20 de junho de 2007

Por um Brasil menos brasileiro

Vem aí o Dia do Soldado. Não por acaso é comemorado em agosto. Deve ser pela proximidade da efeméride de caserna que o coronel Jarbas Passarinho, signatário do AI-5, bateu forte (Correio Braziliense, ontem) em "manos" stalinistas da História recente do país (Prestes, Marighella, Lamarca). Sobrou também umas bodurnadas para o ex-marxista Fernando Henrique Cardoso, nosso zumbi palestrante. Quando se lê o artigo de Passarinho, os brasileiros, à maneira do coronel que mandou "às favas, os escrúpulos", sentem vontade de imaginar um Brasil menos brasileiro.

Como seria? Para começar seria decretado o fim do serviço militar obrigatório. Os Estados Unidos, maior potência militar do Planeta, quando entram numa guerra, contratam mercenários, colocam uma farda neles e mandam ocupar poços de petróleo. Os hispânicos, a soldo de um punhado de dólares, estão na linha de frente no Iraque enfrentando a turba de turbante de Bin Laden. Enquanto a juventude WASP, descompromissada legalmente com a pátria, está mais interessada em retocar o nariz com o karatê colombiano.

E em caso de guerra? O Brasil convocaria os bolivianos que moram em São Paulo e os "soldados" dos morros cariocas. Eles assistiram aos filmes de Rambo e seriam enviados para as frentes de batalha. Vitória na certa. O segundo passo seria seguir o exemplo da Costa Rica. Próspero, pacifista e há décadas sem exército, os costariquenhos estão mais preocupados em construir resorts para ganhar dinheiro com a babaquice de turistas do mundo inteiro. Vivem bem, e não são condenados a ler artigos sobre bravatas militares, guerras centenárias e corrida armamentista.

Para os jovens que gostariam de se alistar em alguma força ou que pretendam ter experiências exóticas como calçar um coturno e acordar às cinco da manhã para ouvir o toque de Alvorada, o governo providenciaria palestras educativas com psiquiatras. Em casos extremos, o ex-deputado Marcio Moreira Alves (que fim levou?) seria convidado para ensinar-lhes a Dança dos Cadetes. Além das novas gerações não serem punidas com os textos do Coronel Passarinho, o Brasil seria bem menos brasileiro, o que é melhor para todos.