Do DIA:
Visita gratuita deu nó no trânsito, teve filas enormes e gás de pimenta para dispersar tumulto
Rio - A visita gratuita ontem ao Cristo Redentor teve como saldo o total caos no trânsito da Zona Sul e tumulto gerado por protestos de milhares de pessoas em frente à estação do trenzinho do Corcovado, no Cosme Velho.
Segundo estimativa da PM, mais de 10 mil pessoas foram à estação e cerca de 7,5 mil não conseguiram acesso ao monumento — às 19h, foram distribuídas senhas para os últimos trens, que subiram até as 22h. Apenas cerca de 2.500 pessoas visitaram o Cristo de trem no período da promoção.
Em homenagem à eleição do Cristo como uma das novas Sete Maravilhas do Mundo, o acesso seria gratuito das 16h às 22h — como já havia gente no Cosme Velho desde as 8h, o horário foi antecipado para as 13h. Funcionários da concessionária Trem do Corcovado, administradora da estação e responsável pela promoção, deixaram o local à tarde.
Policiais militares chegaram a usar gás de pimenta para dispersar a multidão formada por famílias de diversas partes do estado e muitas crianças. Centenas de pessoas subiram a pé pelos trilhos do bonde ou de carro. Com a confusão também no monumento, muita gente passou mal e chegou a desmaiar.
À tarde, a fila alcançou três quilômetros. Às 19h, revoltadas porque ficariam de fora da festa, centenas de visitantes ameaçaram invadir a estação, fizeram coros de protesto e exibiram até narizes de palhaço. A PM reagiu com gás de pimenta.
A concessionária Trem do Corcovado não havia solicitado policiamento para o evento. Com o tumulto, 70 policiais do 2º BPM (Botafogo), BPTur e Batalhão de Choque foram deslocados para o local. O Ibama também não fora avisado sobre a promoção, e o chefe do Parque Nacional da Tijuca, Ricardo Calmon, disse que o Instituto vai processar a concessionária por danos ambientais. “As pessoas destruíram o canteiro que havia sido replantado no Cristo. Não poderiam ter permitido esse volume de gente”, disse, afirmando que a concessionária pode ter multa de R$ 50 mil e perder a concessão.
O tenente Coronel Eduardo, do BPTur, também queixou-se do descaso da administração. “Ninguém teve coragem de dizer para o público que às 16h já não havia mais senhas”, disse o tenente, às 21h30, quando muitas pessoas ainda esperavam do lado de fora da estação. “É uma vergonha. Vim de Campo Grande para conhecer o Cristo e agora me mandam ir embora. Os pobre votaram nele e ficaram fora da festa”, queixou-se o pedreiro Álvaro de Melo, com o filho e o sobrinho e usando camiseta do Redentor.