aha! Mãos ao alto, boca fechada! Anda, meliante!
— Ma-mas o que... que foi que eu fiz, seu guarda?
— Você foi pego em flagrante cometendo um gerundismo, seu calhorda!
— É mentira, seu guarda. Eu juro que usei o futuro do presente!
— Nada disso, eu ouvi perfeitamente quando você falou “vai estar fazendo”, seu mentiroso!
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/08/polcia-gramatical-numa-confeitaria.html)

BARULHINHO RUIM

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Às cinco horas da manhã, no entanto, todos deveriam ir para as camas. Às seis, seriam despertados com um barulho ensurdecedor: talvez mil despertadores potentes, talvez uma análise política do Alexandre Garcia.
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/05/cem-metros-rasos-com-ressaca.html)

MALHAÇÃO E METAFÍSICA

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Vocês, leitores preconceituosos, hão de pensar que a academia de ginástica não é local apropriado para a especulação metafísica. Pois digo que estão enganados. Eu, por exemplo, ao olhar para aquela gente se exercitar arduamente, empurrando ferros com a ferocidade com que Santiago foi ter aos mouros, digo a vocês que imediatamente me dou conta da total falta de sentido da existência. E me convenço de que Sartre não teria escrito “O Ser e o Nada” se, em algum ponto de sua vida, não houvesse tentado a malhação.
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/05/bravo-forte-filho-do-norte-4.html)

Divã sem teto - Da hipoteca à hiperteca

'ESTE ESQUECIMENTO [DO SONHO] EVIDENTEMENTE É UM FENÔMENO COMPLEXO.'

Sigmund Freud, 'A interpretação dos sonhos da casa própria'

Correção na exuberância da bolha

Crise nos emergentes. Simples: é só substituir Henrique Meirelles por Vera Loyola, aquela socialite emergente da Barra da Tijuca. Garantia absoluta na continuação do espetáculo do crescimento da China.

Jogos americanos - Mulher em progresso



Enfim um jornalista esportivo que liga o amor à pessoa. Parte do SDT acredita que jornalistas de esportes tendem a ser juquinhas levemente 'cansei'. As razões foram explanadas noutros tempos.

O mundo esportivo boquiabriu-se, no país dos comedores de cheesburger, quando o Mike Penner, do 'Los Angeles Times', anunciou em pleno periódico que mudaria de sexo.

Agora enquanto Christine Daniels, o ex-Mike voltou às lides esportivas e aproveita para blogar enquanto 'mulher em progresso'.

O Departamento de Condecorações do SDT pensa em conceder o título de coleguinha esportivo mais macho do mundo.

Especulações mediúnicas - Butantã

- O que Joel Silveira diria numa hora dessas?

- Nada.

Tamancada às avessas - João Lyra

Gênero que parecia soterrado pelo email e pelo SMS, o missivismo acabou de renascer pelas mãos do usineiro João Lyra, também o grande autor daquela que um dia foi a maior primeira-cunhada deste país.

É da carta aberta ao senador Renão Calheiros que sai esta gema,a reluzir por todo o nosso querido Brasil:

'Quanta vilania!'

Grandes diagnósticos avacalhados

'ÀS VEZES UM CHARUTO NÃO É UM CHARUTO.'

Denise Abreugrafia

GUARDA GRAMATICAL

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— Nós temos gravações em que vocês aparecem infringindo a norma culta em inúmeras conversas telefônicas. Ao longo de dois meses incorreram nos delitos mais diversos, entre eles queísmos, barbarismos, silepses, solecismos e uma série de infrações à regência e à conjugação. Alguns são crimes hediondos, como o uso de expressões como “eu, enquanto pessoa” e palavras como “obstaculizar”. Passa!
— Tá falando com nós?
— “Conosco”, animal! Vira a mão!
— Ai! ai! ai! Não, seu guarda, a palmatória, não!
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/08/polcia-gramatical-numa-confeitaria.html)

CEM METROS COM RESSACA

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Não entendo como, havendo esportes olímpicos tão instigantes quanto o jogo de peteca, o softbol e a luta greco-romana (que, como se sabe, é aquela em que vence o competidor capaz de derrubar o outro com o maior número de silogismos), ainda não se inventou algo chamado “cem metros rasos com ressaca a caminho do trabalho”. Diante dele, o pentatlo não passaria de uma brincadeira sem maiores compromissos, como o cuspe à distância e o mandato parlamentar.
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/05/cem-metros-rasos-com-ressaca.html)

LIXO

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Dada a obstupefação da anabolizada criatura, achei que ela havia finalmente encontrado o que procurava e, agradecida, me levaria a seu planeta, juntamente com alguns CDs do Latino, como prova do que de pior a humanidade tinha sido capaz de produzir.
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/05/bravo-forte-filho-do-norte-2.html)

Um strudel para Joel

Espero, apenas, que ele tenha comido o strudel que fiz para ele e que deixei em seu prédio, em algum momento de 2005. Foi meu jeito capenga de dizer, na época, obrigado. Assim como este texto é meu jeito capenga de dizer, mais uma vez, obrigado.


