Enquanto assoviamos, distraídos, os fatos conspiram a favor de grandes novidades. Ainda bem!
Exemplo:
A excelente revista inglesa Prospect avisa, na edição de junho, que a morte do livro foi adiada. Calai-vos, carpideiras de Gutemberg! O velório foi transferido para data incerta e não sabida.
A Prospect informa que a) as vendas dos livros estão crescendo ; b) o que vai mudar, inevitavelmente, é a maneira de imprimir e vender livros; c ) em breve, o modelo baseado em impressão-distribuição-exposição-devolução de exemplares não vendidos irá para o espaço.
O que vem por aí:
"A tecnologia de impressão por encomenda atingirá em breve um tal nível de excelência que tornará possível, aos leitores, comprar livros que serão especialmente impressos para eles, em questão de minutos, na própria livraria".
Ou seja : o encalhe pode cair a níveis próximos de zero.
Eu não sabia dessa história de livro impresso na hora.
(Toda vez que se espantava diante de alguma novidade, minha avó pronunciava
a palavra mágica: "Vôtis!", adapatação personalíssima do desusado "vôte!".
Meus botões batem palmas para a novidade, enquanto repetem, em coro, a santa palavra: "Vôtis!")
O futuro próximo assistirá ao nascimento de inacreditáveis bancos de "conteúdo digital".
Diz a Prospect : o projeto do Google é, "nada menos do que tornar disponível, nos computadores, TODA A INFORMAÇÃO EXISTENTE NO MUNDO".
"Vôtis!"
Em última instância, informa-nos a Prospect, o Google pretende criar uma biblioteca digital que englobe "TODOS OS LIVROS JÁ PUBLICADOS".
"Vôtis!"
Não é exagero :tudo o que já foi publicado.
O número de títulos escaneados já passa de um milhão.
"Vôtis!"
Em resumo : vocês não viram nada ainda.
O estoque de "vôtis" vai acabar.
(A Prospect não disponibiliza o texto integral dos artigos na Internet. Só para assinantes. Mas, se clicar no ícone, você pode sentir o gosto da revista: )