Seis jovens bandidos de alta classe média do Rio de Janeiro espancam uma empregada doméstica num ponto de ônibus. A justificativa para o crime: pensavam que era uma prostituta. A família da moça chora na TV. Os delinqüentes de grife cobrem a cara com camisas que custaram várias notas de cinqüenta. Com uma dignidade que os parlamentares não têm, o pai da moça, que tem o rosto cheio de hematomas, faz um apelo direto aos pais e mães ricos dos jovens bandidos da zona sul: eduquem os seus filhos.
Cenas como essa, repetidamente criminosas e criminosamente repetitivas, são roteiros cotidianos da Estética da Impunidade, mais uma criação genuinamente brasileira. Os pais dos delinqüentes de grife devem se sentir transbordantes de nobre ufania. Afinal, em algum final de tarde da História as almas sebosas venceram e impuseram a agenda da nação-chacina, da qual devemos nos orgulhar.