Se quiser ler mais, sinta-se à vontade para clicar aqui.

CONVITE A LUANA PIOVANI

Li, estarrecido e lúbrico, que Luana Piovani, a melhor pacovan do país, está militando no movimento Cansei. Ora, Luana, vem descansar no Recife. Deixa esses bananas paulistas pra lá. Aqui tem casa, boa comida e roupa lavada. É balada multicultural o ano inteiro e ainda tem os melhores grupos de rock do país: o Matalanamão, os Devotos do Ódio e Paulo Francis Vai Pro Céu. E ainda os melhores poetas da língua brasileira: Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto, Joaquim Cardozo, Ascenso Ferreira, Augusto dos Anjos (é paraibano, mas estudou no Recife), Alexandre Espinhara, Alberto Cunha Melo, Jomard Muniz de Britto e Carlos Pena Filho. Imagine você, com o auxílio luxuoso da lingerie, numa cama forrada com lençóis de linho egípcio, lendo este poema de Carlos Pena Filho:

Soneto Superficial e Esguio Como Madame (Carlos Pena Filho - 1929/60)

Madame, em vosso claro olhar, e leve,
navegam coloridas geografias,
azul de litoral, paredes frias,
vontade de fazer o que não deve


ser feito, por ser coisa de outros dias
vivida num instante muito breve,
quando extraímos sal, areia e neve
de vossas mãos, singularmente esguias.


Que eternos somos, dúvida não tenho,
nem posso abandonar minha planície
sem saber se em vós há o que em vós venho


buscar. E embora em nós tudo nos chame,
jamais navegarei a superfície
de vosso claro e leve olhar, Madame.

LANÇAMENTO DO BLOG: A WIKIMÉRDIA

Nasce o filho. A mãe coloca o nome dele de Jesus. Dois mil anos depois, o cara decide descer da cruz e cria um movimento recreativo da burguesia paulista denominado "Cansei". Isso é Wikimérdia, a enciclopédia livre e gratuita do Sopa de Tamanco.
É dia de São Caetano. A família homenageia o santo e coloca o nome dele no caçula. Anos depois, o cara se torna o vidiota da Bahia, só fala besteira há décadas, com toda a empáfia do mundo, basta conferir a Rolling Stone nova. Isso é Wikimérdia.
Morre o grande repórter Joel Silveira. Contrariando todas as expectativas e a cultura temporal do país, o agente funerário chega britanicamente às duas da tarde, não dando nem tempo ao sargento Silveira soltar imprecações víboras contra a ceifadeira e chegar aos céus para cumprimentar os pracinhas da FEB mortos na Itália. Isso é Wikimérdia.
Nasce no agreste de Pernambuco um menino paupérrimo, mirrado e com poucas chances de sobreviver. Poderia se chamar Severino, mas a família prefere outro apelido. Como a História é também um lance de dados, o apelidado chega à presidência. O que faz ele? Imita em tudo o governo neoliberal de FHC e consolida o país como o paraíso dos financistas e especuladores. Isso é Wikimérdia.
Afinal, tem culpa tu? Tem culpa eu?

JOEL SILVEIRA, REPÓRTER, APURA O NÚMERO DE AVIÕES VISTOS DA JANELA DO HOSPITAL

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O que dizer de um grande repórter ?

Diga-se que, numa tarde, sem ter o que fazer num quarto de hospital, ele foi capaz de contar o número de aviões que cruzavam os céus.

A cena, testemunhada pelo abaixo-assinado:

Enrolado num lençol verde para atenuar o frio do ar-condicionado ligado na potência máxima, o ex-correspondente de guerra Joel Silveira descobriu uma maneira originalíssima de combater o tédio que se abatia sobre ele nas tardes infindáveis do quarto 1122 do Hospital dos Servidores do Estado,no centro do Rio, numa das vezes em que esteve internado : resolveu contar quantos aviões passavam no céu.

O quarto 1122 oferece uma bela vista da Ponte Rio-Niterói. Da cama de Joel, era possível enxergar o intenso tráfego de aviões que se dirigiam ao Aeroporto Santos Dumont. “Já contei quarenta e três aviões. Agora, chega” – disse,ao dar por encerrada a apuração de dados aeronáuticos para uma reportagem que, ele sabia, jamais seria escrita. Repórter é assim.

A contagem de aviões nos céus do centro do Rio foi a última tarefa jornalística daquele que era chamado por Assis Chateaubriand de “a víbora”.O apelido lhe foi dado pelo chefão dos Diários Associados depois que Joel escreveu uma reportagem recheada de ironias sobre as damas do soçaite paulistano. O título de “maior repórter brasileiro” também acompanhou inúmeras vezes o nome de Joel Silveira – que,aos trinta e dois anos,foi enviado por Chateaubriand para os campos de guerra na Itália,na Segunda Guerra Mundial.”Fui para a guerra com 32 anos.Voltei com 80.O que a guerra nos tira – quando não tira a a vida - não devolve nunca mais” – diria,pelo resto da vida. Viu o sargento Wolf ser fuzilado por uma patrulha alemã.O texto que Joel mandou para os Diários Associados começava na primeira pessoa : “Vi perfeitamente quando.....”.

