11 de outubro de 2007

POEMA À MODA DO BOCA DO INFERNO

Contam que o rei era mui belo
Não 'tou aqui para negar
Bela era a escrava Agar
De quem Abrão chupou o... selo.
Porém, Abrão não pôde dar
O que em Azot o nosso Deus
Sangrou dos pobres filisteus.
Perdoem-me se eu aqui trelo.

Tanto Jonatas como Golias
Perderam, rápido, as cabeças
— aquele primeiro, às avessas —
Pelo rei Davi, naqueles dias.
Melhor dirá o que não tropeça:
“Antes no alto da cruz me pregas
Do que perco minhas lindas homógrafas”.
Dou adeus a quem nisso porfia.

No entanto, de novo cá eu volto
Ao assunto, apenas mais um instante.
Como alhures dizia a cartomante:
“O futuro, amigo, não é solto”.
Nisso não entra culpa do amante.
Ora, se de Davi o ser amado
Se acha neste sodomítico estado
É, sim, por ter um nome allegro molto.

(Mais, aqui)