8 de fevereiro de 2009

O DIA EM QUE MINHA JAQUETA DE COURO IMAGINÁRIA DESAPARECEU PARA DAR LUGAR A UMA TÚNICA BRANCA

Do blog do multitalento Fernando Ceylão:
( texto completo em http://bloglog.globo.com/fernandoceylao )


Sexualmente nula, foi assim a minha primeira vez. Conversamos por trinta e sete minutos. E ao final, ela disse que eu era muito educado. Esse elogio fez a minha jaqueta de couro imaginária desaparecer e dar lugar a uma túnica branca. Ouvir alguém dizer que você é educado depois de fazer sexo é péssimo. Voltei pra casa me sentindo uma dama. Eu demoraria pra entender que a vitalidade de primeira é pra poucos.

Eu nunca consegui fazer sexo sem pensar naquela lente de contato colorida. Sempre, sempre lembro dela. Da cor. Do efeito que ela causava, dando um caráter velado e sem brilho pro olhar da prostituta tijucana. Naquela noite eu e a linda virgem combinamos o programa que nos era permitido pela mãe castradora, ir ao cinema. “Como água para Chocolate” havia saído de cartaz. Fomos ver “Perfume de Mulher”. E eu não perdi um só minuto do filme do Al Pacino cego e ganhador do Oscar. Eu não precisava mais abandonar o amor pelos filmes na batalha pelo amor proibido. Ao sair do cinema, imitava um dos meus maiores ídolos de todos os tempos.

- Whoo-ah.

E eu era feliz.