As reações dos militares, milicos em geral, ao ministro vivandeiro da Defesa, Nelson Jobim, poderiam ser encerradas com uma única frase, apropriada ao vozerio do ministro, aquela pronunciada pelo senador Tasso Jereissati, num momento nebuloso entre o crespúsculo do macho e o afloramento primaveril arco-íris: "calma, boneca". Os gays reagiram à frase do senador, porque nela viram uma forma discriminatória, mas eles próprios (e a sociedade civil) poderiam torná-la agora suprapartidária, e usá-la, com alacridade, antropofagicamente, para refrear neuras, chiliques, pitis, nóias, barracos, patologias cívicas, pirações militarizadas, histerias, achaques, idiotia web, fricotes intelectuais, destilação de bílis, frescuras em excesso e, óbvio, os arraigados preconceitos, originários de qualquer segmento.
Um exemplo histórico: o chinês que parou o tanque na Praça da Paz em Pequim, hoje se sabe, disse apenas: "calma, boneca". Quando o presidente Lula falar que "nunca antes neste país", o historiador uspiano diz: "calma,boneca". E quando o banco da família Salles lhe cobrar juros surfistinhas, o correntista tem todo o direito de responder: "calma, boneca". Quando os cansados do Cansei pedirem mais um minuto de silêncio, outros cansados poderão gritar: "calma, bonecas".