O biógrafo de Roberto Carlos, Paulo Cesar de Araújo, está lutando na Justiça para liberar o livro que o Rei-Verdugo da liberdade de expressão proibiu. É uma briga que merece a solidariedade de todos os que acham que os militares e os filmes Bergman fizeram muito mal ao país. Como se sabe, o Rei-Verdugo, carola e congregado mariano, tem horror a certas músicas. Fica nervoso quando as escuta. É o caso de uma música de Gilberto Gil, que ele considera uma heresia. Portanto, cantem-na com o biógrafo de Roberto Carlos. Onde estiver, o Rei-Verdugo certamente a ouvirá e ficará irritado.
Se eu quiser falar com Deus (1980)
Música e letra: Gilberto Gil
Se eu quiser falar com Deus
Música e letra: Gilberto Gil
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nadaNada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar