12 de agosto de 2007

PAUSA NAS TAMANCADAS. VIDA LONGA ÀS REVISTAS PIAUÍ E ROLLING STONE !

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A raça dos jornalistas adora dar diagnósticos "catastrofistas". Já se escreveu mil e uma vezes que a grande reportagem morreu.

É verdade que Dona Reportagem anda problemas de saúde. Os jornais já não dão a ela o espaço merecido. Já não investem como antes em repórteres que poderiam - e deveriam - passar semanas a fio apurando uma grande história. Em nome da tal da objetividade, houve, sim, um empobrecimento assustador do texto jornalístico. Mas as notícias sobre a morte da reportagem são exageradas.

Dois exemplos:

1. A edição brasileira da revista Rolling Stone tem publicado reportagens de "fôlego", nada parecidas com os despachos telegráficos estampados nos nossos jornais. A Rolling Stone brasileira não é boa. É ótima. Caminha, célere, para se transformar em leitura habitual de quem quiser saber o que vai pelo ar, além de aviões com reverso travado. A nova edição traz - entre tantas outras coisas - uma reportagem especial sobre o Líbano ; perfis da super-jogadora de futebol Martha e de Céu, bela novidade da música brasileira ; uma extensa matéria sobre as andanças de Caetano Veloso às voltas com platéias jovens; o tráfico de fósseis do sertão nordestino para o exterior etc.etc. O cardápio, como se vê, é extremamente variado. Bola na rede.

2.A revista Piauí vai se firmando, também, como refúgio da chamada "grande reportagem". Ou seja: aqueles textos que vão fundo, esmiuçam os personagens, dissecam um assunto. A nova edição, a de número onze, é leitura para horas e horas. Lá estão um belo relato sobre as peregrinações de Fernando Henrique Cardoso por universidades do exterior ; retratos de personagens interessantes como o "guru" Mangabeira Unger, o dramaturgo Roberto Athayde, o "agitador" Bruno Maranhão, militante do MLST. Leitor, faço um pequeno reparo : não há qualquer motivo para que os textos que abrem a revista, na seção Esquina, não sejam assinados. Quem lê quer saber o nome de quem escreve. Como se diz lá no Piauí, "what is the point? ". Por que omitir os autores ? Os textos da seção Talk of The Town da revista New Yorker, uma das inspirações da Piauí, são assinados. "Detalhes tão pequenos" não comprometem, no entanto,o acerto geral. Bola na rede.

Carpideiras, recolham os lenços, por enquanto. Os sinais vitais de Dona Reportagem estão parcialmente preservados. É o que nos mostram a Piauí e a Rolling Stone.

Quando eu crescer, quero trabalhar numa revista dessas.