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— Tá, tá, tá bom. Faça como quiser, contanto que você diga: “Sucinto, não? Serve de aviso a todas as...”
— “Aviso” com “s” ou com “z”?
— Ai, meu ovo esquerdo! Aviso! Aviso! Sei lá, deve ser com “s”.
— Será que alguém da técnica sabe?
— Não sei, não sei! Olha, quero apenas que você fale “aviso” e acabou-se. Qual é a grande dificuldade?
— Nenhuma. É apenas uma questão de ajuste de tom. Porque você há de entender que um aviso com “z” é uma coisa imponente, categórica, que nos remete diretamente a Ésquilo. Enquanto que no aviso com “s” há um amaneiramento na sonoridade que...
— Já entendi! Tudo bem. Faça como quiser. Aviso com “s”, com “z”, até com “ç”. Agora, pelo amor de Deus, olhe para a câmera e diga: “Sucinto, não? Serve de aviso a todas as mulheres que não admitem perder...”
— Com “i”?
— O quê?
— O “admitem”. Devo omitir o “i”, deixá-lo mudo, à maneira de um Gil Vicente, ou pronunciá-lo amortecido e adocicado, abrasileirando o som?
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(Texto completo, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/02/ator-de-comercial.html)