24 de outubro de 2007

GUERRA PSICOLÓGICA

A barata entrou pela janela rasante como um vôo de reconhecimento da Otan. E, se não estou enganado, creio ter ouvido ela dizer: “Never more! Never more!” Ao que dei um pulo tão grande e com tamanho ímpeto que até a Fátima Bernardes se assustou e quase caiu da bancada do Jornal Nacional. Aliás, um, não: três, longos e seguidos. E é pena que não houvesse câmeras ou testemunhas, pois tenho certeza de que quebrei o recorde sul-americano do salto triplo.

Após adejar solenemente, o ortóptero postou-se no lustre da sala, projetando uma gigantesca sombra na parede. Quanto a mim, que sempre fui fã do expressionismo alemão e até gosto de Ed Wood, mas não estava a fim de ver a cena, fechei os olhos e, profundo estudioso da guerra de guerrilha, enfiei-me bravamente debaixo da mesa.

Então a barata sorriu sarcasticamente e mexeu as anteninhas com desdém. Uma reação típica dos blatídeos. Porque, se tem uma coisa em que estes famigerados bichinhos são bons, é na guerra psicológica.

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