17 de junho de 2007

A Ontologia do Orelha

Nossos políticos são canastrões. Nossos artistas são canastrões. Logo nossos políticos são artistas.

Assim, o nosso querido Brasil só teria a ganhar se nossos políticos se comportassem como personagens de telenovelas.

Porque a progressão do enredo das telenovelas depende do Orelha.

O Orelha é o personagem cuja única função é se preocupar com atos e palavras de um personagem de destaque. O Orelha é mais preocupado que a própria mãe do personagem de destaque. É um policial dos sentimentos, um ombudsman emocional, um auditor cardíaco. Fica indignado diante de prováveis maus passos do personagem de destaque. Sofre genuinamente. Não pensa em outra coisa. É um neurótico participativo.

Seu altruísmo vazio deveria ser aproveitado pela política do nosso querido Brasil.

Os Renans da vida, se tivessem um Orelha de telenovela, seriam preservados do vexame de fornecer 40 explicações seqüenciadas para uma pulada de muro custosa. O Orelha o teria impedido de pular o muro ou, ao menos, de pagar pensão em envelopes.