Joel Silveira era representante de uma categoria que sempre foi rara : a dos repórteres que dão um toque pessoal e inconfundível ao que escrevem. Passou a vida lamentando não ter abordado Ernest Hemingway que,solitário,bebia conhaque num café da Paris do pós-guerra.”Perdi a chance de pedir uma entrevista. O pior que poderia acontecer era levar um soco de Hemingway- o que garantiria uma bela matéria”. Rubem Braga foi companheiro de Joel na aventura européia durante a guerra.

Com Nélson Rodrigues – de quem foi companheiro de redação em publicações como a Manchete a e Última Hora - Joel tinha relações distantes.
Depois de ficar em silêncio observando Joel datilografar furiosamente um artigo na redação, Nélson Rodrigues soltou uma exclamação: “Patético !”. Dias depois, Joel devolveu o gesto. Diante da mesa de Nélson Rodrigues, bradou : “Dramático !”.


O humor afiado transformou-o em personagem de incontáveis histórias dos bastidores do jornalismo. Sempre que tinha chance,encaixava em seus artigos uma observação contra dois tipos que detestava gratuitamente : os tocadores de cavaquinho e os alpinistas. “O cúmulo do ridículo,beirando o grotesco,é um marmanjo,gordo e barrigudo,tocando cavaquinho”- escreveu,num dos seus livros.Em outro texto,perguntou : “Pode haver algo mais idiota do que um alpinista ? “.

Depois de consumir quantidades oceânicas de uísque,passou os últimos anos da vida abstêmio.”Já não tenho com quem beber.Meus amigos se foram.Nada é tão triste do que beber sozinho”.Passou os últimos anos declarando :“Sou a maior solidão do Brasil”.

Repórter a vida inteira,dizia que,se houvesse justiça na hierarquia das redações, os donos dos jornais seriam subordinados aos repórteres. Só teve uma experiência como dono de jornal. Publicou,no início dos anos cinqüenta,um jornal,Comício,que reunia um time de primeira : Clarice Lispector,Rubem Braga,Fernando Sabino,Carlos Castelo Branco.


Dizia que tinha perdido a conta de quantos livros publicara.Entre os títulos mais conhecidos,estão “A Guerra dos Pracinhas”, “Tempo de Contar” e o autobiográfico “Na Fogueira”. Em entrevista gravada no ano passado, resumiu assim uma trajetória iniciada num jornalzinho de escola em Sergipe,em 1935 : “Passei a vida vendo a banda passar.É o que todo repórter deve fazer”.

Conheceu pessoalmente dois cardeais que, depois, seriam indicados Papas : João XXIII e Paulo VI. Teve um encontro com Pio XII.Os encontros com os Papas não foram suficientes para transformá-lo em homem religioso . Cético, gostava de repetir o poeta Murilo Mendes : “Deus existe.Mas não funciona”.

Atento aos fatos até o último momento, disse-me, por telefone, na semana passada :"Estou morrendo. É o fim".

Ontem, dia quinze, às duas da tarde, pontualmente, a kombi placa LFR 1236, a serviço da Santa Casa de Misericórdia, estacionou em frente ao prédio onde Joel morava, na rua Francisco Sá, em Copacabana. Joel tinha morrido às oito da manhã.

(ver, abaixo, texto A VIDA IMITA O POETA NA MORTE DE JOEL SILVEIRA: O AGENTE FUNERÁRIO CHEGOU NA HORA. E A PLACA DO CARRO ERA LFR 1236).

Hoje, às três da tarde, o corpo de Joel Silveira será cremado no Cemitério do Caju.

( duas entrevistas e um perfil de Joel aqui : http://www.geneton.com.br/)

TV Tamanco - Vem aí o 2º congresso tucano

POLÍCIA GRAMATICAL

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— Vocês serão acusados de associação para o crime semântico, formação de tabuísmo e tráfico de redundâncias. Podem pegar de cinco a dez anos de escola.
— Mas a gente é apenas namorados, seu guarda! Não fizemos nada!
— Namorados?
— É!
— Não, sua burra, “namorada”. “A gente é namorada”. “Gente” é substantivo feminino e concorda no singular! Passa já pro camburão!
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/08/polcia-gramatical-numa-confeitaria.html)

TORTURA

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Estava disposto a esperar tranqüilamente que passasse o tempo de vida de uma tartaruga ou de um integrante da ABL antes de executar a árdua tarefa, mas por pressão da minha mulher, que estava cansada de me fazer respiração boca a boca toda vez que eu tentava amarrar os sapatos, decidi me matricular numa dessas academias [de ginástica]. Quanto a mim, teria preferido formas mais práticas de tortura, como assistir a filmes iranianos ou ler um livro do José Sarney.
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/05/bravo-forte-filho-do-norte-1.html)