A "casa caiu" definitivamente quando este locutor que vos fala foi convidado a participar de uma semana de comunicação. Procurei um lugar na platéia. Com certeza, iria aprender lições que me seriam úteis para o resto da vida. Mas - desastre! - o que vi, meu Senhor do Bonfim? O publicitário - que,obviamente, envergava uma camisetinha preta bem justa - passou uma hora discorrendo sobre a arte de vender produtos e serviços ao distinto público.
Fez pelo menos uma piadinha de péssimo gosto: disse que a filmagem numa piscina poderia enfrentar problemas se a modelo ficasse mesntruada. Risos constrangidos. Lá pelas tantas, exibe um comercial. O que era aquilo? Uma tartatuga desenhada digitalmente fazia embaixada com a bola, para me convencer a beber uma cerveja gelada. Nem me lembro se era embaixada. Devia ser. O comercial foi exibido como se fosse o supra-sumo da criatividade universal.
De novo, soprei para os cinco botões de minha camisa a expressão de horror de Jacqueline Kennedy em Dallas: "Oh,no !" ( aos que perderam o início do filme: o expressão de horror foi pronunciada por Jaqueline Kennedy ao catar pedaços do cérebro do marido, despedaçado pelas balas de Lee Oswald, na sexta-feira, 22 de novembro de 1963, em Dallas, Texas)
Vou cair no lugar comum se disser que - obviamente - há as exceções de praxe: nem todo publicitário carrega nos ombros uma tonelada de pretensão descabida, nem todo publicitário passa oito horas por dia procurando um trocadilho infame, nem todo publicitário quer que o planeta acredite que suas pecinhas sobre bancos,margarinas e cervejas são obras de arte primorosas.
Vou ser cruelmente sincero: que eles saibam que estes rompantes pretensiosos provocam apenas crises incontroláveis de riso em quem sabe medir o tamanho das coisas.
Que continuem cobrando fortunas dolarizadas para imaginar uma tartaruga fazendo embaixadinha com uma bola.
Mas, em nome das capelas do Vaticano, em nome das mesquitas de Meca, em nome das sinagogas de Tel-Aviv, por favor, não queiram nunca, jamais, em tempo algum, fazer com que nós, consumidores indefesos, sejamos cúmplices do Festival de Imposturas Publicitárias.
( A tartaruguinha fazendo embaixada, obviamente, é só um exemplo entre milhares. Mas ilustra uma situação : é um acinte querer nos convencer de que um filmeco publicitário de uma tartaruga fazendo embaixada é o máximo. A constatação vale para a voz doce do locutor nos vendendo presunto. Ou para a imagem de velhinhos dançando e jogando travesseiros uns nos outros, num anúncio de banco. O que era aquilo?).
Fica definitivamente combinado: palestra de publicitário sobre tartaruguinha fazendo embaixada?
Eu estou fora, tu estás fora, ele está fora, nós estamos fora, vós estais fora, eles estão fora. Já paguei, já pagamos nossos pecados.
Próxima impostura, por favor.