Antonio Canova, Eros et Psyché, 1792
O MUSEU DE ARTE MODERNA DO RIO DECIDIU PRORROGAR ATÉ 22 DE MARÇO A EXPOSIÇÃO DO ARTISTA PLÁSTICO VIK MUNIZ. DIANTE DISSO, O SOPA DE TAMANCO RESOLVE PUBLICAR PÁGINA DO DIÁRIO DE VIAGEM DO PINTOR RONALDO DO REGO MACEDO. A IMAGEM QUE ILUSTRA O POST É SUGESTÃO DO PINTOR.
O que é o poder da mídia, a força do mercado nesses tempos de descaminho!
Estive no MAM, onde fui ver a exposição de Vik Muniz. O museu estava cheio como poucas vezes acontece; o público, encantado, excitado por identificar os detalhes das obras. Mas a exposição é tremendamente monótona, enfadonha mesmo. Uma grande hipérbole fotográfica, uma piada que se repete, que se repete, se repete.
A construção das imagens, a produção das cenas são explicadas em detalhes: aqui, um desenho do Drácula de chocolate serve de modelo; ao lado, uma Marilyn de diamantes é o modelo da foto. Tudo é simulacro: o real esvaziou-se de realidade, passou a ser editado fotograficamente. Hipereditado, no Cybachrome da Kodak. O real foi completamente excluído. Ao mesmo tempo, todas as imagens fotográficas são facilmente reconhecidas: uma catedral de Monet, sua Japonesa, a Medusa de Caravaggio, uma paisagem de Nova Iorque, outra do Rio, trabalhadores num lixão para dar o tom social, retratos de Liz Taylor, Frankenstein, Santo Antônio, essas coisas.
É uma exposição espetacular. E fácil. Rasa. Lisa como uma folha de plástico, onde o artista passa ao lugar de diretor de arte competentíssimo e estratégico. O público, que inclui escolares, adora. Senhoras distintas que conhecem Louvres, MOMAs e Beaubourgs deliram com fina discrição. Tudo é facilmente reconhecido, perversamente vazio, sem alma, perfeitamente pós-moderno.
Vale a pena. Se você, prezado leitor, ainda não viu, não perca. Corra; a exposição está nos últimos dias. Depois, você nunca mais vai precisar ver de novo. Nunca mais.
O MUSEU DE ARTE MODERNA DO RIO DECIDIU PRORROGAR ATÉ 22 DE MARÇO A EXPOSIÇÃO DO ARTISTA PLÁSTICO VIK MUNIZ. DIANTE DISSO, O SOPA DE TAMANCO RESOLVE PUBLICAR PÁGINA DO DIÁRIO DE VIAGEM DO PINTOR RONALDO DO REGO MACEDO. A IMAGEM QUE ILUSTRA O POST É SUGESTÃO DO PINTOR.
O que é o poder da mídia, a força do mercado nesses tempos de descaminho!
Estive no MAM, onde fui ver a exposição de Vik Muniz. O museu estava cheio como poucas vezes acontece; o público, encantado, excitado por identificar os detalhes das obras. Mas a exposição é tremendamente monótona, enfadonha mesmo. Uma grande hipérbole fotográfica, uma piada que se repete, que se repete, se repete.
A construção das imagens, a produção das cenas são explicadas em detalhes: aqui, um desenho do Drácula de chocolate serve de modelo; ao lado, uma Marilyn de diamantes é o modelo da foto. Tudo é simulacro: o real esvaziou-se de realidade, passou a ser editado fotograficamente. Hipereditado, no Cybachrome da Kodak. O real foi completamente excluído. Ao mesmo tempo, todas as imagens fotográficas são facilmente reconhecidas: uma catedral de Monet, sua Japonesa, a Medusa de Caravaggio, uma paisagem de Nova Iorque, outra do Rio, trabalhadores num lixão para dar o tom social, retratos de Liz Taylor, Frankenstein, Santo Antônio, essas coisas.
É uma exposição espetacular. E fácil. Rasa. Lisa como uma folha de plástico, onde o artista passa ao lugar de diretor de arte competentíssimo e estratégico. O público, que inclui escolares, adora. Senhoras distintas que conhecem Louvres, MOMAs e Beaubourgs deliram com fina discrição. Tudo é facilmente reconhecido, perversamente vazio, sem alma, perfeitamente pós-moderno.
Vale a pena. Se você, prezado leitor, ainda não viu, não perca. Corra; a exposição está nos últimos dias. Depois, você nunca mais vai precisar ver de novo. Nunca mais.