Alegre e feliz, o povo brasileiro é, acacianamente, um dos mais criativos do mundo. Um país extremamente divertido. O que mais impressiona é essa capacidade inesgotável de gerar e se superar na esbórnia e na bordelização da vida. A toda hora, numa competição irrefreável, os tipos vão surgindo, pontificando, dando brilho fugaz à obtusidade nacional, e desaparecendo no imaginário coletivo, com a mesma velocidade em que processaram a autogênese.
A lista dos tipos é extensa, biodiversificada e quase imemorial: as senhoras de Santana, os fiscais de Sarney, os candangos de JK, os legalistas de Brizola, os Meninos de Deus, os vassouras de Jânio, as viúvas de quartel, o clube dos cafajestes, os anões do orçamento, os republicanos de Alagoas, o povo de João de Deus, os meninos cantores de São Caetano, os campeões morais, as paquitas de Xuxa, as cassandras de Geisel, os "soldados" do tráfico, os aloprados, o irmão lambari, o banana de pijama. E, agora, para completar nossa tragichanchada, já se anuncia para todo o país a "Menina Pastora", uma pregadora evangélica de 13 anos, cujos sermões já rolam no YouTube e nas comunidades do Orkut.
É por isso que o Brasil é o único lugar do mundo em que chargista tem pleno emprego e humorista não fica no prego.