30 de setembro de 2007

TONI MARQUES, O ZELOSO

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(Direito de resposta concedido ao Sr. Marconi Leal pelo Exmo. Sr. Juiz da Primeira Vara de Pau Grande, o Sr. Dr. Pinto Longuino, de acordo com a Lei 25cm/2007)
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Diz o vulgo, apreciador de termos chulos, que a inveja é uma merda. Quanto a mim, não gosto de turpilóquios. O máximo que me permito em termos de pornofonia é falar César Maia três vezes e, ainda assim, em voz baixa, quando estou sozinho. Em suma, acho palavrão coisa de veado ou filho da puta escroto.

No entanto, não poderia me furtar de vir a público neste momento para dizer que a inveja é muito pior do que merda, senhores. Afinal, como todos sabem e o Gerald Thomas está aí para provar, merda não sabe escrever. Porém, movida por perfídias, infâmias, mentiras e diversos outros pleonasmos que uma consulta a um dicionário de sinônimos e termos afins poderia ajudar a listar aqui, a inveja é capaz de publicar vergonhosas inverdades, belazes blasfêmias e outras aliterações de igual poder destrutivo e semelhante gosto duvidoso.

Não me refiro a outra coisa senão ao post insidioso que o sr. Toni Marques escreveu ontem, no claro e proditor intuito de alvejar minha honra.

Ora, antes de mais nada, quero deixar bem claro que, conhecendo o preconceito dos cariocas contra paraíbas, mormente os baianos vindos de São Paulo e nascidos no Recife, e sabendo que visitaria o Leblon na noite da terça-feira última, me travesti de Carmem Miranda sim, mas com a evidente intenção de usar dos costumes locais, na vã tentativa de passar por um nativo. Já dizia o filósofo setecentista Vincent Matheus: “Em Roma, como os romenos”.

O que o sr. Toni Marques não diz, no entanto, é do ciúme doentio que nutre por Geneton Moraes Neto e da vida nababesca, de orgias e despudores, que leva na antiga capital da República.

Para começo de conversa, assim que entrei na Vênus Platinada ao lado do Mito, o sr. Toni Marques, doravante cognominado “o Zeloso”, parou imediatamente de dar tapinhas nas bundas das estagiárias (eis que o impudico, com a vida mansa que os anos de especulação da era Collor e um caso passageiro com Zélia Cardoso de Mello lhe proporcionaram, não precisando trabalhar, diverte-se o dia inteiro a assediar as aspirantes a jornalistas globais) e me lançou olhares rancorosos. Ficou tão tenso ao me ver em companhia de Geneton Moraes Neto que, ao ser apresentado a mim, cometeu um ato falho. Em vez do nome, disse:

— Dorme o sol à flor do Chico, meio-dia. Prazer.

A devoção do sr. Toni Marques ao Mito é tal que chegou ao cúmulo de doar os próprios cabelos a ele. Sim, senhores, creiam-me: a barba de Geneton Moraes Neto nada mais é do que um implante dos pêlos da cabeça do Zeloso.

Isso, quanto ao ciúme. No que tange à vida nababesca de outstanding representante de nossa elite irresponsável, basta dizer que o sr. Toni Marques, em cujo coche particular fomos ao já alhures citado Alvaro’s, mantém a sua disposição vassalos de libré e perucas importadas de Versalhes — segundo consta, o preço das mesmas são de fazer um rei perder a cabeça. Ele próprio cultiva um bigodinho à Luís XIV e usa anéis de ouro em tal profusão que fariam a alíquota do quinto parecer a da CPMF.

Na famosa noite em que fomos ao Alvaro’s, vestido de seda marroquina dos pés à cabeça e acendendo cigarros búlgaros em notas de euro, enquanto chupitava seu absinto com um torrão de açúcar derretido por uma pedra de gelo sobre uma colher perfurada, fazia de um dos escravos supedâneo e distribuía, entre um gole e outro, jatos de urina pelos pés dos garçons.

Dono de uma erudição maior que a de Paulo Francis ou, se quiserem, de um Paulo Francis que checasse as citações antes de publicá-las, o sr. Toni Marques passou a noite inteira declamando Baudelaire, Blake, Pushkin e Lorca, de memória e no original, estendendo o copo para o alto, com o olhar perdido no infinito, voz de barítono e coçando o saco com a mão livre, posto que seu hedonismo o fez contrair chatos de tal envergadura como só se vira antes na Idade da Pedra.

Minto mais, digo, muito mais ainda poderia declarar sobre a nefasta figura do sr. Toni Marques. Mas me calo por respeito. Por isso e também porque ele me deu uma grana, além de informações privilegiadas sobre a Bolsa.

Caso duvidem da minha versão, perguntem ao Mito. E ele próprio, imácula temunha ocular da história que é, poderá confirmá-la.