Sou capaz de citar de memória a escalação completa do time do Sport Clube do Recife de 1968: Miltão; Baixa, Bibiu, Gílson e Altair: Válter e Vadinho; Dema, Zezinho, Acelino e Fernando Lima.
Faz quase quarenta anos que tento encontrar algum uso para esta lista de nomes.
Não encontrei até agora.
Nunca apareceu a chance de ir a um programa de televisão para responder à pergunta fatal que me daria um milhão de reais em prêmio: quem era o ponta-esquerda do time do Sport que ganhou o Nordestão de 1968 ?
Eu diria, depois de uma pausa dramática de quinze segundos: "Fernando Lima!".
O apresentador exclamaria: "Absolutamente certo!!!".
Com o dinheiro do prêmio, eu iria morar numa casa de quarto e sala na zona rural de Santa Maria da Boa Vista, sem celular e, principalmente, sem televisão. Lá, passaria o resto dos anos à espera de uma visita da Charlotte Rampling dos anos setenta, miraculosamente rediviva.
Charlotte não apareceria, é claro. O dinheiro um dia iria se acabar.
E eu teria de me inscrever de novo num programa de perguntas-e-respostas,em que um apresentador faria a pergunta fatal:
quem era o médio-volante do time do Náutico que foi vice-campeão da Taça Brasil de 1967 ?
Depois de dezoito segundos de pausa, eu diria : "Rafael!".
O apresentador diria: "Absolutamente certo!".
E começaria tudo de novo.