15 de janeiro de 2009

IN MEMORIAM

Planta baixa do Estádio do Maracanã, com todos os caminhos – invisíveis alguns –que levavam ao gol de Barbosa.


Horas depois do jogo, Obdulio Varela correu a noite carioca. Envergando um terno sóbrio (na época não existia o verbo "vestir"), tropeçava aqui e acolá num bêbedo (ainda não tinham inventado o bêbado) que lambia o meio-fio. Parou no Bar Brasil. O bar estava cheio. O bar estava vazio. Mas havia quem vagasse entre as cadeiras como quem procurasse um relógio ainda não inventado. E sem atinar o porquê da busca.

Como recebera o bicho adiantado, el gran capitán pagou uma rodada para todos. Não sem antes pedir licença – para evitar qualquer mal-entendido. Não houve brinde, não houve briga, não houve... O que houve? Não se sabe. Mas consta um garçom, patrício del negro jefe, ter ouvido o que Obdulio balbuciou ao deixar a casa: "Mundo perro." Teria derramado uma lágrima que lhe correu o peito por dentro. Mas sorriu. E um céu cor de tecido se abriu para ele na noite da Lapa.