16 de junho de 2007

ORAÇÃO À NOSSA SENHORA DO PERPÉTUO ESPANTO



É hora do Ângelus. Um sopro místico envolve a redação do Sopa de Tamanco.

Espalhados pelo país, os blogueiros depõem suas armas por quinze minutos, declaram unilateralmente um armistício na guerra inútil e sem fim contra as imposturas e enviam aos céus suas preces.

Olho para o horizonte. Tento enxergar sinais de Nossa Senhora do Espanto, nossa padroeira extra-oficial. Debalde.

Ainda assim, pergunto a ela num sussurro, só audível pelos meus botões:

"Nossa Senhora do Perpétuo Espanto, dizei: o que leva senadores da República a fazerem diante de milhões de brasileiros o papel de palhaços de uma comédia de erros ? O que leva um ser humano a desfilar na rua de bandana ? O que leva uma perua idiotizada a empanturrar os peitos de silicone? O que leva um ser bípede, implume e falante a posar para revistas de celebridades dentro de casa, na sala, na cozinha, no quarto ? Que força será esta, Nossa Senhora do Perpétuo Espanto? Dizei! Dizei a este servo: Que força será esta? ".

Contemplo o horizonte, à espera de um sinal.

A resposta é um silêncio de rachar os tímpanos.

Mas não desisto.

Nossa Senhora do Perpétuo Espanto deve ter dado uma saída.

Mas um dia voltará para nos responder.