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Se o Brasil fosse freguês de analista e chegasse a um consultório todo pimpão em busca de um diagnóstico, sairia de lá com um pedaço de papel em que estaria escrito: "Maníaco-Depressivo".
É improvável que exista na cartografia mundial o registro de um país que passe com tanta frequência e com tanta facilidade da euforia à depressão.
Em um momento, esta "república federativa cheia de árvores e de gente dizendo adeus" vai ser o farol que iluminará o Atlântico Sul com raios de originalidade, vitalidade, grandeza, como se fosse um filme épico.
Quarenta e cinco segundos depois, o país é uma republiqueta desqualificada,
um grande equívoco histórico, o refúgio de uma elite branca incurável, um enorme aglomerado de ineficiências, frustrações e promessas adiadas, como se fosse um filme B dirigido por incompetentes e estrelado por canastrões.
Depois de quarenta e cinco segundos de hesitação, cravo a coluna do meio, o que só reforça, em minhas florestas interiores, a impressão de que vivemos todos numa enorme gangorra verde-amarela.