Bato o olho na televisão. A participante de uma roda de conversa tira o sapato e põe os pés na poltrona, durante todo o programa. Meus botões me perguntam : "É para parecer livre e informal"?
Troco de canal. Um entrevistador da TV a cabo também tira o sapato e exibe os pés no sofá. Meus botões me sussurram: "É para parecer moderno e relaxado?".
Aperto o controle remoto. Uma diretora de teatro tira o sapato e põe o pé em cima da poltrona durante toda uma entrevista num talk show. Meus botões se agitam :"É para parecer esperta e inteligente?".
(as cenas, reais, aconteceram em dias diferentes mas, em nome da dramaturgia, faço de conta que foram simultâneas. É o que os autores de livros de bolso policiais chamam de "efeito dramático").
Imagino que os integrantes do Clube dos Pezinhos nas Poltronas estão todos tentando enviar com os dez dedos uma mensagem clara e cristalina a nós, humanóides.
Não consigo captá-la.
Meus botões me aconselham :"Desista. Tire o sapato. Vá dormir".
8 de junho de 2007
AVISO À PRAÇA
É grave o estado de saúde da música popular brasileira.
Qual foi a última música nova assoviável que você ouviu?
Qual foi a última música nova assoviável que você ouviu?
CULTURA MIL VEZES INÚTIL
Se um dia eu for chamado a um Tribunal das Causas Inúteis, confessarei ao meritíssimo: sou capaz de citar de memória, sem consultar qualquer fonte, a escalação completa do time do Sport Clube do Recife de 1968:
Miltão; Baixa, Bibiu, Gílson e Altair; Válter e Vadinho; Dema, Zezinho, Acelino e Fernando Lima.
Também posso citar de cabeça os times do Santos ( Cláudio; Carlos Alberto, Ramos Delgado, Joel e Rildo; Clodoaldo e Negreiros; Manoel Maria, Toninho, Pelé e Edu) ou do Botafogo ( Cao; Moreira, Zé Carlos, Leônidas e Valtencir; Carlos Roberto e Gérson; Rogério, Roberto, Jairzinho e Paulo César) ou do Palmeiras ( Perez; Scalera, Baldochi, Minuca e Ferrari; Dudu e Ademir da Guia; Gildo, Sevílio, Tupãzinho e Rinaldo).
Pergunto: alguém sabe responder para que servem tantos nomes?
Eu apostaria, com cem por cento de certeza: para nada.
Aqueles programas de TV em que um fanático respondia sobre um assunto já acabaram. Além de tudo, quem iria escalar um concorrente cujo maior trunfo é citar de memória a escalação de quatro times de 1968? Ninguém, é claro.
Mas esta era a escalação dos meus times de botão, quando eu tinha doze anos.
Já sei o que fazer neste feriadão: vou caminhar pela rua enquanto repito para mim mesmo, num tom de voz inaudível para os passantes: "miltão; baixa, bibiu, gílson e altair....."
A vida - descubro, tardiamente - é esta grande coleção de pequenas inutilidades.
Dita esta bobagem, declaro solenemente encerrada minha carreira de filósofo amador.
Miltão; Baixa, Bibiu, Gílson e Altair; Válter e Vadinho; Dema, Zezinho, Acelino e Fernando Lima.
Também posso citar de cabeça os times do Santos ( Cláudio; Carlos Alberto, Ramos Delgado, Joel e Rildo; Clodoaldo e Negreiros; Manoel Maria, Toninho, Pelé e Edu) ou do Botafogo ( Cao; Moreira, Zé Carlos, Leônidas e Valtencir; Carlos Roberto e Gérson; Rogério, Roberto, Jairzinho e Paulo César) ou do Palmeiras ( Perez; Scalera, Baldochi, Minuca e Ferrari; Dudu e Ademir da Guia; Gildo, Sevílio, Tupãzinho e Rinaldo).
Pergunto: alguém sabe responder para que servem tantos nomes?
Eu apostaria, com cem por cento de certeza: para nada.
Aqueles programas de TV em que um fanático respondia sobre um assunto já acabaram. Além de tudo, quem iria escalar um concorrente cujo maior trunfo é citar de memória a escalação de quatro times de 1968? Ninguém, é claro.
Mas esta era a escalação dos meus times de botão, quando eu tinha doze anos.
