Compareço diante deste tribunal para perguntar solenemente o seguinte: alguém na platéia por acaso conhece algum ser vivente que seja tão pretensioso quanto um publicitário? A resposta virá num uníssono capaz de abalar uma parede de dois metros de espessura : "Não!".
É óbvio que há publicitários que sabem perfeitamente que tudo o que devem fazer é apenas cometer duas frases engraçadinhas para tentar convencer donas de casa a gastar dinheiro no supermercado (ou jovens idiotizados a comprar o carrão do ano; ou senhores entediados a confiar seus caraminguás ao banco da esquina; ou velhinhas reumáticas a comprar presunto).
Dá no mesmo. Os que sabem certamente não serão pretensiosos ou arrogantes. Tratarão de escrever o trocadilho, desligar o terminal de computador, pegar o elevador e ir tomar uma dose de uísque numa "happy hour" no centro da cidade (arhg!!!).
Mas há séculos a pretensão descabida desses trocadilhistas me causa urticária, provoca reviravoltas no estômago, me tira quatro minutos e meio de sono a cada dez anos.
Sejam estupidamente sinceros: alguém já viu algo tão patético quanto publicitários que tentam dar ar de coisa séria às pecinhas que criam para jornais,rádios, TVs e outdoors ? Por que diabos precisam posar de gênios? Por que querem nos fazer crer que um filminho pretensamente engraçado de trinta segundos é uma obra de arte capaz de estufar de orgulho os peitos da cultura ocidental?