'Quando todo mundo se diz autor, não pode haver arte, informação confiável, público.'
Palavras de Andrew Keen, entrevistado pela 'Folha'.
A habitual irrelevância dos intelectuais e suas igrejinhas - no fim das contas, intelectuais servem para formar intelectuais - ganhou feições de urso polar. Mais um pouco teremos estudantes nuas em photo-ops clamando pela preservação da espécie.
Keen, Habermas e companhia se sentem ameaçados pela web 2.0. Sem a edição do expert, o saber é anárquico e perigoso.
Ora:
1. Tudo o que um intelectual não quer é um mundo de intelectuais. Tal mundo nunca existiu nem nunca existirá. Imagine viver num conjunto habitacional cercado de FHCs.
2. Antes, a gentalha vivia off-line. Se as massas preferirem YouTube a Bergman, ótimo. A diferença é que não havia YouTube quando elas já ignoravam Bergman. O mundo é o que é, não o que devia ser. Se Lindsay Lohan fosse PhD e ainda assim da pá virada, que maravilha seria viver.
3. Quando e se a cultura morrer, Habermas e Keen vão estar mortos. A menos que acreditem na Academia Brasileira de Letras.
4. No fundo, diz Keen, a discussão é moral. Ele teme o fim da 'essencial âncora epistemológica da verdade'. A verdade é que existem assassinos e não-assassinos. Ninguém é capaz de deletar esta verdade. O resto são financistas, políticos, cientistas e empreendedores. Intelectuais estão quase no fim da cadeia alimentar, duas casas à frente dos traficantes e uma atrás das socialites.