19 de agosto de 2007

O dilúvio nacional-televisivo

Romário, que aprendeu a jogar parado observando o ritmo da economia brasileira nos últimos vinte anos, se transformou em estátua, onde os pombos das torcidas adversárias dos mil gols irão se vingar ao longo dos próximos anos, mas Romário, sentimental e lírico, chorou. O brigadeiro Jorge Kersul depôs na CPI do Apagão Aéreo e, ao defender a Aeronáutica, emocionado, chorou bastante. Confessou que é um sentimental: "choro até em posse de síndico". O cantor Gilberto Gil, ao falar num show das novas tecnologias (banda larga do Itaú?), não se conteve e também chorou. Que tipo de sal sai dessas lágrimas? Por quem choram tanto os filhos mais ilustres da nação? Enquanto algum sociólogo-psicanalista-historiador não descobre ou analisa as causas profundas do lacrimário nacional, o país confirma uma velha tese de Godard: "toda vez que passo diante de uma televisão tem alguém chorando". Ainda não perdi a esperança de assistir, na TV, ao cínico saltitante FHC se debulhar em lágrimas.