Sou insuspeito para falar. Tenho simpatia pelos dois lados em guerra.
Eu me lembro de que desde os anos setenta lia Fausto Wolff nas páginas do Pasquim. Sempre gostei. Nem faz tanto tempo, fui surpreendido com uma referência super-generosa que o próprio Fausto Wolff fez ao locutor-que-vos-fala numa entrevista em que tratava de jornalismo. Descobri há pouco o formidável talento de Marconi Leal como autor de textos de humor. Não é um gênero nada fácil. Basta ver o resultado catastrófico de textos pretensamente engraçadinhos cometidos por jornalistas ( quem me chamou a atenção para o show de bola de Mr. Leal num recanto da Internet foi o co-tamanqueiro Toni Marques, desbravador atentíssimo dos mares virtuais).
A história toda da publicação de um texto de Marconi Leal numa coluna assinada por Fausto Wolff no Jornal do Brasil parece que chegou a um desfecho nesta quarta-feira. Fausto Wolff fez um pedido de desculpas público, no Caderno B.
Quero ser cem por cento sincero: acho que o pedido de desculpas ficou abaixo do tamanho da presepada cometida.
O pedido de desculpas deveria ter sido mais explícito, mais cristalino, mais indiscutível, mais irrevogável, mais direto, mais estrondoso, mais indubitável. Deveria estar logo na primeira linha do primeiro parágrafo, em negrito, com letras maiúsculas.
É difícil pedir desculpas. É dificílimo aceitar. É um gesto que transita entre ressentimentos, raiva e mágoa. Páro por aqui, para não soar como autor daqueles textos que a gente lê em revistas na sala de espera do dentista, enquanto ouve, ameaçador, o ruído da broca invadindo o esmalte do coitado que nos precedeu no cadafalso.
Justamente porque é tão difícil, o pedido de desculpas precisa ser claríssimo. Como diria Alex, o personagem genial de "A Laranja Mecânica", claro como um lago límpido num dia de verão, Sir.