"Desculpas especialíssimas ao Marconi Leal, na esperança de não ter piorado muito a sua obra, mas, se o fiz, foi por crer que se tratasse de uma piada de domínio público ou de autoria de outrem."
Nasce mais um clássico da crônica policial de São Sebanistão: o Texto Perdido.
E, conseqüentemente, surge o Movimento das Vítimas do Texto Perdido.
- Soube da Marcinha não? Levou um texto perdido no meio dos cornos! Em plena luz do dia!
- Onde? Onde?
- Cinelândia. Saindo do Odeon, olha só que ironia...
- Ela tá bem?
- Os médicos não acharam nada, mas o que ela tomou foi um soneto pesado, inspirado no funk de favela, cheio de métrica quebrada, onomatopéias, palavrões, uma loucura.
- Tem certeza de que não foi aquele jovem poeta, o da ONG de literatura? Tal de ADA, né?, Amigos dos Artigos... Ele andou se engraçando com ela...
- Já chequei. O jovem poeta descolou um patrocínio da Petrobras pra levar poesia contemporânea brasileira às periferias de Caracas. Tá fora.
- Bom, então o culpado vai passar batido. Com a quantidade de gente sensível que freqüenta o Odeon... Como é que tá a cabeça dela?
- Tá abatida, vendo TV a cabo o tempo todo pra ver ser a cabeça desincha.
- Que coisa. Vítima da literatura marginal, logo a Marcinha...
- Assim que ela ficar boa, a gente vai armar um lance legal pra marcar posição contra essa violência literária toda. Tipo abraçar a Academia Brasileira de Letras ou a Biblioteca Nacional, não sei.