Já sei o que fazer neste feriadão: vou caminhar pela rua enquanto repito para mim mesmo, num tom de voz inaudível para os passantes: "miltão; baixa, bibiu, gílson e altair....."
A vida - descubro, tardiamente - é esta grande coleção de pequenas inutilidades.
Dita esta bobagem, declaro solenemente encerrada minha carreira de filósofo amador.
RESPONDEI, NOSSA SENHORA DO PERPÉTUO ESPANTO!
Nossa Senhora do Perpétuo Espanto, nossa padroeira (ver post anterior), respondei a este pobre observador: por que diabos em noventa e nove por cento dos grupos musicais que acompanham cantoras e cantores existe sempre um músico usando bandana? Alguém saberia explicar por quê?
A relevância desta dúvida é zero vezes zero. Não existe nada tão desimportante. Mas pergunto aos quatros ventos: por que a bandana? Por que a bandana?
A relevância desta dúvida é zero vezes zero. Não existe nada tão desimportante. Mas pergunto aos quatros ventos: por que a bandana? Por que a bandana?
Sacudido, não mexido
Um dos muitos monitores de tendência do mercado jovem americano divulgou um drinque pré-fabricado, "Veev", que posa de birita politicamente correta.
Tem acerola, açaí e prickly pear, ou figo-da-índia, misturados com vodka.
Cada garrafa coloca uma doleta, dizem eles, em "charities" da Amazônia.
O site dá até uma receita de "açaí-tini", o "definitivo martini antioxidante":
1.5 oz VeeV
1 oz Açai Juice
Fresh Lime Juice
Champagne
Todo o troço é de uma empulhação deveras divertida, do ponto-de-vista do gosto pelo álcool. Pois se trata de "um jeito melhor de beber"...
"VeeV is the world’s first Açai (pronounced ah-SIGH-ee) spirit and is simply, 'a better way to drink.'”
Is it soft, or do you want more?...
Oxalá a sua cirrose terá sido saudável e caridosa.
"Mas, seu guarda, eu não bati o carro bêbado. Bati o carro depois de doar US$ 1 aos povos da floresta...".
Tem acerola, açaí e prickly pear, ou figo-da-índia, misturados com vodka.
Cada garrafa coloca uma doleta, dizem eles, em "charities" da Amazônia.
O site dá até uma receita de "açaí-tini", o "definitivo martini antioxidante":
1.5 oz VeeV
1 oz Açai Juice
Fresh Lime Juice
Champagne
Todo o troço é de uma empulhação deveras divertida, do ponto-de-vista do gosto pelo álcool. Pois se trata de "um jeito melhor de beber"...
"VeeV is the world’s first Açai (pronounced ah-SIGH-ee) spirit and is simply, 'a better way to drink.'”
Is it soft, or do you want more?...
Oxalá a sua cirrose terá sido saudável e caridosa.
"Mas, seu guarda, eu não bati o carro bêbado. Bati o carro depois de doar US$ 1 aos povos da floresta...".
Lábios geopolíticos
A revista "People" deu o furo: Angelina Jolie é nova integrante do Council on Foreign Relations, o prestigiado tanque de pensamento americano sobre relações exteriores.
Doravante os eventos do conselho serão mais animados. Não raro são chatíssimos.
Sugestão: que ela se torne, mais que integrante, uma "fellow" do CFR.
Aí a gente da "mídia" pode telefonar pra entrevistar.
Doravante os eventos do conselho serão mais animados. Não raro são chatíssimos.
Sugestão: que ela se torne, mais que integrante, uma "fellow" do CFR.
Aí a gente da "mídia" pode telefonar pra entrevistar.
Deu no MIT
Cientistas de um centro que investiga memória e aprendizado no Massachusetts Institute of Technology, o "popular" MIT, usaram camundongos geneticamente modificados para descobrir a neurociência do "déjà vu".
Os cientistas poderiam ter usado o brasileiro. Descobririam o mesmo mecanismo. Se bem que eles pesquisaram a noção de espaço conhecido/desconhecido, não a de tempo.
Pesquisando o brasileiro, expandiriam o trabalho para a noção de tempo conhecido.
O brasileiro que consome notícias está suspenso no tempo - ele é à prova de História.
O escândalo de hoje é véspera do escândalo de amanhã.
N.R. disse numa de seus escritos que quem não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte. Bingo.
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