Dentre as verdades filosóficas absolutas, há uma precípua: a fundamental tentação de um ignorante é apontar a ignorância de seus pares, demonstrando, não raro, ao fazê-lo, grau de estultice infinitamente superior ao do sujeito por ele admoestado. Dela, deriva um segundo axioma: um ignorante jamais resiste a tentações.
Exemplo claro do que fica acima dito nos é dado pelo agreste Sr. Tom Carneiro, cujo deslutre é de prístino conhecimento dos leitores deste Sopa de Tamanco. Guiado por sua obtusidade verdadeiramente cavalar, eis que agora o papalvo pretende-se esteio de certa campanha contra a utilização da expressão “o óculos”, como se fora ela grave índice da mediocridade pátria.
Ante parvoíce de tal monta, é inevitável que acorram a alguém minimamente instruído os famosos versos medievais da Festa dos Asnos:
Orientis partibus
Adventavit Asinus
Pulcher et fortissimus
Sarcinis aptissimus.
Hez, Sire Asnes, car chantez,
Belle bouche rechignez
(Traduzo livremente para incultos, quadrúpedes e parentes afins do Sr. Carneiro em geral, que certamente desconhecem, além do português, o francês e o latim: “Do Oriente vem o asno, belo e bravíssimo, próprio para suportar cargas. Levantai, Sr. Asno, e cantai. Abri vossa bela boca!”)
Afinal, a preocupação estéril com expressões consagradas pela ignávia da plebe, de que o próprio Sr. Carneiro faz parte, denota, quando menos, ser o indivíduo que a expõe portador de uma profunda nostalgia de galhos de árvores e refeições replenas de raízes e folhas.
Que esperar, no entanto, de uma mente de operário, vil trabalhador manual da escrita, cuja capacidade imagética é a mesma alcançada por uma lesma vítima de trepanação?
Ora, faça-nos um favor, Sr. Asno: vá alfabetizar-se ou corra até a esquina, ver se lá estou, a ler o meu Nietzsche no original. Mas, show a little respect e nos desobrigue de vosso relinchar, sim?
Exemplo claro do que fica acima dito nos é dado pelo agreste Sr. Tom Carneiro, cujo deslutre é de prístino conhecimento dos leitores deste Sopa de Tamanco. Guiado por sua obtusidade verdadeiramente cavalar, eis que agora o papalvo pretende-se esteio de certa campanha contra a utilização da expressão “o óculos”, como se fora ela grave índice da mediocridade pátria.
Ante parvoíce de tal monta, é inevitável que acorram a alguém minimamente instruído os famosos versos medievais da Festa dos Asnos:
Orientis partibus
Adventavit Asinus
Pulcher et fortissimus
Sarcinis aptissimus.
Hez, Sire Asnes, car chantez,
Belle bouche rechignez
(Traduzo livremente para incultos, quadrúpedes e parentes afins do Sr. Carneiro em geral, que certamente desconhecem, além do português, o francês e o latim: “Do Oriente vem o asno, belo e bravíssimo, próprio para suportar cargas. Levantai, Sr. Asno, e cantai. Abri vossa bela boca!”)
Afinal, a preocupação estéril com expressões consagradas pela ignávia da plebe, de que o próprio Sr. Carneiro faz parte, denota, quando menos, ser o indivíduo que a expõe portador de uma profunda nostalgia de galhos de árvores e refeições replenas de raízes e folhas.
Que esperar, no entanto, de uma mente de operário, vil trabalhador manual da escrita, cuja capacidade imagética é a mesma alcançada por uma lesma vítima de trepanação?
Ora, faça-nos um favor, Sr. Asno: vá alfabetizar-se ou corra até a esquina, ver se lá estou, a ler o meu Nietzsche no original. Mas, show a little respect e nos desobrigue de vosso relinchar, sim?
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Nicomar Lael