19 de julho de 2007

E línguas como de fogo

Da última fornada da internet:


O acidente com o Airbus da TAM em São Paulo poderá inflamar tensões sociais no Brasil, na avaliação do cientista político Riordan Roett, diretor do Departamento de Estudos Latino-Americanos da Johns Hopkins University, de Washington.
"Este acidente poderá marcar uma virada para a presidência de Lula. Não há dúvidas de que há raiva entre a classe média com o presidente. Uma sensação de crescente frustração entre os que lêem jornal e voam de avião", afirma.


Dos escombros da vaia do Maracanã, sociólogos cuspianos, colunistas e blogueiros (quem lê tanto?) e outros "especialistas" apressaram-se em debitar o poema sonoro na conta da classe média. Agora, brasilianistas predizem que, das chamas de Congonhas, surgirá um médio dragão-leitor de notícias impressas e apreciador de barrinhas diet de bordo para virar o jogo político. Confirmadas as análises e profecias, quando o corpo insepulto da classe média ressuscitar, o que acontecerá? Teremos um processo venezuelano, ou colombiano, periferia francesa? Brasília será cercada pelos listados nas entidades de proteção de crédito? Nada disso. Veremos apenas longas, quilométricas filas: para comprar em prestações um Iphone. Embalada por canções bregas e sertanejas, a classe média clochard será dissecada por capas das revistas semanais ou por teses acadêmicas que tentam higienizar a cloaca nacional.