4 de agosto de 2007

UMA MUSA DE NOSSOS DIAS E UM POETA DE DIAS PASSADOS

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— Putz! Terceto dantesco de novo?
— É. Mas não consigo fechar a última estrofe. E você por aí, no meio do mundo!
— Já disse que moro na Zona Leste! Agora, vem cá, por que é que tu não adota o verso livre de uma vez, hein? Seria tão mais simples!
— Não é pra escrever versos livres que eu te pago tão bem!
— Bem? Ha, essa foi boa! Você por acaso sabe quanto custa uma coroa de rosas? E uma túnica como essa? Pra afinar minha lira, você acha que eu pago quanto? E nem tíquete-refeição eu recebo!
— Ah, é? E quanto é que Homero te pagou pra inspirar a “Odisséia”, hein? Ou a “Ilíada”?
— Quem inspirava a poesia épica era Calíope, ignorante. E aquele velho cego era um muquirana, não deve ter pago nada. Coitada, acabou morrendo à míngua.
— Ué, ela não era imortal?
— Era. Até o século XIX. Mas quem é que pode com o pós-modernismo? O pós-modernismo é de matar qualquer um. Até ela.
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(Texto completo aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/08/musa-contempornea.html)