22 de janeiro de 2009

ERRO DE DIGITAÇÃO ACONTECE NAS MELHORES FAMÍLIAS E NOS PIORES BLOGS: "SOU INOCENTE", GRITA O REDATOR, ENQUANTO É LEVADO PARA O CADAFALSO

Uma leitora do blog de Nelson Vasconcelos no Globo on Line aponta um erro cometido num post do Sopa de Tamanco que listava, justamente, jumentalidades cometidas por jornalistas ignorantes.

Ou seja: parecia ser o caso de sujo falando de mal lavado.

Mas não!

Dessa vez, o que aconteceu foi puramente um erro de digitação.

É facílimo checar: em posts anteriores, a palavra tinha sido escrita corretamente inúmeras vezes. O Sopa de Tamanco não seria capaz de confundir "vos" com "voz".

Se confundisse, a redação desabaria. O autor do absurdo seria expulso do ambiente a chicotadas, sob aplausos. Nosso chefe imaginário aparecia na porta com um cinturão de balas pendurado nos dentes, duas bombas na mão esquerda e uma metralhadora giratória na direita.

Fuzilaria, sem piedade, o autor de tal absurdo, se o absurdo tivesse sido cometido. Mas não foi.

Tudo não passou de um tropeço involuntário - apenas um "z" digitado no lugar do "s" - na longa, árdua, terrível, acidentada e infinita batalha contra o Festival de Jumentalidades que Assola o País.

Aqui, ninguém diz "sombrancelha" nem "o óculos".

O último que disse foi imolado diante dos colegas: teve de engolir, página por página, um exemplar inteiro do Dicionário Houaiss, até tombar, inerte, vítima de indigestão tipográfica.

Quando nosso chefe descobriu que a vítima do castigo não fazia parte do exército de combatentes do Sopa de Tamanco (era apenas um contínuo que veio perguntar se alguém queria comprar "um óculos de sol"), era tarde. O castigo já tinha sido, injustamente, aplicado. Como consolo, o chefe providenciou uma cremação de luxo para o contínuo. A solenidade foi abrilhantada por um idiota tocando músicas de Roberto Carlos ao piano. Inesquecível.

O sacrifício de um inocente é sempre motivo de justa lamentação. Mas, como nem tudo se perde, a redação do Sopa de Tamanco guardará, por toda a eternidade, a lição e o exemplo: é assim que nosso chefe trata os que tratam o idioma pátrio a pontapés.

Nossa redação aprendeu, ali, que um país se faz com homens e livros - pouco importa que sejam homens inocentes devorando livros indigestos como castigo.

Assim, a atenta leitora do blog do nosso colega Vasconcelos pode ficar tranquila: tudo não passou de um lamentável - se bem que banal e compreensível - erro de digitação.

Como disse um javali dez segundos antes de ser devorado por um tigre gigantesco num daqueles documentários do National Geographic : a luta continua.