Marconi Leal, imigrante nordestino que veio parar em São Paulo num clássico pau-de-arara pelo qual é apaixonado até hoje, vive tirando sarro de mim só porque, certa vez, eu confidenciei a ele que gostava de beisebol.
Como a aprovação do amigo é importante para mim, desde que ouvi sua histérica risada, seguida por fios de baba branca que mais parecia suco de mandacaru, desde então fiquei ressabiado de mim mesmo, me negando a ver tanto beisebol quanto futebol.
Até ontem.
Na academia, não a de Aristóteles, e sim a outra, do meu professor japa chamado William que diz que eu preciso fazer exercícios neuromusculares para fortalecer o cérebro (que ele diz célebro), morrendo em cima de uma máquina de tortura chamada transport, comecei a assistir... beisebol. Jogo divertido à beça, reconheci, com uma pitada de orgulho por ter confirmada minha superioridade sobre meu amigo recifense.
Voltei para casa alegre e saltitante feito uma gazela muito macha, coloquei minha cueca mais suja, me sentei no sofá, dei um tapa na bunda da mulher e a obriguei a trazer uma lata de cerveja (que ela me serviu num copo de cosmopolitan) e finalmente liguei a TV para assistir àquela que todos estavam considerando a Partida do Século: o amistoso entre Brasil e México.
Então isso é futebol, me perguntei?
Esporte para brutos e broncos. Não há contas a serem feitas. Nenhuma raciocício mais elaborado, nenhum cálculo exato da direção do vento, da velocidade da bola, do impacto da bola no bastão, etc. Estas coisas que fazem do beisebol um esporte para intelectuais, enquanto o futebol, bem, o Náutico e o Sport estão na primeira divisão do campeonato - precisa dizer mais?
Meu amigo Marconi Leal (que Deus o tenha!) que me desculpe, mas futebol é muuuuuito chato. Prefiro mil vezes um campeonato de polichinelo.