20 de outubro de 2007

Revolução bolivariana

FESTIVAL PAULO FRANCIS - 10

"Morremos uma vez só. Felizmente, porque nascemos diversas. A primeira é a menos dolorosa"

("O Afeto que se Encerra")

FESTIVAL PAULO FRANCIS - 9

"Desejo boa sorte aos que gostam de política e às novas gerações, ou remanescentes da minha, que caiam na realidade. Quanto a mim, procuro recriar em literatura o que experimentamos, o grupo que me fez, saciando o último desejo infantil que me resta. Jornalista, continuo atirando no escuro de onde saem as feras, esperando acertar algumas"

("O Afeto que se Encerra")

FESTIVAL PAULO FRANCIS - 8

"Esperava muito, comercialmente, de "Cabeça de Negro". Me esbaldei promovendo-o. Fiz noites de autógrafos. Amigos da imprensa foram da maior gentileza, dando-me um lançamento que em geral só Jorge Amado, veterano estabelecido de tantas guerras, recebe. O custo psicológico dessa promoção me foi caro. Nenhum assanhamento me move a aparecer na TV todo dia. Ao contrário, é uma autoviolação de profundas resistências internas. Me sinto Chacrinha Jr. Eu queria testar se me seria possível sobreviver como romancista, não dependendo exclusivamente de jornalismo. O resultado, desapontador ( o livro, repito, "vendeu bem", pelo critério de Ênio e outros editores), me levou a uma depressão única na vida (...) Uma velha obsessão de adolescência e boa parte da maturidade, antes que eu começasse a escrever romances, me voltou insistente à cabeça : o suicídio. Jurei que não escreveria mais ficção, ou poria os pés no Brasil. Por decisão própria, comemorei 49 anos sozinho, olhando fixamente as paredes do apartamento em Nova York. Depois das primeiras críticas, proibi que me enviassem qualquer referência ao livro"

("O Afeto que se Encerra")

FESTIVAL PAULO FRANCIS - 7

"Boa parte da ilegibilidade da literatura e imprensa brasileiras se deve ao asneirol filológico ensinado nas escolas. "Custa-me a crer" é a vovozinha. Rubem Braga ou Millôr Fernandes valen "n" Aurélios. Escrever é organizar intelectualmente, parafrasear a linguagem viva do povo. Ou fazer algo próprio, à Guimarães Rosa.Entupiam-nos de regras hieroglíficas, de construções artificiais, de jargão acadêmico"

("O Afeto que se Encerra")

FESTIVAL PAULO FANCIS - 6

"As aparências não enganam. Revendo fotos de sete anos, ainda tenho o ar do anjinho bebê. Aos 11, a boca mostra um snarl, aquele levantar de lábios do cão que ataca. Aos 14, os olhos são de "quem já viu tudo", na frase de um colega do Santo Inácio, Fernando Luís Tavares Rodrigues, hoje exercendo talento único em matemática na IBM. Não tinha visto a liça metade, claro, mas veria tudo pela frente confinado num prisma de suspeita, desconfiança e hostilidade. A idade, as pauladas, as artes, a filosofia, a reabertura aos 28 anos transformaram bastante rosto e atitudes; agora, estou sempre de pé atrás, e em riste, na frase de uma amiguinha. Não me sinto inteiramente à vontade na companhia do próximo, nem dos ( meia dúzia) mais íntimos"

("O Afeto que se Encerra")

FESTIVAL PAULO FRANCIS - 5

"Sei apenas que nasci, presumo que pelos processos convencionais, não existindo na ocasião o bebê de proveta e ou Garotos do Brasil. E fui, jovem, a cara do meu avô alemão, Paul Heilborn, na mesma idade, o que exclui, provavelmente, a hipótese de adoção. Dando crédito à versão oficial, não é verdade que ao me baterem na bunda eu dissesse "Cogito ergo sum", ou, segundo o vulgo, "um Black Label nas pedras". Se me manifestei, à parte o que Shakespeare chamava sentimentalmente de "the most piteous sound", o som mais digno de pena, o nhenhém do desgraçado do bebê, teria sido na linha de "por que não me consultaram se eu queria vir para esta joça ?". A última frase de As Memórias Póstumas de Brás Cubas é minha opinião da paternidade"

("O Afeto Que se Encerra")

FESTIVAL PAULO FRANCIS - 4

"Quis ser escritor desde li Crime e Castigo, aos 14 anos de idade. Eu era um revoltado contra a ordem social, família, colégio padres. Tolstói, antes de morrer, disse que não se sentia diferente de menino, aos 8 anos. Nem eu, agora ( fim das semelhanças entre nós). Foi aos 8 anos que comecei a perceber a ambivalência, a ambiguidade, a falsidade do que me pregavam. Uma cacetada emocional me levou a essa precocidade crítica. Não importa. Nos tornamos o que somos. Me fechei em mim mesmo, perplexo, rancoroso, engatinhando sarcasmos"

("O Afeto que se Encerra")

FESTIVAL PAULO FRANCIS - 3

"Divago. Tanto falo do resto que não me sobra tempo para saber o que penso de mim. Ás vezes me ocorre, desagradavelmente, que conheço melhor a cabeça ( o título é de cortesia) de Jimmy Carter do que a minha. E só sei o que penso quando passo para o papel"

("O Afeto Que Se Encerra")

FESTIVAL PAULO FRANCIS - 2

"Jornalista político e cultural, opino sobre isso e aquilo o tempo todo. Mas jornalismo, mesmo ensaístico, é dipersão de energias na vida do próximo, em coisas exteriores à ilha em que vivo e na qual um psicanalista amigo, Borsoi, descobriu uma catedral, meu superego: ajoelho, rezo e cumpro"

(Paulo Francis, em "O Afeto que Se Encerra")

PAULO FRANCIS DE VOLTA ÀS LIVRARIAS, EM "O AFETO QUE SE ENCERRA"

Paulo Francis, em "O Afeto que Se Encerra" ( já saiu a nova edição. Não comprou ainda ?):

"A cabeça se libertou das simplificações e paliativos,das certezas de manual. Examina e se auto-examina constantemente. É meu inferno e delícia, minha única justificativa plausível de alegar que evoluí dos macacos"

OS PIORES DO MUNDO

O Departamento de Pesquisas do Sopa de Tamanco pretende subcontratar o Ibope para descobrir quem é o pior ator do Brasil.

Um candidato salta à vista, pela inexcedível canastrice: José Wilker.

O pior é que, pelo visto, ele se julga um De Niro.

Boa é a imitação:

CENAS DE UM PESADELO MATINAL : AS MOÇAS QUEREM "SALVAR" UMA AMENDOEIRA APODRECIDA....

Antonio Fernando Borges:

"Em coro, elas iam repetindo as palavras de ordem de algum Manual nefasto da nova tirania ecológica, com seu rosário de mentiras convenientes: salvem o planeta, respeitem as árvores, chega de opressão dos humanos…
(Fosse outro o mundo, e outros os tempos, o espetáculo interessaria apenas a antropólogos desocupados ou a algum psiquiatra de plantão. Mas a pajelança das meninas já atraía gente demais para aquela hora matinal. E a maioria, pelo visto, apoiava o ritual insensato.)"

Aqui,o texto completo:
http://antoniofernandoborges.com/