Outono de 1911. Ludwig Wittgenstein chega a Cambridge para freqüentar as aulas do já mundialmente famoso Bertrand Russell. O jovem, então com 22 anos, despertara para os problemas de lógica e filosofia no curso de engenharia aeronáutica da Universidade de Manchester, onde realizava pesquisas e pensava em ser piloto.
Ao fim do primeiro trimestre em Cambridge, o futuro autor do Tractatus logico-philosophicus procura Russell para uma conversa. É Russell quem lembra o que o aluno Wittgenstein lhe perguntou nesse encontro: "Por favor, me diga: sou um idiota completo ou não?" O professor é direto: "Não sei." E pergunta por que o aluno quer saber aquilo. "Porque se eu for um completo idiota, vou virar aeronauta; do contrário, serei filósofo", responde Wittgenstein.
Russell sugere então que o pupilo escreva algo sobre um tema filosófico; assim o professor poderia dizer-lhe se era ou não um imbecil rematado. Vêm as férias. E o reinício das atividades acadêmicas. Wittgenstein entrega a Russell o que este lhe sugerira. A leitura da primeira frase do texto basta para o professor formar juízo. E proferir o veredicto: Wittgenstein deve desistir dos aviões.