O Sopa de Tamanco corre o risco de se transformar num grande muro das lamentações sobre a estupidez alheia.
(aliás, por que não ?)
O abaixo assinado acaba de ser vítima do mais espetacular caso de ignorância já registrado num atendimento telefônico de um banco.
A atendente do Banco Brasil faz as perguntas de praxe, em nome da "segurança" do cliente.
Lá pelas tantas, interrompe o atendimento. Diz que tenho de ir à agência. "Há um dado que não coincide com o cadastro".
Uma dúvida assola este pobre cliente: que erro tão absurdo eu terei cometido ? Terei me esquecido do meu nome ? Terei dado o número de telefone errado ? Terei confundido o nome da minha mãe ?
Peço que a atendente me informe qual foi o meu erro. Mas ela insiste: terei de "comparecer pessoalmente" a uma agência.
Compareço. Perco uma hora do meu tempo.
O gerente acessa o registro do atendimento feito por telefone.
E eis que se materializa diante de nossos olhos incrédulos um dos mais formidáveis casos de jumentalidade(*) já cometidos por uma atendente:
lá, ela informa que o atendimento tinha sido interrompido porque eu informei que tinha nascido "do Recife". Mas, no cadastro, consta que eu tinha nascido "em Pernambuco".
Ou seja: a distinta anta acha que existe uma cidade chamada Recife e outra chamada Pernambuco.
Nem desconfia de que quem nasce no Recife nasce, "automaticamente", em Pernambuco!
Célere, ela interrompeu o atendimento.
Não pude fazer a operação bancária por telefone simplesmente porque a cavalgadura acha que Recife é uma coisa; Pernambuco é outra, completamente diferente.
A bem da verdade, devo dizer que notei uma sombra de constrangimento no olhar do gerente que me atendeu pessoalmente: ele também ficou espantado ao descobrir que um atendimento telefônico fora interrompido porque uma funcionária achou que "Pernambuco" era o nome de uma cidade e "Recife" de outra.
Agora, quando precisar do atendimento telefônico, passarei a relinchar assim que ouvir o "alô" do outro lado.
Somente assim serei perfeitamente compreendido.
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(*) Aos não familiarizados com o reino animal: "jumentalidade" é uma gradação da "cavalice". A diferença é que a cavalice em geral vem acompanhada de maus modos.
Já a jumentalidade é uma demonstração escandalosa de ignorância: pode ser exercida da maneira mais suave possível, como é o caso da atendente que tomou providências urgentes porque achava que Recife não fica em Pernambuco.